Come-cotas é uma regra de tributação. Por meio dela, o governo cobra do investidor, antecipadamente, duas vezes por ano, o imposto de renda sobre os ganhos de capital alcançados em alguns tipos de fundos de investimentos. Como por exemplo, os de renda-fixa e multimercados.

Diante disso, é fundamental compreender o funcionamento desta regra tributária, pois, no longo prazo, os seus rendimentos podem sofrer um impacto significativo desta alíquota.

Sendo assim, no artigo abaixo, vamos te mostrar como funciona o come-cotas para que você possa avaliar se vale a pena ou não investir em fundos com esse tipo de tributação.

O que é o come-cotas?

Em suma, o come-cotas é um meio de cobrança semestral do imposto de renda. A cobrança ocorre sobre os lucros de aplicações financeiras em certos fundos de investimento.

Essa regra tributária foi criada em 1994, dentro do plano de estabilização econômica instituída pelo Plano Real. Dentre outras medidas, o Plano visava equilibrar as contas públicas.

Diante disso, a alíquota passou a ser cobrada, a cada 6 meses, como uma antecipação do imposto de renda devido sobre os rendimentos de fundos abertos de curto e longo prazo.

Quais são os fundos que cobram come-cotas?

A alíquota do come-cotas incide somente sobre os fundos abertos, como os fundos de rende fixa, fundos DI, os multimercados e os fundos cambiais. São levados em conta, os fundos abertos em que você pode fazer as aplicações ou os resgates a qualquer instante.

Antes de compreender o come-cotas, é preciso que você entenda como funciona a tributação de imposto de renda dos fundos abertos, que acontece pela tabela regressiva do Imposto de Renda. Sem isso, quanto maior o tempo em que o seu dinheiro permanecer investido, menor a alíquota de imposto a recolher no instante do resgate.

Tabela Regressiva de Imposto de Renda
Prazo do Investimento Alíquota IR
Até 180 dias 22,5%
De 181 a 360 dias 20,0%
De 361 a 720 dias 17,5%
Acima de 720 dias 15,0%

Ademais, os fundos de curto prazo possuem alíquota de 22,5% para investimentos até 180 dias, e 20% para aqueles que ficarem por maior período. Já no caso dos fundos de longo prazo, a alíquota começa em 22,5%, podendo ir até 15%, conforme o tempo do investimentos.

Qual a tributação do come-cotas?

A tributação do come-cotas funciona assim:

  • fundos de curto prazo, como os fundos de renda fixa, incide semestralmente 20%;
  • fundos de longo prazo, como os fundos cambiais e multimercados, 15%.

Como você está antecipando tributos ao governo, quando for fazer o resgate de seu fundo de investimento, você vai recolher a diferença de imposto. Ou seja, haverá o abatimento do valor a pagar, o que já foi recolhido por meio do come-cotas.

Ademais, a cobrança do come-cotas acontece a cada 6 meses, sempre no último dia útil dos meses de maio e novembro. Nesses dias, o administrador do fundo é responsável por realizar o repasse de valores à Receita Federal.

Afinal, o come-cotas prejudica a rentabilidade do fundo?

Sim. Ao descontar semestralmente uma parte das contas do fundo, o come-cotas reduz a eficiência dos juros compostos sobre o seu investimento. Afinal, a cada semestre, você perderá mais cotas, e com isso, o seu ganho líquido sobre o valor investido será menor.

Caso o valor referente a essa antecipação de imposto de renda não existisse, e a totalidade das cotas adquiridas seguissem no fundo durante todo o período da aplicação, os juros sobre os juros seriam sobre um valor global bem maior.

Ao longo prazo, essa diferença pode ser substancial. Sendo assim, é muito importante que, ao projetar a valorização de um investimento em fundos de investimento, a cobrança do come-cotas seja considerada na análise.

Quais são outros custos de um fundo de investimentos?

Além do come-cotas, os fundos de investimentos possuem outros custos que também devem ser analisados ao selecionar onde irá aplicar o seu dinheiro. Em suma, todos os fundos cobram a taxa de administração, e alguns deles cobram a taxa de performance:

Taxa de administração É o que remunera o gestor do fundo, bem como cobre as despesas administrativas de funcionamento do mesmo. Nos fundos de gestão passiva, a taxa de administração varia de 0,3% a 0,5%, enquanto os fundos de gestão ativa cobram entre 1% e 4%.
Taxa de Performance Alguns fundos cobram taxa de performance quando o rendimento do fundo ultrapassa o benchmark, que é o índice de referência adotado pelo fundo (CDI, Ibovespa, IPCA, IFIX, entre outros). Trata-se de uma espécie de "prêmio" por performance da gestão.
IOF O Imposto sobre Operações Financeiras é cobrado se você fizer o resgate de um investimento em prazo inferior a 30 dias da data da aplicação. A alíquota do IOF incide sobre o rendimento e é regressiva, desaparecendo no 30º dia.