Não é segredo pra ninguém que as ações do Magazine Luiza (MGLU3), não param de cair. Entretanto, ao contrário do que divulga o presidente Jair Bolsonaro, a culpa disso não é o fato de Luiza Trajano apoiar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Sendo assim, a queda das ações da Magalu não tem relação com uma questão política.

Segundo especialistas, tanto as ações do Magazine Luiza, quanto de outras varejistas, estão sofrendo com o atual cenário macroeconômico nacional. Ou seja, estão sofrendo com o alto nível da inflação, juros elevados e grande número de desemprego. Todos esses fatores impactam e muito, o poder de compra dos consumidores.

De acordo com um levantamento da Economatica, encomendado pelo site Metrópoles, de 2020 para este, o Magazine Luiza perdeu metade do que valia na Bolsa de Valores (B3). O valor de mercado do Magalu passou de R$ 159,6 bilhões para R$ 71,3 bilhões, o que corresponde a uma perda de R$ 88 bilhões. Ou seja, 55,3%.

Por que as ações do Magazine Luiza não param de cair?

Apesar da queda brusca das ações do Magazine Luiza, o motivo não é o apoio que Luiza dá à Lula. De acordo com o economista e head de conteúdo e sócio da BRA, Alexsandro Nishimura:

"Os players do mercado apontam que o cenário macroeconômico brasileiro é um grande desafio para empresas do setor de varejo, pois inflação alta retira poder de compra do consumidor, assim como os juros altos e o desemprego".

Ademais, o próprio Magazine Luiza disse que o seu resultado trimestral retrocedeu por conta do cenário macroeconômico. para o analista da Terra Investimentos, Regis Chinchila, com a elevação da taxa de juros, a população que tem renda prefere poupar ou investir ao invés de consumir. Isso se deve, por conta da alta da inflação.

Além disso, o analista da Guide Investimentos, Rodrigo Crespi, disse ainda que o Magazine Luiza sofre com a terrível concorrência do e-commerce, em especial, com a entrada de grandes players internacionais como Mercado Livre, Amazon e Shopee.

"A inflação é bastante nociva para essas empresas de e-commerce, principalmente agora que a disputa está cada vez mais acirrada entre as três nacionais, como Via (VIIA3) e Americanas (AMER3). Mas temos também a entrada internacional relevante com Amazon, Mercado Livre e Shopee".

Por conta disso, até a Black Friday deve ser afetada. Isso acontece porque as vendas nas lojas físicas tiveram uma queda, e os bens duráveis costumam ser vendidos a crédito, o qual costuma ficar mais caro com os juros altos.

Diante da estimativa de alto nível da inflação, aumento dos juros, elevação da concorrência e desemprego elevado, os analistas concluem que está sendo precificado no papel da varejista o momento macroeconômico. E isso, representa uma grande dificuldade para o Magazine Luiza, assim como para outras empresas do mesmo setor.

"As empresas do varejo são bastante alavancadas e essa dívida está atrelada tanto a taxa de juros quanto a inflação, o que acaba diminuindo o lucro dessas empresas na perpetuidade. Então o que acontece é que essa dívida fica mais cara ao longo do tempo, o que impacta no lucro do futuro. O que está sendo precificado aqui é o lucro no futuro que acaba sofrendo", analisou sócio e assessor de renda variável da Acqua-Vero Investimentos, Gustavo Gomes.