Depois de uma quarta-feira difícil, quando o Bitcoin (BTC) voltou a ser negociado na casa dos US$ 30 mil, a principal e mais famosa criptomoeda do mundo registra uma pequena recuperação nessa quinta-feira, 20 de maio. Por volta das 11 horas, ela estava valendo US$ 42.000,00 mil.

O susto foi grande porque a última vez que a moeda digital esteve nessa faixa de preços, abaixo dos US$ 40 mil, foi em 9 de fevereiro de 2021 e na manhã dessa quarta-feira, dia 19, cada BTC chegou a custar cerca de US$ 35 mil segundo a Coinbase Pro. Isso corresponde a R$ 192 mil.

O preço ainda é alto, no entanto, a queda surpreendeu principalmente quando comparado o preço da criptomoeda atualmente com o preço de um mês atrás: no dia 14 de abril a criptomoeda chegou a valer US$ 63 mil.

A moeda costuma ter uma ocilação bastante grande. Observando os gráficos mais recentes, é possível observar que desde o início deste ano, quando ela começou a registrar grandes picos de alta, ela também passou a registrar momentos de queda significativos, alternando entre um e outro.

Oscilações do Bitcoin nos últimos meses. Créditos: Reprodução/Coinbase
Oscilações do Bitcoin nos últimos meses. Créditos: Reprodução/Coinbase

No entanto, desde o início do mês de maio, essa queda vem sendo um pouco mais significativa. Uma das explicações são as recentes manifestações do empresário Elon Musk (CEO da Tesla e da SpaceX) a respeito da criptomoeda. Antes considerado como um "entusiasta", ele agora parece ter mudado de opinião a respeito da moeda virtual e isso causou um certo impacto.

Elon Musk x Bitcoin

Em fevereiro deste ano a Tesla (TSLA;TSLA34) anunciou que estava fazendo uma reserva de BTC como parte de sua política corporativa e esse foi um grande momento para a criptomoeda. Coincidência ou não, o Bitcoin só esteve abaixo dos US$ 40 mil antes de a Tesla fazer esse anúncio.

Cerca de um mês depois, em meados de março de 2021, Musk fez um novo anúncio por meio de sua conta no Twitter, afirmando que a montadora de carros elétricos passaria a aceitar o Bitcoin (BTC) como meio de pagamento na compra de veículos. Mais uma vez a criptomoeda disparou em seu valor de mercado.

Mais recentemente, no entanto, Musk passou a dar certo destaque para outra criptomoeda, a Dogecoin. Ele anunciou, no dia 10 de maio, que a SpaceX está organizando uma missão lunar e que ela será paga com a criptomoeda Dogecoin. Isso já causou um certo impacto no Bitcoin, no entanto, o maior impacto veio quarta-feira passada, dia 12.

Nessa data, Musk declarou que a Tesla deixaria de aceitar BTC como moeda de pagamento para a compra de seus carros. O anúncio novamente foi feito pelo Twitter e a justificativa apresentada pelo empresário foi a de que essa mudança se deve aos sérios impactos ambientais causados pela mineração do Bitcoin.

Dois lados da mesma criptomoeda

Desde então, diversos argumentos pró e contra a moeda virtual vem surgindo entre especialistas, entusiastas e influenciadores digitais. De um lado estão aqueles que concordam com Musk e de outro há aqueles que teorizam sobre interesses do empresário e que defendem a oportunidade de comprar criptomoedas.

De fato, conforme noticiamos no Poupar Dinheiro recentemente, a mineração do Bitcoin causa impactos ambientais e vem, inclusive, aumentando a poluição em alguns locais do mundo, como na China.

O que acontece é que a matriz energética desse país é composta por 40% de usinas termoelétricas alimentadas principalmente com carvão, o que torna a energia mais barata e atrai mineradores de Bitcoin. Porém, por outro lado, o uso do carvão torna o processo muito agressivo ao meio ambiente, pois muito CO2 (carbono) é emitido.

Por outro lado, há quem argumente que, segundo estudos, mais de 85% desse enorme consumo de energia está baseado em fontes renováveis, principalmente usinas hidrelétricas. Isso aconteceria, por exemplo, na Islândia e no Paraguai, dois países que também são fortes mineradores de BTC.

Além disso, há também quem veja um certo interesse pessoal de Musk em suas postagens e anúncios, afinal, ele compra Bitcoin, faz um certo anúncio a respeito da cripto, como consequência seu preço vai às alturas. Qual o próximo passo para lucrar com isso? Se desfazer da criptomoeda, claro.

Quando Musk declarou que a Tesla deixaria de receber o BTC como pagamento, ele também disse que não venderia sua posição na criptomoeda, mas no último fim de semana, em suas mais recentes declarações ele deu a entender que isso até já pode ter acontecido.

No meio disso tudo ele passa a ter uma boa posição em outra criptomoeda (Dogecoin) - não podemos esquecer que ele até já havia recebido o apelido de "Dogefather" (pai da Doge na tradução) - resolve dar certo destaque a ela, e ela também vê seu valor subir significativamente.

Há ainda um grupo de pessoas que acredita que Musk estaria interessado em incentivos anunciados pela governo norte-americano para empresas que se enquadrem dentro dos criérios ESG. Musk estaria se livrando de seus Bitcoins para conseguir esse apoio?

Dentro dessa teoria há aqueles que lembram que a maior parte dos governos não gosta muito do Bitcoin por ser uma moeda que não está sob seu controle e que o próprio governo americano já falou sobre a necessidade de regulamentar a cripto. Musk estaria querendo agradar o governo norte-americano também?

China proibe serviços de cripto

Além de todos esse acontecimentos, um informe divulgado na terça-feira, dia 18, preocupou alguns entusiastas das criptomoedas pois segundo ele, três organizações autorregulatórias chinesas reiteraram a proibição de criptomoedas.

Em 2017 já havia sido proibida qualquer oferta inicial de criptomoedas (as chamdas ICOs, como os IPOs, mas de criptomoedas) no país. Isso fez com que muitas corretoras chinesas saíssem do território, mas continuassem atuando, já que os bancos e os meio de pagamento da China permitiam que os chineses enviassem valores para essas corretoras.

Porém, a nova proibição é mais abrangente. As criptos não poderão mais ser utilizadas nem como forma de pagamento nem como investimentos. Nenhum tipo de transação será legal. A China também alertou investidores contra a negociação especulativa com criptomoedas.

Isso, é claro, também teve um impacto significativo no valor do Bitcoin.

Será que é o fim do BTC?

Uma parte dos especialistas afirma que não. Que essa é apenas uma fase e que em breve a criptomoeda deve voltar a se recuperar, pelo menos em parte, pois ela ainda tem muita força e porque o fim do BTC já foi anunciado diversas vezes sem que isso, de fato, chegasse a acontecer.

No entanto, vale lembrar que o mercado de criptomoedas vai muito além do Bitcoin e que nos últimos meses, além da Dogecoin de Musk, algumas outras vêm registrando altas e se destacando, entre elas, a Ethereum (Ether) a XRP a Stellar (XLM) e a Cardano (ADA), apenas para citar alguns exemplos.

Portanto, a resposta para a pergunta ali em cima não existe com certeza, mas vale ficar de olho no mercado nas próximas semanas.

HASH11 também em queda

Quem também sofreu os impactos dessa queda no Bitcoin foi a ETF brasileira HASH11, que tem no BTC seu maior peso. Veja abaixo as moedas às quais o ETF está exposto:

- Bitcoin com peso de 79,68%
- Ethereum com peso de 16,93%
- Litecoin com peso de 1,24%
- Chainlink com peso de 1,00%
- Bitcoin Cash com peso de 0,64%
- Stellar com peso de 0,50%

O ETF vinha sofrendo uma queda de cerca de 20% desde o dia 11 de maio, sendo que a queda mais significativa (13%) vem acontecendo desde a última sexta-feira, dia 14.

Na manhã dessa quarta-feira, 19, o ativo cujo valor do IPO foi em torno de R$ 50,00, abriu o mercado custando cerca de R$ 41,00. Logo após, o ETF chegou a entrar em leilão, ou seja, as negociações foram pausadas para evitar novas quedas.

Nessa quinta-feira, dia 20, porém, com a alta do BTC, o ETF também registrou uma pequena elevação novamente, de cerca de 3,94%. Por volta das 11h, o ativo estava custando R$ 42,72.