Após causa alvoroço no mercado de capitais na quinta-feira (28) com o grupo de Telegram que reúne já quase 40 mil membros, as ações da resseguradora IRB seguem dando o que falar hoje. Na abertura do mercado desta sexta (29) os papeis entraram em leilão por mais de 2 horas, algo pouco comum na B3 - normalmente esse período de leilão inicial não dura mais do que 30 minutos para início das negociações.

No pregão de quinta (28), os papeis saltaram 17%, fechando a R$ 7,76. A efeito de comparação, em janeiro do ano passado, antes das fraudes encontradas na empresa, os papeis valiam por volta de R$ 44.

As ofertas de compra e venda dos papeis foram congeladas por volta das 11h, o que mostra que o grupo organizado pela rede social vem "bagunçando" mesmo o mercado. Investidores de IRB se dizem injustiçados pela CVM, que não puniu os culpados nas fraudes constatadas na empresa, ocorridas entre 2018 e 2019. O grupo pretende também derrubar os chamados "tubarões da bolsa" que têm posições vendidas e fazem o preço do ativo permanecer baixo.

As ações de IRBR3 acumulam perda de 82% desde janeiro do ano passado, quando fraudes contábeis foram encontradas por auditorias que inclusive já estavam com posições vendidas nos papeis, trazendo prejuízos enormes a pessoas físicas, os pequenos investidores.

CVM monitora IRBR3

Após a polêmica que inundou o mercado financeiro nesta quinta, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) se manifestou e disse que influenciar o preço de ações pode gerar penalidades aos investidores tanto no ramo administrativo quanto penal. "O chamado squeeze, que pode se configurar em situações nas quais um ou mais investidores provocam artificialmente a alta do preço de valores mobiliários, de maneira a causar prejuízos a terceiros ou auferir benefícios indevidos para si ou outros participantes de mercado, é uma das modalidades de manipulação", citou a CVM em nota.

O caso de IRB iniciou aqui no Brasil após ocorrer algo parecido com a empresa GameStop dos Estados Unidos, que subiu 1.600% somente em janeiro deste ano. Por lá, a compra em massa fez as ações da empresa pressionarem os "vendidos" (fundos que apostam na queda do papel) a se desfazerem das posições, o que elevou ainda mais a cotação.