Diante da alta da inflação e dos aumentos na taxa básica de juros (Selic), as taxas de juros não param de subir. Inclusive, o Banco Central sinalizou uma alta de 1 ponto percentual, para 7,25%. Entretanto, o mercado já aposta em uma subida para 7,5%.

Com isso, os juros do cartão de crédito na modalidade rotativo alcançaram, em setembro, o maior patamar desde agosto de 2017, com uma taxa anual de 339,5%. Em suma, esse é o terceiro aumento consecutivo na modalidade, que marcava 327,5% em junho. O parcelamento no cartão, que chegou a 168,7% ao ano, e os juros do cheque especial, que alcançaram 128,6%, maior nível desde março de 2020.

Diante desses dados, como o brasileiro pode fazer para não ficar mais endividado? Os especialistas do Extra explicaram que neste momento, o melhor a fazer é evitar usar o cartão de crédito, justamente por conta da taxa de juros.

De acordo com economista e professor do Ibmec, Gilberto Braga, "A dívida do cartão é uma das formas de crédito mais caras e, na verdade, é uma das alternativas mais utilizadas neste momento de carestia para fechar o orçamento e pagar as contas do mês da família".

Ademais, Braga explica que "O grande risco é aumentar cada vez mais endividamento na medida que, com a inflação elevada, a família não consegue manter o orçamento equilibrado".

Juros médios em alta

Em suma, os juros médios do sistema financeiro chegaram a 21,6% ao ano, em setembro, depois de 4 meses seguidos de alta, o maior patamar desde março de 2020. Os juros sobem tanto pelas pessoas físicas quanto para empresas.

No último caso, a alta vem ocorrendo desde junho, quando as empresas pagavam em média 12,8% de juros ao ano. Em setembro, o número chegou a 14,9%, maior patamar desde agosto de 2019, quando o número foi registrado.

Ademais, o consignado também subiu para servidores públicos, de 16,7% ao ano, em agosto, para 17% em setembro, de trabalhadores do setor privado de 29,8% para 31% e para beneficiários do INSS de 20,4% para 20,5%.

Como se livrar da dívida?

1 - Descubra quanto você deve

Antes de mais nada, entre em contato com a emissora do cartão, para pedir Custo Efetivo Total (CET) da dívida. Só assim, é possível ter o valor real de quanto está devendo. A informação é um direito do consumidor, alerta o Procon-RJ. Uma dica do economista Gilberto Braga é, fazer uma soma de tudo e ver o quanto você precisaria para pagar tudo à vista. Isso vale, em especial, para quem tem mais de um cartão, que pode ser de crédito ou de débito.

2 - Faça um raio-X das finanças

Ao ter o valor da dívida, é possível descobrir quanto você pode separar por mês para pagar a dívida do cartão de crédito. Anote os gastos em um caderno, uma planilha de Excel ou até um aplicativo específico para finanças pessoais. O mais importante é ter o controle de todos os ganhos, gastos fixos e pontuais.

3 - Reavalie os gastos

Faça uma autoavaliação para compreender o que causou o seu descontrole financeiro. Realize o pente-fino da fatura e veja quando o descuido ou descontrole ocorreu. Entender a origem da dívida é importante para evitar que o mesmo problema aconteça de novo.

4 - Negocie com o cartão

Com o valor da dívida e de quanto terá para pagar, entre em contato com o banco para negociar a dívida. Esteja atento para evitar os parcelamentos que comprometem o orçamento.

5 - Avalie a proposta

Ao pagar uma dívida cara, como a do cartão de crédito, é uma tarefa para ser cumprida o mais breve possível. Entretanto, isso deve ser feito através de uma proposta que também seja boa para o consumidor. Se o valor combinado na negociação não couber no orçamento, ele pode se complicar novamente, e não conseguir sair do endividamento.

6 - Corte gastos

Se a conta não fechar no fim do mês, é sinal de que você está gastando mais do que ganha. A solução é cortar gastos desnecessários e diminuir, ou reavaliar, o que não pode ser eliminado. Crie um limite para alguns gastos, como plano de telefone, internet, supermercado. Isso vai auxiliar a manter o controle das finanças.

7 - Evite compra parcelada

Evite fazer compras parceladas, principalmente durante o período de controle das finanças. Apesar de ser uma facilidade, o parcelamento pode levar ao descontrole financeiro.

8 - Troque a dívida por uma mais barata

Por fim, procure por alternativas mais baratas, se o acordo com a instituição for muito complexa. Dessa forma, no lugar da parcela com juros altos, é possível pagar parcelas que caibam no seu orçamento. Em suma, no mercado existem opções de crédito com taxas de juros reduzidas, como o empréstimo consignado.