As Eleições 2022 foram encerradas nesse domingo, 30 de outubro, após a realização do 2º turno de votações. A partir dela, o Brasil passou a conhecer quem será seu presidente nos próximos quatro anos e também foram definidos os últimos 12 governadores, que não haviam sido eleitos em primeiros turno.

Com 50,83% dos votos, naquela que foi uma das eleições mais apertadas e disputadas, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi eleito. Ele recebeu mais de 60 milhões de votos válidos.

Lula, de 77 anos, é natural de Garanhuns (PE) e concorreu pela coligação Brasil da Esperança (formada por FE Brasil (PT/PCdoB/PV)/Solidariedade/Federação PSOL-Rede/PSB/Agir/Avante/Pros). Ele foi presidente da República entre 2003 e 2010. Atualmente é casado com Rosângela Silva, a Janja, e tem como vice-presidente o médico e ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin.

A realização da eleição foi comemorada por autoridades que destacaram mais uma vez o sistema eleitoral brasileiro como um modelo para todo o resto do mundo. Ao longo do domingo foram registradas algumas ocorrências, como blitz realizadas pela Polícia Rodoviária Federal em algumas localidades do Nordeste e que teriam dificuldado a votação de algumas pesssoas. Ainda assim, o processo foi considedaro um exemplo de democracia.

"Nós conseguimos concluir uma eleição extremamente polarizada, que demonstrou essa polarização no aumento do número de votos em candidatos e numa diferença de aproximadamente 2 milhões e 100 mil votos", avaliou o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Alexandre de Moraes, durante a entrevista coletiva de encerramento do segundo turno do pleito geral. "Esta etapa importantíssima das Eleições de 2022 se encerra com a vitória da democracia, da sociedade, dos eleitores que compareceram", comemorou.

Veja abaixo os números e curiosidades dessa eleição.

Os números da Eleição 2022 - 2º turno

  • Eleitores aptos a votar: 156.454.011
  • Eleitores que compareceram às urnas: 124.252.796 (79,41%)
  • Abstenções: 79,41% (20,359%)
  • Votos válidos: 118.552.353
  • Votos nulos: 3.930.765 (3,16%)
  • Votos em Braco: 1.769.678 (1,43%)
  • Votos em Luiz Inácio Lula da Silva: 60.345.999 (50,9%)
  • Votos em Jair Bolsonaro: 58.206.354 (49,1%)
  • Horário do anúncio: 19h56
  • Seções eleitorais: 472.075
  • Estados que elegeram Lula: 14
  • Estados que elegeram Bolsonaro: 15

Dinheiro investido nas campanhas

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a eleição para a Presidência da República, movimentou R$ 236 milhões. A maior parte do valor está ligado a despesas com publicidade e promoção de conteúdo nas redes sociais.

Os detalhes, porém, ainda serão conhecidos pois os candidatos têm até 1º de novembro para prestar contas do primeiro turno da eleição. Para o segundo, o prazo vai até 29 de novembro, 30 dias após o pleito.

Já se sabe, porém, que Lula fez um investimento de R$ 88,1 milhões na campanha, sendo que R$ 25,9 milhões foram para a empresa que fez a produção audiovisual. Já Bolsonaro investiu R$ 42,4 milhões sendo R$ 110,3 milhões para produção de conteúdo em vídeo.

O que disse Lula em seu discurso?

No primeiro discurso após a vitória nas eleições presidenciais do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) destacou a necessidade de unificação nacional e destacou o combate à fome como seu principal compromisso. "O Brasil é a minha causa e combater a miséria é a causa pela qual vou viver até o fim da minha vida", declarou.

Ele falou em São Paulo em um hotel no Jardins ao lado de correligionários, como a ex-presidente Dilma Rousseff, o candidato derrotado para o governo paulista Fernando Haddad, o seu vice Geraldo Alckmin e Simone Tebet (MDB), que ficou em terceiro lugar no primeiro turno das eleições.

Ele agradeceu aos votos recebidos, parabenizou todos que exerceram o direito ao voto, inclusive os que foram dados a Bolsonaro, como uma prática cidadã e um dever civilizatório.

"A partir de 1° de janeiro de 2023, vou governar para 215 milhões de brasileiras e brasileiros e não apenas para aqueles que votaram em mim. Não existem dois Brasis. Somos um único país, um único povo e uma grande nação", declarou.

Lula disse estar disposto a pacificar o país. "Tenho fé em Deus que com a ajuda do povo nós vamos encontrar uma saída para que esse país volte a viver democraticamente, harmonicamente e que a gente possa restabelecer a paz entre as famílias, entre os divergentes, para que a gente possa construir o mundo que nós precisamos e o Brasil", declarou.

Lula defendeu que a escolha hoje nas urnas foi uma escolha pela democracia. "É assim que eu entendo a democracia, não apenas uma palavra bonita escrita na lei, mas como algo palpável, que sentimos na pele e que podemos construir no dia a dia. Foi essa democracia, no sentido mais amplo do termo, que o povo brasileiro escolheu hoje nas urnas", disse.

"É com essa democracia que vamos buscar cada dia do nosso governo, com crescimento econômico repartido com toda população, porque é assim que a economia deve funcionar, como instrumento para melhorar a vida de todos, e não para perpetuar desigualdades", acrescentou.

O presidente eleito se comprometeu ainda com a retomada da economia, com geração de empregos, elevação dos salários e renegociação das dívidas das famílias. "A roda da economia vai voltar a girar com os pobres voltando a fazer parte do orçamento", disse. Ele citou ainda atenção especial às políticas de incentivo à agricultura familiar e a micro e pequenos empreendedores.

O presidente eleito disse que está comprometido com as políticas de combate à violência contra as mulheres e salários iguais para a mesma função, além do enfrentamento ao racismo e todas as formas de preconceito. Ele defendeu a retomada de conferências nacionais para discussão e definição de políticas públicas federais e o fortalecimento do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social.

"As grandes decisões políticas que impactam a vida dos brasileiros não serão tomadas em sigilo, mas em diálogo com a sociedade." Lula disse que vai retomar o programa Minha Casa, Minha Vida com foco em famílias de baixa renda.

Na política internacional, disse que vai retomar diálogo com países desenvolvidos, como Estados Unidos e países da União Europeia, numa posição de igualdade, mas que também vai apoiar países em desenvolvimento. Lula defendeu o desmatamento zero da Amazônia com a retomada do monitoramento e vigilância.

Líderes políticos parabenizaram Lula

Ao longo da noite, vários líderes políticos de outros países enviaram mensagens e fizeram postagens parabenizando o presidente eleito. Entre eles estiveram Joe Biden dos Estados Unidos, Justin Trudeau do Canadá, Pedro Sánches da Espanha e Emmanuel Macron da França.

Veja alguns dos posts deles:

Governadores eleitos

Confira os perfis dos 12 governadores eleitos no segundo turno das Eleições Gerais de 2022 neste domingo, 30 de outubro:

Alagoas: Paulo Dantas (MDB)

Natural de Maceió (AL), Paulo Dantas (MDB) tem 43 anos e é administrador de empresas formado pelo Centro Universitário Cesmac. Em 2018, foi eleito deputado estadual de Alagoas, mas, em maio deste ano, por eleição indireta, assumiu o governo do estado, uma vez que o então governador Renan Filho deixou o cargo para disputar as eleições para o Senado.

A vida política de Paulo Dantas começou em 2004, quando foi eleito prefeito de Batalha (AL) e, tendo alcançado a reeleição em 2008. Foi reeleito este ano ao governo alagoano pela coligação Alagoas Daqui pra Melhor (MDB/Federação Brasil da Esperança - FE Brasil/PDT/PSC/Pode/Solidariedade). Seu vice é o atual vice-prefeito de Maceió, Ronaldo Lessa.

Amazonas: Wilson Lima (União)

Wilson Miranda Lima (União) tem 46 anos, é casado e nasceu na cidade de Santarém, no Pará. Ele é o atual governador do estado do Amazonas, tem Tadeu de Souza (Avante) como vice e concorreu à reeleição pela coligação Aqui é Trabalho (Republicanos/PP/PTB/PSC/PL /PRTB/PMN/União/Patriota/Avante).

Bahia: Jerônimo Rodrigues (PT)

Jerônimo Rodrigues (PT) é indígena, natural de Aiquara (BA) e tem 57 anos. Atua como engenheiro agrônomo e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Já ocupou o cargo de assessor da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação da Bahia, secretário executivo adjunto do Ministério do Desenvolvimento Agrário, secretário nacional do Desenvolvimento Territorial, secretário executivo do Programa Pró Territórios/Cumbre Ibero Americana, assessor especial do ministro do Desenvolvimento Agrário e secretário estadual de Educação da Bahia.

Foi eleito governador do estado pela coligação Pela Bahia, Pelo Brasil (Federação Brasil da Esperança - FE Brasil/PSB/PSD/Avante/MDB). Seu vice é o atual vereador de Salvador Geraldo Júnior.

Espírito Santo: Renato Casagrande (PSB)

Esta é a terceira vez que José Renato Casagrande (PSB), 61 anos, é eleito ao governo do estado. O engenheiro florestal e bacharel em Direito foi governador capixaba em 2010, mas não se reelegeu em 2014. Em 2018, foi escolhido novamente para o cargo e, agora, reeleito. Concorreu neste pleito pela coligação Juntos por um Espírito Santo mais Forte (MDB/PP/Pros/PSB/Pode/Federação Brasil da Esperança/Federação PSDB Cidadania/PDT). Seu vice é o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB).

Mato Grosso do Sul: Eduardo Riedel (PSDB)

Eduardo Correia Riedel (PSDB) tem 53 anos, é empresário e nasceu no Rio de Janeiro (RJ). Ele concorreu pela coligação Trabalhando por um novo futuro (Federação PSDB Cidadania/Republicanos/PP/PSB/PL/PDT). Seu vice é José Carlos Barbosa (PP), de 58 anos, advogado e deputado estadual eleito em 2018.

Paraíba: João Azevêdo (PSB)

João Azevêdo Lins Filho (PSB) tem 69 anos, nasceu em João Pessoa (PB) e, atualmente, é governador do estado. Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB), é professor aposentado do Instituto Federal do estado (IFPB) e já atuou como diretor da Divisão de Planejamento Habitacional do IPEP, chefe da Assessoria de Planejamento Econômico da Urban, secretário de Serviços Urbanos de João Pessoa e secretário estadual da Infraestrutura, Recursos Hídricos, Meio Ambiente e Ciência e Tecnologia, entre outros.

Concorreu à reeleição pela coligação Juntos pela Paraíba (PSB/Agir/PP/Avante/PMN/PSD/Solidariedade/Pode/Republicanos/Patriota/Pros). Seu vice é Lucas Ribeiro.

Pernambuco: Raquel Lyra (PSDB)

Advogada com pós-graduação em Direito Econômico e de Empresas, Raquel Lyra (PSDB), 43 anos, é ex-prefeita de Caruaru, sua cidade natal. Deixou o mandato para concorrer ao governo de Pernambuco (PE) pelo PSDB. Lyra já foi delegada da Polícia Federal, chefe da Procuradoria de Apoio Jurídico e Legislativo do governo de Eduardo Campos e deputada estadual por dois mandatos consecutivos, sendo eleita em 2010 e reeleita em 2014. Elegeu-se prefeita de Caruaru em 2016 e conseguiu a reeleição em 2020. Nas Eleições 2022, concorreu pela coligação Pernambuco Quer Mudar (Federação PSDB Cidadania/PRTB). Tem como candidata a vice Priscila Krause (Cidadania).

Rio Grande do Sul: Eduardo Leite (PSDB)

Eduardo Leite (PSDB) tem 37 anos e foi governador do Rio Grande do Sul entre 2019 e 2022. Foi prefeito de Pelotas (RS). Foi candidato pela coligação Um Só Rio Grande (Federação PSDB Cidadania/MDB/PSD/Pode/União). Seu vice é o veterinário e deputado estadual Gabriel Souza (MDB).

Ele havia renunciado ao cargo de governador em março deste ano para concorrer à Presidência da República, mas desistiu após perder as prévias do partido.

Rondônia: Coronel Marcos Rocha (União)

Natural da cidade do Rio de Janeiro (RJ), Marcos José Rocha dos Santos (União) é casado e tem 54 anos. Mais conhecido como Coronel Marcos Rocha, ele alcançou a reeleição ao governo de Rondônia junto com seu vice, Sérgio Gonçalves da Silva, também do partido União. Ambos concorreram aos cargos pela coligação Compromisso, Trabalho e Fé (União/Republicanos/Avante/MDB/Patriota/PSC/Federação PSDB - Cidadania).

Santa Catarina: Jorginho Mello (PL)

Com 66 anos, Jorginho Mello (PL) ocupa hoje o cargo de senador por Santa Catarina. Foi deputado federal pelo estado de 2011 a 2019 e concorreu ao governo catarinense pelo Partido Liberal de forma isolada. Sua vice na chapa, eleita com ele, é a delegada Marilisa (PL).

São Paulo: Tarcísio de Freitas (Republicanos)

Tarcísio Gomes de Freitas (Republicanos), 47 anos, é engenheiro e servidor público federal. Natural do Rio de Janeiro (RJ), foi ministro da Infraestrutura do governo Jair Bolsonaro e chefe da seção técnica da Companhia de Engenharia do Brasil durante a Missão das Nações Unidas (ONU) para a estabilização no Haiti (Minustah). Foi eleito governador de São Paulo pela coligação São Paulo Pode Mais (Republicanos/PL/PSD/PTB/PSC/PMN). Seu vice é Felicio Ramuth (PSD).

Sergipe: Fábio Mitidieri (PSD)

Administrador de empresas, Fábio Cruz Mitidieri (PSD), 45 anos, é deputado federal por dois mandatos, eleito em 2014 e em 2018. Também foi vereador de Aracaju (SE), sua cidade natal. Ainda na capital sergipana, ocupou os cargos de secretário municipal de Esportes e de estado de Trabalho. Em 2022, concorreu ao governo de Sergipe pela coligação Novo Tempo pra Sergipe (PDT/PSC/União/Republicanos/PP/PSD/Avante). Seu vice é o empresário Zezinho, do PDT.

Quanto ganham os políticos eleitos?

Abaixo, confira quanto ganha um político no Brasil, nos cargos que concorrem às eleições nesse segundo turno em 2022:

  • Presidente da República: o cargo mais importante do país recebe R$ 30.934,70. A partir das deduções obrigatórias e abate do teto, o valor baixa para R$ 23.453,43 mensais. No caso do atual presidente, Jair Bolsonaro, como ele era um capitão reformado do Exército Brasileiro, ele também ganha uma aposentadoria das Forças Armadas de R$ 11.324,96;
  • Vice-presidente da República: também recebe R$ 30.934,70. Entretanto, no caso de Hamilton Mourão, aposentado como general do Exército Brasileiro, ele também ganha uma aposentadoria de R$ 34.286,85; e
  • Governadores: O teto salarial é de R$ 35.462,22. Entretanto, o valor muda conforme o estado. Para se ter ideia, em São Paulo, o salário do governador é de R$23.048,59. Enquanto isso, no Rio de Janeiro é R$ 19.681,33, e no Paraná, o salário é de R$ 33.763,00.

Com informações: TSE e Agência Brasil