Durante o mês de outubro, houve uma grande turbulência nos mercados, diante da elevação do risco fiscal e alta dos juros. Além disso, houve uma preocupação com o crescimento da economia mundial, bem como os efeitos da crise imobiliária na China, por conta da crise da Evergrande.

Por conta disso, o Ibovespa fechou o mês no seu pior desempenho do ano, com baixa de 6,74%. Embora algumas companhias tenham encerrado o mês de outubro no positivo, somente 5 empresas do Ibovespa tiveram ganhos acima de 5% no mês.

Em suma, o destaque de alta ficou com Ambev. Já a Méliuz está entre os grandes destaques negativos de outubro. No mesmo período, cerca de 13 ações do Ibovespa fecharam em queda acima de 20%.

Maiores quedas do Ibovespa em outubro

Abaixo, confira as 5 maiores quedas do Ibovespa:

Empresa Ticker Cotação % da queda
Méliuz CASH3 R$ 3,31 44,93%
Azul AZUL4 R$ 24,87 31,69%
Alpargatas ALPA4 R$ 38,63 26,84%
Gol GOLL4 R$ 15,18 26,70%
CVC CVCB3 R$ 15,97 25,79%

Méliuz

Dentre as maiores baixas do outubro, está a Méliuz (CASH3). Em suma, a companhia teve uma queda de 44,93% na Bolsa, por conta da alta dos juros. Além do custo de capital mais alto, a companhia teve, no início de outubro, números operacionais do 3T21 baixos.

Segundo o Bradesco BBI, os resultados da companhia devem vir pressionados no trimestre, já que a empresa segue investindo muito na sua plataforma "para estabelecer as bases para o crescimento futuro".

Azul, Gol e CVC

O setor de turismo também não teve um bom resultado em outubro. A companhia Azul (AZUL4) teve uma queda de 31,69%, a Gol (GOLL4) de 26,70%, e a CVC (CVCB4), de 25,79%.

Isso acontece pois o cenário de alta do dólar e dos combustíveis prejudica as empresas do setor turístico, no momento de retomada da demanda com o avanço da vacinação. Além da alta dos preços do querosene, o dólar valorizado é negativo, já que essas empresas têm dívidas na divisa americana. Ademais, o dólar também compromete as viagens internacionais da CVC, bem como o ataque hacker que a empresa sofreu.

Alpargatas

A dona da Havaianas teve uma queda de 26,84% em outubro. A receita líquida da empresa subiu 12,7%. Ou seja, saiu de R$ 943,5 milhões há um ano, para R$ 1,06 bilhão no 3T21. Entretanto, o volume de vendas cresceu apenas 1,1%, e no exterior 23,4%. Por conta disso, o Bradesco BBI diz que os números no exterior decepcionaram muito. E isso, pode ter impactado negativamente as ações.

Maiores altas do Ibovespa em outubro

Abaixo, confira as 5 maiores altas do Ibovespa:

Empresa Ticker Cotação % da alta
Ambev ABEV3 R$ 16,99 11,05%
BB Seguridade BBSE3 R$ 22,09 10,73%
Telefônica Brasil VIVT3 R$ 45,52 7,08%
EDP Brasil ENBR3 R$ 19,60 6,75%
JBS JBSS3 R$ 39,23 5,83%

Ambev

As ações da Ambev (ABEV3) se destacaram em outubro, com alta de 11,05%, tanto por conta do seu perfil mais defensivo, quanto pelos sinais de recuperação da empresa e do mercado. E assim, o resultado do 3º trimester foi destaque.

No período, a cervejaria teve um lucro líquido de R$ 3,712 bilhões no 3T21. O valor representa uma alta de 57,4% em relação ao 3T20. Conforme a companhia, o resultado ocorreu por conta do desempenho comercial, atingindo os maiores volumes consolidados já vistos em um 3º trimestre.

O volume de vendas no Brasil teve uma alta de 9% na base anual, para a unidade Cerveja Brasil. No geral, o volume de bebidas foi de 45,6 milhões de hectolitros. Ou seja, uma alta de 7,7% diante dos 42,3 milhões do 3T20.

BB Seguridade

No cenário de recuperação para o setor de seguros, as ações da BB Seguridade (BBSE3) teve ganhos de 10,73% ao mês. Em suma, os analistas dos Credit Suisse revisaram, durante o mês, as suas visões para o case do BB Seguridade e também para a Caixa Seguridade (CXSE3), saindo com uma visão muito construtiva.

Ademais, o BofA espera bons números para o trimestre para a BB Seguridade. Além disso, o crescimento dos prêmios deve seguir alto, por conta do grande crescimento do seguro rural, avaliaram os analistas.

Telefônica Brasil

As ações da Vivo fecharam o mês de outubro com alta de 7,08%. Dentre os destaques, o BBI resalta que a receita de FTTH reduziu com tendências mais suaves de receita média por cliente. Por outro lado, as adições líquidas seguem fortes. O crescimento da receita do FTTH ficou em 37% em base anual. Com isso, houve um desaceleramento de 50% no trimestre anterior, por conta da base de comparação mais alta, além das tendências de ARPU mais suaves.

EDP Brasil

Diante do cenário de aversão ao risco, o setor de energia ganhou espaço, mesmo que as notícias sobre a crise hídrica siga no radar dos investidores. Além disso, a Energias do Brasil (ENBR3), a companhia surpreendeu o mercado, e com isso, teve uma alta de 6,75% em outubro.

Ademais, a companhia teve um Ebitda de R$ 729 milhões, conforme o cálculo XP, 10,8% acima da estimativa de R$ 658 milhões. De acordo com a XP, há 4 fatores que contribuíram para o bom resultado da companhia. São eles: maiores tarifas de energia; maiores compras de energia; bom controle de custos, e maior venda de energia no mercado de surto prazo.

JBS

A JBS teve um crescimento de 5,83% com a companhia se favorecendo com a alta do dólar, e com os fortes números da companhia. Segundo os analistas, a JBS tem uma operação muito diversificada, por meio de produção de carne bovina, suína e de aves, o que se torna uma vantagem comparativa em relação às demais.

Ademais, para o Bradesco BBI, o balanço precisa surpreender o consenso de mercado, já que ele espera o Ebitda 36% acima da média do mercado, de R$ 1,45 bilhão. "Também achamos que as estimativas de mercado ainda não refletem totalmente as fortes margens para a divisão de carne bovina da empresa nos Estados Unidos no trimestre e as melhorias sequenciais nas margens para as divisões de carne suína nos Estados Unidos e carne bovina brasileira".