Os preços de alguns dos alimentos mais consumidos no país estão mais altos em meio à pandemia da Covid-19 e os brasileiros já sentem isso no bolso. O destaque vai para o arroz que saltou 19,2% em 2020, segundo o IBGE, e chega a ser encontrado nos supermercados custando R$ 40 ante o preço de R$ 15 que vigorava antes da alta no setor.

E de acordo com as estimativas da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), os alimentos podem ter uma outra onda de alta, caso a reforma tributária seja aprovada, pois a inflação oficial do setor de alimentos deve subir 1,8 ponto percentual em dezoito meses.

A primeira etapa da reforma tributária, guiada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, foi apresentada ao Congresso Nacional em julho deste ano pelo Projeto de Lei nº 3.887/2020 que cria a chamada CBS (Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços) com uma alíquota de 12%, em substituição ao atual PIS/Pasep e Cofins que orienta a tributação dos setores econômicos.

Produção dos alimentos ficará mais cara

A primeira parte da reforma tributária prevê novos tributos ao setor agrícola; e com isso, os custos da produção dos alimentos sofrerão reajustes. De acordo com o texto legal, todos os produtos do agronegócio serão tributados em 25%.

Com isso, segundo a CNA, as matérias-primas e os máquinários usados no processo ficarão sem os atuais benefícios tributários, o que deixará o custo da produção dos alimentos mais cara para os empresários do setor.

Segundo dados passados ao jornal Estadão, a CNA calculou, por exemplo, que produzir arroz pode ficar 14% mais caro e que a produção de soja e milho poderá ter alta de 19,4%; sendo as projeções baseadas no atual custo de produção das cidades de Uruguaiana (Rio Grande do Sul) e Sorriso (Mato Grosso) respectivamente.

De outro lado, o aumento para os consumidores ainda não é certo, mas "os insumos ficarão mais caros, o custo de produção sobe e a necessidade de fluxo de caixa é maior. O produtor terá que pegar mais empréstimo nos bancos", explicou o coordenador do núcleo econômico da CNA, Renato Conchon.

"Não faz sentido nenhum desonerar salmão, assim como não faz sentido cobrar a mesma alíquota de 25% de um Iphone ou de um litro de leite de uma família pobre. Estão falando em acabar com as distorções sociais com uma mudança que cria outras muito piores para a sociedade brasileira", Conchon critica; para ele, o programa social do governo (bolsa família ou o futuro renda brasil) não conseguirá bancar os novos preços dos alimentos para as famílias pobres.