Durante essa semana, o frio intenso chegou às várias regiões do Brasil. E isso afeta de forma direta as áreas produtoras de alimentos, grãos, frutas, verduras e legumes. Com isso, os agricultores já estão em alerta, em especial aqueles que plantam hortaliças, café, milho, banana e cana-de-açúcar. Ou seja, as plantações mais sensíveis a baixas temperaturas e geadas.

Caso esses alimentos sejam afetados, os produtos devem ficar ainda mais caros. E isso, pode impactar de forma direta a inflação do Brasil. quem fez essa afirmação foi o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

De acordo com Campos Neto, "Estava fazendo uma reunião de inflação e estava falando da geada que vem por aí, qual é o impacto que isso pode ter em alimentos e na inflação de curto prazo". Abaixo, confira os maiores detalhes desse alerta.

Quais produtos devem ficar mais caros com a onda de frio?

De acordo com Matheus Peçanha, economista e pesquisador do FGV/Ibre, a chegada de frio intenso neste mês de maio, pode levar a um novo repique de preços dos alimentos e recrudescimento da inflação. Entretanto, até o momento, ainda não existe uma estimativa do impacto nos preços ao consumidor.

O economista explica que:

"As hortaliças e legumes já sofreram nas últimas geadas. O tomate e cenoura já vinham como produtos com altas significativas e podem voltar a subir. O clima está frustrando todas as previsões da inflação. O café e a cana-de-açúcar também podem ser bastante afetados".

Em suma, o café, as frutas e os legumes estão entre os itens que mais aumentaram de preço nos últimos 12 meses. E a Região Sul, onde, inclusive nevou nesta semana, a forte produção de soja, carne, milho, cana-de-açúcar, hortaliças e algodão podem ser prejudicadas.

Conforme o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da USP, a batata, o alface e o tomate são exemplos de plantações que não resistem à ocorrência de geadas. Porém, até o momento, os técnicos não viram quebras de safra.

No caso da soja, se houver geada no Paraná, as lavouras podem ser comprometidas. Enquanto isso, no caso do milho, os produtores enfrentaram geadas em algumas áreas do sul de Mato Grosso do Sul. Porém, a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) disse que ainda analisa a situação.

As sondagens do Cepea diz que a preocupação é a maior entre os produtores de milho e café. Apesar da estimativa de safra recorde de milho no Brasil, os valores voltaram a aumentar. E isso interrompe o movimento de queda registrado desde o fim de abril.

De acordo com os pesquisadores do Cepea, isso ocorre por conta da apreensão com a chegada de uma frente fria em parte das regiões produtoras. E isso, limitou o ritmo de negociação da produção.

Já no caso dos cafeicultores, o medo é que aconteçam de novo os prejuízos visto no inverno de 2021. No sul de Minas e em Garça (SP), a colheita começou. Mas em outras regiões produtoras, isso acontecerá no fim deste mês, e em junho. Ou seja, a frente fria ainda pode prejudicar a safra.