Apesar de adotar medidas para economizar energia elétrica, muitos brasileiros estão assustandos com o aumento nas contas de luz. Pela primeira vez na história, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) criou uma bandeira tarifária que cobra R$ 14,20 por cada 100 kWh consumido.

O resultado disso é que o serviço que já estava caro, começou a pesar ainda mais no bolso do cidadão. Em junho de 2021, o custo extra na conta era de R$ 6,24. Ou seja, menos da metade do que é pago atualmente.

Atualmente, não existe uma previsão de redução na tarifa, pelo menos a curto prazo. Dessa forma, os consumidores ficam em dúvida sobre quando o preço da energia elétrica no Brasil, vai reduzir. Para tentar achar uma resposta, é necessário entender o que faz o preço da luz disparar. Descubra a seguir.

O que compõe a tarifa?

O consumidor brasileiro paga um pouco mais da metade do valor da conta, por aquilo que realmente consome. Em torno de 53,5% são a compra de energia, transmissão e encargos setoriais. Outros 29,5% são tributos, como o ICMS, o PIS e Cofins e os 17% restantes cobrem os custos com a distribuição de energia.

Além disso, o consumidor também paga por taxas extras, quando há períodos de estiagem, e falta de chuvas, como ocorre atualmente. O objetivo da cobrança é estimular a economia de energia, para evitar o risco de racionamento.

Usinas termelétricas

O desequilíbrio na conta de luz acontece pois com as hidrelétricas atuando em baixa, o governo precisa de mais energia das usinas termelétricas. E como todos sabem, essa fonte de energia é muito mais cara.

De acordo com o economista sênior da CNC, Fabio Bentes, "O megawatt produzido em uma usina movida a carvão custa o dobro do gerado por uma hidrelétrica. Se for uma termelétrica movida a gás, o custo é quatro vezes maior".

Dessa forma, a alta das tarifas acarreta em um efeito cascata em toda a economia. E assim, pode desacelerar o setor de comércio.

"A energia elétrica é um item insubstituível e utilizado em todos os setores do comércio e da indústria. [O aumento] vai pressionar o orçamento das famílias e prejudicar o comércio, porque o setor não vai conseguir segurar o reajuste sem repassar uma fatia um pouco maior do que a usual para os preços", explica Bentes.

E o economista cita também que "Além de ter um peso grande no orçamento familiar, a energia é usada para praticamente tudo. Metade do custo da produção de leite é energia elétrica. No cimento, 25% é energia".

Quando a conta de luz vai parar de aumentar?

De acordo com o advogado Alessandro Azzoni, especialista em Direito Ambiental e Economista, a intervenção do governo é uma opção. Assim, seria possível segurar a alta nos preços da conta de luz do brasileiro. Segundo Azzoni:

"Uma maneira de baixar o preço seria uma intervenção do governo, como já ocorreu no passado, que segurava os aumentos e os assumia como déficit. Mas no modelo atual, essa intervenção é muito difícil. É uma questão de oferta e demanda. Ao entrarem as termelétricas com energia cara e suja, entra a bandeira vermelha, o preço sobe e a diferença é repassada para os consumidores".

Por outro lado, a melhor maneira de evitar outra crise como essa é investindo na construção e na interligação ao sistema elétrico de novas usinas eólicas e fotovoltaicas. Através delas, o país pode produzir energia limpa a um custo menor. Resultlado disso, seria a possibilidade de manter a conta de luz em níveis aceitáveis durante todo o período de estiagem.