Na última terça-feira, 12 de abril, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou o Informe Conjuntural, no qual revisa a sua expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos no país) de 2022, de 1,2% para 0,9%.

Além disso, a entidade também diminuiu as suas projeções econômicas para a indústria, que segundo as novas expectativas, deve ter uma produção 0,2% menor neste ano, do que em 2021. No mês de dezembro, a CNI tinha calculado um crescimento de 0,5% em 2022.

De acordo com uma nota da CNI, "Se esse cenário se confirmar, será a sétima vez, em 10 anos, que a indústria nacional encolhe".

Por que houve uma redução das expectativas para o crescimento do PIB e da indústria?

Dentre os motivos que levaram a CNI a fazer as revisões, estão as dificuldades enfrentadas pelas linhas de produção globalizadas em virtude do prolongamento da guerra na Ucrânia. A mesma tem pressionado para cima, o preço dos fretes internacionais, por conta da elevação do petróleo.

Além disso, outro fator que levou à correção, é a variante Ômicron da covid-19. Ela continua a afetar a produção na China - país que segue com a política de tolerância zero contra o vírus, promovendo quarentenas de cidades inteiras.

De acordo com a CNI,

"Tanto as sanções comerciais e financeiras impostas por vários países ocidentais sobre a Rússia, quanto a nova variante da covid-19, contribuíram para a persistência dos desarranjos nas cadeias produtivas".

Ademais, outros fatores destacados pela entidade para a diminuição da expectativa do PIB são também a baixa da renda real, encolhida pela inflação interna alta. Há também, os juros altos, que desestimulam a compra de bens duráveis, tais como automóveis e eletrodomésticos.

Segundo o gerente-executivo de Economia da CNI, Mário Sérgio Telles, "Temos um desafio, cada vez mais difícil, de enfrentar inflação alta com baixo crescimento".

Vale ressaltar ainda, que entre os tipos industriais mais prejudicados, está o da indústria de transformação. Ela produz bens finais ao consumidor, cujo PIB deve terminar 2022 com uma baixa de 2%, ante uma alta de 3,4% em 2021. Tanto a dificuldade na obtenção de insumos e matérias-primas, como a diminuição no consumo, são os principais problemas, diz a CNI.

Por fim, uma das poucas beneficiadas pelo contexto internacional, será a indústria extrativa. Por conta da alta nos preços de produtos como petróleo e minério de ferro, ela deve fechar o ano com alta de 2%, ainda que menor do que os 3% registrados em 2021.