No início de dezembro, ocorreu o IPO do Nubank. Desde então, a fintech está entre os assuntos mais comentados do mercado financeiro. Muito procurada no início, agora o cenário é outro: desde a abertura de capital, o roxinho já perdeu mais de US$ 10 bilhões em valor de mercado.

Ou seja, já houve uma queda de 25%. E por conta disso, o assunto vem dividindo as opiniões. Porém, os especialistas da Empiricus dizem que está na hora de vender o Nubank. Entretanto, se você está confiante com as suas aplicações no Nubank, não precisa se desesperar.

Ainda é possível fazer a melhor escolha para a sua carteira. Diante disso, confira abaixo, porque a melhor decisão é fazer a operação short, segundo a analista Larissa Quaresma, e, porque essa estratégia possibilita ao investidor apostar com a desvalorização de um papel.

Problemas em monetizar clientes

O primeiro ponto que merece destaque, é a recomendação de venda das ações do Nubank é a dificuldade em monetizar clientes. Em suma, grande dos serviços ofertados pela fintech é gratuita e o perfil de renda dos clientes é mais baixo que o dos bancos tradicionais.

Ou seja, o Nubank tem uma participação bem maior nas classes C, D e E. Além disso, a faixa etária dos clientes é menor que a dos grandes bancos, o que faz com que esse perfil de clientes não disponha de muito dinheiro para investir.

Assim, esses fatores, somados a queda da renda da população em meio à crise econômica, devem aumentar a dificuldade de monetização enfrentada pelo banco digital. A receita por usuário é muito menor que a de outros bancos. E a própria companhia reconhece a dificuldade de ter uma receita perto a de grandes instituições.

Aumento de inadimplência

Ademais, o Nubank cresceu muito nos últimos, e no médio prazo, a empresa terá que enfrentar a necessidade de levantar mais dinheiro para seguir financiando esse crescimento. A liberação de crédito é algo recente na empresa, e essa atividade toma muito capital.

Mesmo que parte do valor levantado com o IPO se dedique ao aumento da carteira de crédito do Nubank, o valor ainda fica muito abaixo das carteiras dos grandes bancos.

Além disso, a taxa de inadimplência do Nubank ainda não possui os calotes 100% refletidos. Como supracitado, o crédito é recebente na empresa, e isso demora algum tempo para aparecer. Enquanto isso, a carteira de crédito está crescendo, e a taxa de inadimplência pode estar distorcida para baixo.

Por fim, dificilmente o Nubank ficará imune à crise econômica. Com a elevação da inflação e da taxa básica de juros, o poder de compra da população caiu muito nos últimos meses. O impacto ainda aparecerá nos números da fintech.

Valuation exagerado

Até mesmo as empresas extremamente sérias podem extrapolar em suas projeções. O valuation alto do Nubank precifica algo maravilhoso, entretanto, será que reflete a realidade?

Hoje em dia, a fintech vale em torno de R$ 200 bilhões. A premissa estipulada é de um lucro líquido de R$ 10 bilhões em 2026, e um retorno sobre patrimônio líquido de 30% ao ano. Porém, essas projeções condizem com a realidade?

Para se ter ideia, o Santander é o banco mais rentável do Brasil, com o melhor retorno sobre o patrimônio líquido anualizado do 3º trimestre de 2021, aos 22,4%. Sendo assim, será que uma fintech que tem serviços gratuitos, ou mais baratos, e um público de menor renda, pode ter um retorno maior?

Em um cenário de estimativas razoável, ainda sendo otimistas, o lucro pode chegar a R$ 6 bilhões até 2026, com um retorno líquido de 23%. E o valor de mercado pode cair para R$ 55 bilhões - 70% a menos do que negocia hoje. O valor das BDRs tem downside potencial de 70%, que hoje representa um recuo de R$ 7,38 para R$ 1,97.

Sendo assim, tendo em vista que os indicadores mostram que o valor da ação pode ser inferior R$ 2, fica mais claro compreender porque a recomendação de venda imediata existe, não é mesmo?