O fundador, presidente do conselho de administração e CEO global do Nubank, David Vélez, anunciou nessa semana uma decisão importante para os resultados financeiros do banco digital nos próximos anos. Ele suspendeu um contrato de pagamento baseado em ações assinado em 2021.

Essa mudança vai permitir ao banco digital uma aconomia milhonária nos próximos anos. Segundo o documento, se as ações do banco disparassem, Vélez poderia receber até 2% do capital do banco a título de remuneração de longo prazo e retenção, adicionalmente à fatia de cerca de 20% que ele já possui.

Esse contrato foi assinado na ocasião em que o banco realizou sua oferta pública de ações e causou polêmica na época, inclusive, porque ele tinha um valor estimado de US$ 423 milhões a serem reconhecidos entre 2021 e 2029.

Agora, porém, ele não será mais válido. As ações não tiveram a alta necessária para que o CEO recebesse o pagamento, mas de qualquer forma o acionista decidiu abrir mão de recebê-las e, nos próximos anos, US$ 356 milhões serão economizados pela empresa.

Entenda o contrato de 2021

O contrato foi assinado em 22 de novembro de 2021, quando o Nubank concedeu ao CEO o direito de emissão de ações ordinárias correspondentes a 1% do total de papéis da companhia se o preço da ação estivesse entre US$ 18,69 e US$ 35,30; e um número de ações igual a 1% do total de ações em emissão quando o preço do papel for igual ou superior a US$ 35,30 por papel.

O valor justo do Plano de Ações Contingentes de 2021 foi estimado em US$ 423 milhões e ele teria o seguinte cronograma:

Ano Valor (em US$ milhões)
2021 8
2022 70
2023 70
2024 70
2025 70
2026 70
2027 28
2028 28
2029 9
Total 423

Por que Vélez tomou essa decisão?

A decisão foi tomada após os últimos balanços do Nubank terem sido alvo de questionamentos do mercado, em razão de ajustes feitos pela empresa no lucro e relacionado a remunerações em ações a executivos.

Os últimos balanços trimestrais do Nubank mostraram um lucro contábil e um lucro ajustado com um número maior. Isso porque o resultado ajustado sempre desconsiderava remunerações em ações a executivos e os efeitos tributários decorrentes disso.

No terceiro trimestre, porém, foi um pouco diferente. Na conta que inclui a remuneração aos sócios, a empresa teve lucro líquido de US$ 7,8 milhões no terceiro trimestre, deixando para trás um prejuízo de US$ 29,9 milhões anotado em igual período do ano passado.

David Vélez, fundador e CEO do Nubank. Créditos: Divulgação/Nubank
David Vélez, fundador e CEO do Nubank. Créditos: Divulgação/Nubank

No relatório que acompanha o balanço, o próprio David Vélez considerou o resultado como um "breakeven" para a holding, ou seja, quando um negócio passa a dar lucro — uma cobrança antiga do mercado para com a fintech brasileira.

Resultados do Nubank devem melhorar

A expectativa agora é que com essa despesa a menos, os resultados trimestrais do banco apresentem uma grande melhora, especialmente no que se refere ao lucro líquido contábil. O documento destacou ainda que a rescisão do contrato será contabilizado da seguinte forma:

4T22 Débito Crédito
Despesas US$ 356 milhões -
Patrimônio Líquido - US$ 356 milhões

- Veja na íntegra o documento divulgado pelo Nubank, clicando aqui.