Após a privatização da Eletrobras, uma nova privatização pode estar em vias de acontecer: dessa vez da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, ou só Correios, como é conhecida. Isso porque o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), incluiu na pauta de votação do Plenário dos próximos quinze dias o Projeto de Lei que abre caminho para isso.

O projeto que foi entregue pelo governo à Câmara busca quebrar o monopólio da estatal e permitir que os serviços postais possam ser explorados pela iniciativa privada. Em uma nota divulgada pelo Ministério da Comunicação recentemente, o governo destacou que o modelo de desestatização ainda está sendo estudado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo essa nota, esse precesso pode seguir os moldes da desestatização da Eletrobras (ELET3, ELET6) e da BR Distribuidora (BRDT3), ou seja, com a venda apenas do controle majoritário (a maior parte das ações da empresa) ou de uma parte da empresa, numa privatização gradual. Por outro lado, parte do governo também já deu sinais de que prefere se desfazer de 100% do capital da agência postal brasileira.

Se for definida uma desestatização total, a venda dos Correios deverá ser realizada por meio de um leição tradicional, onde o comprador leva todos os ativos e passivos da estatal.

Caminho ainda é longo

Se de um lado, existe a possibilidade da votação desse projeto de lei, por outro lado os especialistas apontam que ainda que ele seja aprovado, o caminho para que a privatização aconteça ainda deve ser longo.

Primeiro porque a votação na própria Câmara deve encontrar barreiras. A aprovação depende de uma série de fatores, a começar pela divulgação do parecer do relator, o deputado Gil Cutrim (Republicanos-MA), o que ainda não aconteceu. Depois, é necessário que haja um concenso entre os líderes partidários para que se alcance a maioria dos votos.

A segunda barreira deverá ser o Senado Federal onde o mesmo processo acontece. Além disso, por lá os senadores têm se mostrado mais resilientes no que se refere às pautas econômicas do Governo, portanto, no mínimo podemos esperar um grande número de emendas que deverão voltar à Câmara dos Deputados, e por aí vai.

Por outro lado, o cronograma de venda da empresa já estabelecido pelo governo federal deve pressionar o congresso para que essa votação aconteça, já que dela depende o andamento de todo o resto do processo. A previsão é de que o leilão aconteça em março de 2022, junto com o leilão do restante das ações da ELetrobras.

Valores envolvidos

Segundo as informações levantadas até o momento, ainda não há um valor previsto para a privatização. Contudo, um estudo preliminar já realizado pelo BNDES calcula que a empresa tem passivo de cerca de R$ 13 bilhões e ativo (circulante e não circulante) estimado em R$ 14 bilhões, com base nos números dos Correios para 2020.

Há interessados?

Sim. Caso a privatização seja aprovada pela Câmara e pelo Senado, algumas empresas já sinalizaram que têm interesse nos Correios. Esse é o caso da Simpar (SIMH3) e da sua subsidiária JSL (JSLG3).

Além delas, anteriormente, outras grandes empresas brasileiras e de fora já demonstraram interesse na aquisição dos Correios. Entre elas estão o Magazine Luiza (MGLU3), a Amazon (AMZO34) e as empresas de logística DHL e a FedEx.