Tem aumentado, a cada dia, a premissa de promover ações com foco na agenda ESG (ambiental, social e de governança) no mundo corporativo. Diante disso, como vêm ocorrendo esse aumento de demanda, aumenta também o interesse por profissionais que trabalhem com tecnologias que visem ajudar em causas sociais e diminuir os impactos ambientais causados pelo homem.

De acordo com os especialistas, o movimento, que já é expressivo, vai ganhar mais força nos próximos 10 anos. Além disso, uma pesquisa divulgada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), órgão da ONU, mostrou que, até 2030, o mercado de trabalho deve abrir 15 milhões de novas vagas, com este foco, na América Latina.

Em suma, a tendência é que a demanda cresça, em especial, por engenheiros, arquitetos, físicos, geógrafos, químicos e até psicólogos. Abaixo, confira os detalhes.

Empresas buscam novas competências e profissões verde

De acordo com Leonardo Casartelli, head de marketing e produtos do Empregos.com.br:

"São ocupações consideradas tradicionais, mas o que realmente será um diferencial neste momento é a visão desses profissionais sobre as pautas mais urgentes do meio ambiente e da sociedade de modo geral. É preciso buscar soluções para questões ainda não resolvidas. Isso é o que torna um produto ou serviço inovador do ponto de vista ESG".

Exemplo disso, é o engenheiro químico Fernando Silva. Em suma, ele é criador da PWTech, startup que trabalha em parceria com órgãos governamentais, em iniciativas que exigem a purificação de água.

O empreendedor conta que "Percebemos a real demanda no mercado de uma tecnologia que fosse de baixo custo, portátil e eficaz o suficiente para filtrar uma grande quantidade de água contaminada por dia".

Foi assim que o PW5660 foi criado: um equipamento validado pelo corpo técnico da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) que pode despoluir quase 6 mil litros de água em 24 horas.

"Hoje, o sistema é utilizado em missões humanitárias, como aconteceu recentemente na Ucrânia e no Haiti, bem como em projetos sociais que tem como foco levar água potável para comunidades carentes no Brasil, como é o caso do Projeto Nascente, na Ilha do Bororé", explica Fernando.

Ademais, a necessidade por esse produto era tanta que, somente 3 anos depois do nascimento da empresa, a PWTech já possui premiações de inovação e conseguiu um rendimento considerável. "Em 2021, o faturamento foi R$ 2 milhões, mas como a procura está crescendo bastante, a previsão para este ano é que a nossa arrecadação dobre de valor", diz o empreendedor social.

Profissionais precisam se alinhar à agenda ESG

Para conseguir atuar no estilo da PWTech, é necessário adquirir competências que se alinhem à agenda ESG. De acordo com uma pesquisa da Pearson, a crise climática impacta na forma que os profissionais percebem o futuro no mercado de trabalho.

É dito isso, pois o levantamento mostrou, por exemplo, que 50% dos 5 mil entrevistados buscam empregos em setores que impactam, de forma positiva, o meio ambiente. No Brasil, o percentual chega a 63%.

Porém, somente 14% dos brasileiros compreendem o conceito de "habilidades verdes", competências essenciais para uma economia mais sustentável. Diante disso, Leonardo Casartelli, da plataforma Empregos.com.br, enumera as características que mais serão valorizadas pelas empresas que seguem essas tendências:

Visão de futuro

Muito mais do que minimizar os impactos negativos do homem no meio ambiente, as empresas querem prevenir as consequências a longo prazo. "Portanto, é essencial que os profissionais entendam que suas soluções devem ser criadas tendo em vista que os recursos naturais da terra são finitos e precisam ser preservados", explica Casartelli.

Humanidade

De acordo com o especialista, o profissional do futuro deve ser humano. "Colocar-se no lugar do outro será um diferencial importante já que será assim que as empresas conseguirão desenvolver produtos e serviços eficientes e sustentáveis que resolvam as demandas das comunidades que mais precisam".

Engajamento social

Por fim, quem tem interesse em ações sociais e ambientais sem desejar o lucro pessoal, terá vantagens. "Esses profissionais tendem a ser mais solidários e compreensivos que os demais colegas, gerando o espírito de cooperativismo na equipe".