O governo federal divulgou déficit primário de R$ 252 bilhões para o mês de julho, o que é um recorde causado pela pressão dos pagamentos feitos no auxílio emergencial e da alta de outros gastos incidentes no período. Entretanto, o cenário pode melhorar nos próximos meses na visão de especialistas do governo, que estimam superávit de R$ 5,5 bilhões em outubro e de R$ 5,1 bilhões em novembro.

De outro lado, está a previsão feita pela Secretaria de Política Econômica (SPE) que estima um déficit menor para julho, de R$ 103,5 bilhões, sem previsão de superávits para os próximos meses, conforme prevê o governo. Do contrário, "as expectativas são de aumento de receitas, traduzindo algum otimismo com relação à recuperação da atividade econômica", conforme explica a SPE em nota. Por sua vez, o boletim Prisma Fiscal estima déficit de R$ 26,4 bilhões em outubro e de R$ 40,2 bilhões em novembro.

Em entrevista à agência Reuters, o coordenador-geral de Projeções Econômicas do governo, Bernardo Borba de Andrade, explica que as discordâncias das previsões acontecem por causa das diferentes análises do PIB (Produto Interno Bruto), dos juros e do câmbio deste ano. Sendo que, ainda, o governo espera uma retomada de atividades mais intensa.

"O que a gente tem para o primeiro semestre é uma queda de 5,3%. Então se a gente pensar numa queda de 5,3% e pensar que o segundo semestre deve ser um pouco melhor que o primeiro, o que é natural, a gente estaria convergindo para esse número de 4,7% que estávamos apontando (para o ano). Pode ser que o mercado estivesse olhando para previsões mais pessimistas de PIB", explicou o coordenador-geral à Reuters.

Em contraste com os 4,7% do governo, está a previsão de queda do mercado de 9% a 10% do PIB em 2020.

Rombo no ano pode ser de quase R$ 800 bilhões

O balanço consolidado de 2020 previsto pelos especialistas do governo enxerga um rombo de R$ 787,4 bilhões; enquanto o mercado estima um déficit de R$ 765,9 bilhões nas contas públicas.

No primeiro semestre deste ano, o dano já está contabilizado em R$ 417,217 bilhões, montante influenciado pelas despesas vindas do combate à covid-19 e do apoio aos mais vulneráveis.

A Instituição Fiscal Independente (IFI) divulgou em 11 de agosto que o governo já usou 54,3% do montante de R$ 511,27 bilhões liberados pelo Orçamento de Guerra para custear as medidas contra a Covid-19, o que representa a R$ 277,85 bilhões; desse valor, R$ 167,66 bilhões foram destinados aos pagamentos do auxílio emergencial até este mês, fisgando então 65,9% da verba já gasta.