A Neoenergia (NEOE3) deu a largada na divulgação de resultados do segundo trimestre de 2021 (2T21) nessa terça-feira, 20 de julho, após o fechamento do mercado. E entre os destaques está um lucro de R$ 1.002 milhão no 2T21, o que representa uma alta de 137% na comparação com o 2T20).

Além disso, a companhia mostrou que teve um lucro de R$ 2.009 milhões nos primeiros 6 meses desse ano, um crescimento de 101% em relação ao mesmo período do ano passado.

Também pode-se destacar que a energia injetada foi de 18.702 GWh no 2T21, 11% a mais do que no 2T20 e 37.208 GWh no 6M21 (6,8% na comparação com o 6M20). Desconsiderando a Neoenergia Distribuição Brasília em 2020 (que foi incorporada em 2021), o crescimento foi de 23,7% vs. 2T20 e de 14,3% vs. 6M20, confirmando a recuperação do mercado nas áreas de concessão da Neoenergia.

Desempenho operacional

Vamos ver abaixo os principais destaques no que se refere às operações da Neoenergia.

Consumidores

As distribuidoras da Neoenergia encerraram o 2T21 com 15,6 milhões de consumidores ativos. Em comparação com 2T20, houve aumento de 342 mil de consumidores (+2,2%). Desconsiderando a Neoenergia Distribuição Brasília em 2020, houve um aumento de 1,4 milhão, em função de 1,1 milhão provenientes da incorporação da Neoenergia Distribuição Brasília a partir de 2 de março de 2021.

No 2T21, o consumo residencial apresentou crescimento em quatro das cinco distribuidoras, consolidando aumento de 2,5% no período. Na Celpe registrou-se uma queda de 1,9% explicada pela menor temperatura no 2T21 vs. 2T20. No 6M21, o aumento consolidado foi de 4,0% vs. 6M20. Desconsiderado o consumo residencial da Neoenergia Distribuição Brasília em 2020, o crescimento foi de 14,4% vs. 2T20 e 11,9% vs. 6M20.

O consumo da classe industrial cativa cresceu 4,5% no 2T21 vs. 2T20. Quando analisado esse grupo juntamente com o mercado livre, houve aumento de 27,8% no 2T21 e 18,0% no 6M21, influenciado pelo retorno das atividades econômicas.

A classe rural apresentou aumento de 19,9% vs. 2T20 e 19,6% vs. 6M20, pelo aumento do agronegócio e maior demanda de irrigação.

Arrecadação

Os níveis de arrecadação seguem elevados, atingindo um índice de quase 98%. Os melhoores resultados são da Coelba, Celpe, Cosern e Elektro (veja imagem abaixo).

Arrecadação Neoenergia. Créditos: Reprodução/Neoenergia
Arrecadação Neoenergia. Créditos: Reprodução/Neoenergia

No caso específico da Neoenergia Distribuição Brasília o índice 12 meses foi de 90,78% fortemente impactado pelos meses anteriores à gestão Neoenergia quando a antiga CEB-D se encontrava por força de uma ação civil pública impedida de realizar cortes em clientes residenciais.

A nova gestão da Neoenergia através de uma liminar retomou tais cortes a partir de abril deste ano. Se considerarmos apenas o 2T21 o índice de arrecadação foi de 95,52%.

Qualidade do fornecimento

No que se refere à qualidade do fornecimento de energia, os dados também são considerados bons. Os principais indicadores desse quesito são o DEC (Duração Equivalente de Interrupção por Consumidor) e o FEC (Frequência Equivalente de Interrupção por Consumidor).

Coelba, Celpe, Cosern e Elektro estão abaixo do limite regulatório tanto para o DEC quanto para o FEC. No caso de Neoenergia Distribuição Brasília, apesar dos indicadores ainda não estarem abaixo do regulatório, já é possível notar a melhoria dos mesmos, em função da nova gestão Neoenergia, conforme ilustrado nos gráficos abaixo.

Qualidade da distribuição de energia. Créditos: Reprodução/Neoenergia
Qualidade da distribuição de energia. Créditos: Reprodução/Neoenergia

Parques Eólicos

Atualmente a companhia possui 17 parques eólicos em operação, com uma capacidade instalada de 515,8 MW, são eles: Arizona I; Caetité I, II e III; Calango I, II, III, IV, V e VI; Mel II; Santana I e II; Canoas; Lagoa I e II; e Rio do Fogo.

Já em processo de construção, possui dois complexos: Oitis, no Piauí e na Bahia (12 parques com 566,5 MW) e Chafariz, na Paraíba (15 parques com 471,2 MW), que já possui aerogeradores em teste.

O portfólio de ativos eólicos totalizará 1,6 GW em 2022, dos quais 51% estará destinado ao Ambiente de Contratação Regulada (ACR) e 49% ao Ambiente de Contratação Livre (ACL), alinhado com a estratégia de posicionamento na liberalização do mercado de energia brasileiro.

No 2T21 a energia eólica gerada foi de 410 GWh em linha com o 2T20. No ano, a geração foi de 807 GWh, 23,54% acima do 6M20, devido a maior recurso eólico

Parques Solares

A Neoenergia anunciou em dezembro de 2020 o projeto solar Luzia, na Paraíba, que compreende 149MW dc e 100MW de capacidade instalada. Toda a sua energia está destinada ao ACL, sendo que 100% já está vendida até 2026.

O projeto tem alta sinergia com o Complexo Chafariz e a LT Santa Luzia e já possui Licença Instalação, autorizações do IPHAN bem como enquadramento no REIDI. As obras iniciaram em maio de 2021 e a expectativa de entrada em operação é para o 2º semestre de 2022.

Hidrelétricas

A Neoenergia tem participação em 7 usinas hidrelétricas (com participação direta e indireta): Itapebi, Corumbá, Baguari, Dardanelos, Teles Pires, Baixo Iguaçu e Belo Monte.

No 2T21 a energia hidráulica gerada foi de 2.885 GWh, em linha com o 2T20. No ano, a geração foi de 6.378 GWh, 4,74% abaixo do 6M20, em razão da menor afluência em relação ao 6M20, com impacto na margem minimizado pelo seguro do GSF.

Desempenho econômico-financeiro

Abaixo vamos ver os principais destaques no que se refere às finanças da Neoenergia.

Resumo do desempenho econômico-financeiro da Neoenergia. Créditos: Reprodução/Neoenergia
Resumo do desempenho econômico-financeiro da Neoenergia. Créditos: Reprodução/Neoenergia

A Neoenergia encerrou o 2T21 com Margem Bruta de R$ 3.210 milhões, o que representa 58% a mais em relação ao 2T20. Segundo a companhia, esse resultado foi impulsionado impulsionada pelos efeitos de reajustes e revisões tarifárias de 2021 da Coelba e Cosern (8,98% e 8,96% respectivamente) e da Celpe (8,99%), e de Reajustes Tarifários de 2020 da Elektro, entre outros fatores.

No semestre, a Margem Bruta foi de R$ 6.398 milhões (+45% vs. 6M20) também explicados pelos efeitos dos reajustes e revisões tarifárias de 2021.

Despesas operacionais

Despesas Operacionais de R$ 869 milhões no 2T21 (+22% vs. 2T20) e de R$1.670 milhões no 6M21 (+14% vs. 6M20). Desconsiderando Neoenergia Distribuição Brasília na comparação, pois não estava no resultado de 2020, e as arbitragens na holding no 1T20, observa-se aumento de 11% vs. 2T20 e de 5% vs. 6M20.

Tais aumentos se devem à paralisação de atividades de corte no 2T20 por proibição da Aneel ou por dificuldades impostas pela pandemia, ao passo que em 2021 as ações se encontram normalizadas;

Outros dados

A equivalência patrimonial no trimestre foi negativa em R$ 8 milhões, o que representa uma melhora de R$ 3 milhões na comparação com o 2T20 explicada pela
sazonalidade de Belo Monte. No semestre, a equivalência patrimonial foi de R$ 2 milhões positivos, impactada pelo efeito não recorrente da repactuação do GSF de Teles Pires no 1T21 (+R$ 6 milhões).

Como resultado dos efeitos apresentados, o EBITDA foi de R$ 2.300 milhões no 2T21 (+108% vs. 2T20) e de R$ 4.584 milhões no 6M21 (+74% vs. 6M20), confirmando a retomada do mercado, a manutenção da eficiência e disciplina de custos, os bons patamares de arrecadação, bem como o avanço na construção dos projetos de
transmissão.

O Resultado Financeiro foi negativo em R$ 426 milhões no 2T21, pior em R$ 257 milhões na comparação com o 2T20. Já no 6M21 foi de - R$ 808 milhões, pior em R$ 325 milhões vs. 6M20. Esse aumento é explicado, principalmente, pela maior despesa com
encargos de dívida, em razão do aumento de 28% no saldo médio da dívida vs. 2T20 devido às captações direcionadas para Capex de novos projetos de transmissão e eólicas, além das Distribuidoras (incluindo R$ 2,5 bilhões para o funding da CEB-D).

Veja na íntegra o documento de resultados da Neoenergia.