Ao redor do mundo, o futebol já se habituou com a presença de investidores bilionários interessados em aumentar seus lucros através do sucesso esportivo dos clubes. Desde que as emissoras de TV começaram a brigar pelos direitos de transmissão de times e campeonatos, a máquina do futebol se tornou extremamente cara, mas lucrativa para quem investe.

No Brasil, o cenário financeiro de grande parte dos clubes se tornou caótico nos últimos anos. Com dívidas impagáveis, a capacidade de investimento na estrutura e em contratação de jogadores se tornou quase inexistente para algumas das camisas mais tradicionais do futebol nacional.

Para tentar solucionar o problema, a abertura para investidores externos se tornou real. A cada mês, cresce o número de clubes analisando e debatendo a possibilidade de, através da venda de suas ações, atrair compradores capazes de realizar aportes significativos de dinheiro para alcançar o sucesso dentro de campo. Entenda como funciona este processo, o que a legislação permite e as consequências deste novo movimento, que pode mudar a hierarquia do esporte no Brasil.

SAFs no futebol brasileiro: como funciona?

Em primeiro lugar, é necessário dizer que o clube se torna uma SAF (Sociedade Anônima do Futebol) tem como principal função dividir as questões econômicas e sociais da instituição.

Atualmente, os clubes de futebol são, em sua maioria, administrados por cargos políticos. Qualquer pessoa pode ser presidente de um clube, desde que siga as regras de seu estatuto. Normalmente, o tempo em que se é sócio é o principal critério.

Quando se torna SAF, o clube passa a contar com uma administração externa, que será responsável por gerir o time e as situações financeiras, como as contratações e vendas, por exemplo. A importância de cada uma destas partes é negociada durante o processo de compra.

Dívidas ajudam a aumentar a presença das SAFs no Brasil

Dívidas são, na maioria dos casos, o principal motivo para que os clubes abram as portas para investimentos externos. Com investidores sedentos por lucros e com bom capital em mãos, é a maneira mais rápida de reequilibrar a instituição financeiramente.

Com as contas em dia, o potencial de investimento dentro de campo aumenta. A busca pelo protagonismo esportivo também é outro gatilho para a possibilidade de um aporte externo.

Para poder comprar os melhores jogadores, não é necessário apenas ter dinheiro e pagar os melhores salários. Ter um bom time, uma estrutura organizada e bom desempenho nas competições são atrativos interessantes para os grandes nomes do esporte. Por isso, quando há um aporte externo de dinheiro, não são apenas em contratações os investimentos.

Este modelo de gestão já é muito comum em clubes europeus. No caso do PSG e do Manchester City, por exemplo, a instituição é totalmente administrada pelos donos, sem a presença de cargos políticos. No Brasil, temos 8 clubes que adotaram ou negociam o novo modelo de gestão: Botafogo, Vasco, Cuiabá, Coritiba, Bahia, Athletico, Cruzeiro e América-MG.

As consequências positivas e negativas ainda não existem, tendo em vista que a possibilidade legal é muito recente. Entretanto, até mesmo as camisas mais tradicionais do futebol brasileiro parecem olhar para o que pode ser o futuro.