Quase quatro meses após o anúncio de paralisação de atividades em áreas próximas à barragem Xingu da Mina Alegria, localizada no Complexo Mariana em Minas Gerais, a Vale (VALE3), anunciou nessa quinta-feira, 30 de setembro, que as operações no local estão sendo parcialmente retomadas.

A paralisação foi determinada no dia 4 de junho pela Superintendência Regional do Trabalho (SRT) por motivos que não foram trazidos a público. Em função dessa interdição, a Vale teve que buscar alternativas para o escoamento da produção da usina de Timbopeba. A saída foi a utilização de trem não tripulado.

Agora, porém, a SRT expediu um termo de suspensão parcial da interdição, de forma que será permitida a operação regular da Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) no Ramal Fábrica Nova.

Acesso de trabalhadores segue suspenso

Entretanto, a Vale informou que continuam suspensos o acesso de trabalhadores e a circulação de veículos na zona da inundação da barragem Xingu, sendo permitido apenas, mediante rigoroso protocolo de segurança, o ingresso de pessoas que trabalham nas atividades de estabilização da estrutura.

Protocolos de segurança estão sendo mantidos

Assim como nos comunicados anteriores, a Vale destacou que a Barragem Xingu permanece em nível 2 do Plano de Ação de Emergência de Barragens de Mineração (PAEBM), em que não há risco iminente de ruptura, seguindo inalteradas as condições de segurança da estrutura.

Além disso, a mineradora afirmou que a "barragem Xingu é monitorada e inspecionada diariamente por equipe técnica especializada e está incluída no plano de descaracterização de barragens da Companhia. A Zona de Autossalvamento (ZAS) da Barragem Xingu permanece evacuada, não havendo a presença permanente de pessoas na área".

Em comunicado divulgado anteriomente, a companhia informou que a paralisação não se deu por risco de rompimento de qualquer estrutura, como chegou a ser especulado na mídia. "Não há risco iminente de ruptura. A inexistência de risco iminente ou alteração na condição da estrutura foi reforçada após visita técnica realizada em 15/06/2021 pela Agência Nacional de Mineração (ANM)".

Veja na íntegra a nota de atualização sobre as atividades em Timbopepa.

Impactos

Durante o período em que as atividades ficaram suspensas, a Vale realizou testes para implantação de um trem não tripulado e chegou a utilizar essa ferramenta para escoamento de produção. Após a integral implementação, o trem não tripulado passou a percorrer um trecho de 16 km por meio de um sistema de controle integrado com capacidade para acelerar e frear conforme a necessidade e de forma automática. Dessa forma, esperava-se que a usina de Timbopeba fosse capaz de voltar, aos poucos, à operação em cerca de 80-100% de sua capacidade diária de 33 mil toneladas.

Isso não significa, porém, que não houve impactos no escoamento da produção de minérios de ferro. As principais impactadas são a própria Mina Alegria, que teve alguns acessos interiores interditados, o que causou uma redução de 7,5 mil toneladas de finos de minério de ferro por dia por dia de paralisação.

Além dela, a Usina Timbopeba também foi impactada e causou uma redução ainda maior na produção da companhia, já que dela saem cerca de 33 mil toneladas de finos de minério de ferro por dia.

Mariana e Brumadinho

Nas notas divulgadas anteriormente, a Vale fez questão de destacar que a estrutura não corria riscos, nem a comunidade do entorno e os trabalhadores. Essa preocupação com essas informações são um reflexo de acontecimentos dos últimos anos.

Em novembro de 2015 ocorreu o rompimento da Barragem do Fundão, em Mariana, fato que causou a morte de 19 pessoas e vários problemas ambientais especialmente na bacia do Rio Doce.

Outro fato que vêm facilmente à memória é a tragédia de Brumadinho (MG) ocorrida em 2019 deixando 270 mortes quando cerca de 14 milhões de toneladas de lama e rejeitos de minério de ferro desceram em uma enxurrada sobre a cidade. A Samarco, um subsidiária da Vale, era a responsável por ambas as barragens quando os fatos se deram.

Vale é condenada a pagar R$ 1 milhão por trabalhador

Inclusive, no 9 de junho a Vale também foi condenada a pagar uma indenização de R$ 1 milhão por danos morais por cada trabalhador morto no rompimento da Barragem do Córrego do Feijão, em Brumadinho.

A decisão foi tomada pela juíza titular da 5ª Vara do Tribunal Regional do Trabalho de Betim (MG), Viviane Célia Ferreira Ramos Correa. A indenização será paga aos espólios e herdeiros e abrange apenas os trabalhadores diretos da mineradora vitimados no acidente.

Ao total, como já dito, 270 pessoas morreram em razão do rompimento da barragem. Dessas, 137 eram funcionários, de acordo com o processo. Isso resulta em um total de R$ 137 milhões a serem pago em indenizações.