O governo anunciou o corte de R$ 14 bilhões do Orçamento de forma a disponibilizar um reajuste de 5% aos servidores federais. Mesmo assim, isso não foi suficiente para impedir que os servidores mantenham a greve que visa um aumento maior de salários.

Na última segunda-feira, 30 de maio, os funcionários da Controladoria-Geral da União (CGU) começaram a greve aprovada na última semana. Entretanto, a categoria não é a única que parou: os servidores do Banco Central (BC) já estão em greve desde o começo de abril.

Abaixo, saiba porque a greve dos servidores Banco Central não deve terminar.

Por que os servidores decidiram manter greve?

As lideranças das categorias dizem que não devem suspender as greves por enquanto. A explicação é que o reajuste de 5% é muito pouco para repor as perdas provocadas pela inflação nos últimos anos.

De acordo com o presidente do Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas do Estado (Fonacate), Rudinei Marques, de janeiro de 2017 até agora, as perdas, medidas pelo IPCA, chegam a 34%.

"Conceder 5% não vai repor nem 15% da perda do poder de compra dos servidores" disse Marques. "É claro que é melhor que nada, mas é completamente insuficiente. Amanhã (hoje), a partir das 14h, no auditório Nereu Ramos da Câmara dos Deputados, vamos dar um recado final para o governo."

Enquanto isso, o diretor da Federação dos Trabalhadores do Judiciário Federal e do MPU (Fenajufe), Thiago Duarte, alfinetou o presidente por negar reajuste salarial. "Não aceitaremos que Bolsonaro jogue servidor contra servidor", disse. "Todos nós merecemos, e se tem dinheiro para Orçamento Secreto, tem também para a recomposição inflacionária emergencial", defendeu Duarte.

Ademais, o presidente do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central (Sinal), Fabio Faiad, disse que deve propor o seguimento da greve em assembleia que será realizada nesta terça-feira (31).

Ao mesmo tempo, a Unacon Sindical disse que o reajuste de 5%, além de insuficiente com a alta do custo de vida, não impede o desalinhamento remuneratório entre as carreiras de Estado do Executivo. "O percentual anunciado não repõe nem mesmo a inflação do último ano e mantém o cenário de perdas acentuadas para a carreira de finanças e controle".

De acordo com o levantamento da entidade, para voltar ao patamar remuneratório de janeiro de 2019, é preciso uma reposição de 24%. "O mesmo cálculo evidencia que o salário real dos auditores e técnicos federais de finanças e controle se encontra no menor patamar dos últimos 13 anos e, ainda, que as perdas acumuladas desde 2009 podem chegar, ao fim deste ano, a 40%".