A guerra que está acontecendo no Leste europeu entre a Rússia e a Ucrânia tem se intensificado a cada dia mais. Inclusive, as consequências mais significativas desse conflito não só são sentidas pela população ucraniana como ultrapassam as suas fronteiras.

Por mais distante que o conflito esteja, geograficamente, ele possui efeitos globais em diversas áreas e setores como a economia. Os efeitos são menos dramáticos do que os sentidos pela população que se envolve no conflito. Apesar disso, ainda assim, elas impactam na vida aqui no Brasil.

Isso se dá por conta do efeito dominó causado pelo mercado globalizado no qual vivemos. Os países vendem e compram produtos uns dos outros o tempo todo. Alguns desses países lideram a produção e a venda de certos insumos.

Quando algo ocorre com a produção, a lei da oferta e da demanda entra em ação: se a produção cai por um motivo, e a demanda não se altera ou cresce, os preços sobem. Já se a produção aumenta, sem crescimento da demanda, ou mesmo com a queda dela, os preços caem.

A Rússia e a Ucrânia são peças desse dominó, como todos os países. Por isso, o que está ocorrendo no Leste europeu tem o poder de afetar o bolso de pessoas de todos o mundo, incluindo o Brasil. Abaixo, confira como a guerra afeta a sua vida.

Preços dos itens básicos

Alguns preços já começaram a aumentar na cadeira produtiva. E isso indica um aumento para o consumidor. A Rússia é um dos grandes produtores de petróleo, por exemplo, que por sua vez é a base de muitos produtos, em especial dos combustíveis.

A produção do petróleo não está sendo afetada diretamente. Porém, a invasão russa à Ucrânia gera incerteza no mundo. Em um cenário assim, fazer o estoque é uma das primeiras reações de pessoas e empresas. Entretanto, a produção não acompanhou esse ritmo, e o preço do barril já ultrapassou os US$ 100, o maior valor dos últimos 7 anos.

Logo, esse valor deve ser repassado para as distribuidoras, que por sua vez, repassarão para as revendedoras de gás de cozinha e combustíveis, que assim deve chegar até você. Ou seja, é o efeito dominó.

Há outros efeitos?

O combustível mais caro deixa qualquer transporte mais caro. Ou seja, os mercados costumam pagar mais para que os produtos cheguem até as gôndolas e esse custo pode ser repassado aos preços dos produtos. E se você compra alguma coisa pela internet, também pode ver o frete ficar mais caro.

Além disso, o petróleo é usado na produção de eletrodomésticos, que podem ficar mais saslgados. A Rússia também é uma grande produtora de gás natural, principal matéria-prima da energia elétrica na Europa. Com a procura maior pelo insumo, o preço do gás natural já aumentou e precisa ser repassado aos consumidores e às empresas do continente.

Preço de alimentos

Os dois países em conflito são grandes exportadores de trigo. O trigo é a matéria-prima do pão, das massas e dos biscoitos. Uma procura maior por esse insumo aumenta os preços desses produtos, mesmo que o Brasil não compre o trigo desses países.

Além disso, ainda não se sabe o risco dos produtos serem afetados na região do conflito. Porém, se isso acontecer, a oferta mundial cai, aumentando os preços dessa matéria-prima. Como o trigo tende a ficar caro, as empresas podem buscar alternativos como o milho e a soja. E assim, o aumento da demanda deles, encarece esses produtos.

Crédito mais caro

Por fim, os juros do seu cartão de crédito, do seu financiamento imobiliário, e do crédito que você contrata, também vão aumentar. Tudo isso, por consequência do conflito.

E assim, quando a inflação fica mais alta, o Banco Central usa a taxa Selic para tentar reduzir os preços. Diante de uma inflação maior influenciada pela invasão russa à Ucrânia, esses juros podem ficar mais altos. Logo, o empréstimo deve ficar mais caro também.