O Ibovespa está operando em forte queda nessa sexta-feira, 26 de novembro, numa queda que já totaliza 3,75% apenas hoje. No início da tarde, por volta das 13h30 horas, o índice estava em 101.669 mil pontos. O patamar mais baixo do ano.

E qual a causa de toda essa queda? Na verdade, não é apenas uma, mas várias. Porém, há uma novidade que está trazendo um pouco de pânico em todo o mundo. Confira abaixo.

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Nova variante da covid-19

A última das novidades é uma nova variante da covid-19. O primeiro caso surgiu em Botsuana, no sul do continente africano, ela também já foi encontrada na Africa do Sul e em Hong Kong. Inicialmente denominada de B.1.1.529 ela foi batizada de Omicron pela Organização Mundial da Saúde (OMS), conforme informações divulgadas na tarde dessa sexta-feira.

A decisão é fruto de uma reunião de urgência convocada pelo grupo de trabalho sobre a Covid-19 da OMS. No comunicado, a OMS também classificou a cepa como uma variante de preocupação.

Apesar disso, ainda sabe-se pouco sobre ela: ainda assim, já foi anunciado que ela possui uma combinação atípica de mutações, parece ser muito mais transmissível e pode ser capaz de evitar respostas imunológicas.

Portanto, não se sabe ainda com certeza qual é a eficácia das vacinas para essa variante e as autoridades britânicas deram declarações dizendo que essa pode ser a variante mais desafiadora e significativa até o momento. Em função disso, União Europeia, Reino Unido e Índia já anunciaram controles mais rígidos em suas fronteiras, dando início a uma nova onde de bloqueios que deve se estender, em breve, a outros países.

Especialmente porque em muitos países europeus e asiáticos há uma quarta onda já avançando e causando novas restrições.

Anvisa recomenda restrições de voo

Nesse cenário, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou uma nota nessa sexta-feira, recomendando que o governo brasileiro adote medidas de restrição para voos e viajantes procedentes de países como a África do Sul, Botsuana, Eswatini, Lesoto, Namíbia e Zimbábue - onde a nova cepa já foi observada.

"De acordo com a Lei 13.979/2020, compete à Anvisa emitir manifestação técnica fundamentada de assessoramento às decisões interministeriais sobre eventuais restrições para ingresso no território brasileiro", informou a agência. "A efetivação das medidas, contudo, depende de portaria interministerial editada conjuntamente pela Casa Civil, pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Infraestrutura e pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública", completou.

Bolsonaro não pretende implementar medidas

Antes da publicação dessa nota, o presidente Jair Bolsonaro, em conversa com apoiadores na frente do Palácio da Alvorada na manhã de hoje, disse estar ciente de uma nova onda, mas rebateu as sugestões de fechamento dos aeroportos para tentar reduzir o contágio.

"Que loucura é essa? Fechou o aeroporto, o vírus não entra? Já está aqui dentro", declarou Bolsonaro ao ser questionado, de forma genérica, sobre a possibilidade de restringir a entrada de estrangeiros no país. "Tem que aprender a conviver com o vírus", repetiu.

Quando o apoiador citou a quarta onda que ocorre na Europa o presidente respondeu apenas dizendo "você está vendo muita Globo".

Posteriormente, na tarde dessa sexta-feira, o presidente voltou a falar com a imprensa e reiterou que o Brasil não deverá adotar restrições. Em sua fala ele disse que tomará "medidas racionais".

"Tudo pode acontecer. Uma nova variante é um novo vírus. O que fazer? Tem que se preparar! O Brasil não aguenta um novo lockdown", destacou ele. "Não adianta se apavorar, (é) encarar a realidade", acrescentou ainda.

Belgica já detectou nova variante em seu território

Nesse meio tempo a Bélgica, país localizado na Europa, anunciou a detecção, nessa sexta-feira, dia 26, do primeiro caso confirmado da nova variante. O país também anunciou medidas de restrição para tentar conter o avanço dela.

Em entrevista coletiva, o ministro da Saúde do país, Frank Vandenbroucke, disse que o caso foi detectado em uma pessoa não vacinada, que desenvolveu sintomas e testou positivo no dia 22 de novembro, 11 dias após voltar de uma viagem ao Egito, passando pela Turquia. Seus sitomas, até o momento, são semelhantes aos de gripe.

Principais quedas na bolsa

Como já era de se esperar, em função desses novos fechamentos e restrições, as empresas que têm relação com o turismo voltaram a sofrer e, não à toa, elas estão entre as maiores quedas da bolsa hoje.

Veja na imagem abaixo:

Créditos: Reprodução/Poupar Dinheiro
Créditos: Reprodução/Poupar Dinheiro

As companhias aéreas Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) se destacam com 12,87% e 11,09% dee queda, respectivamente. Além delas, a agência de turismo CVC (CVCB3) está caindo 9,22% e a Embraer (EMBR3) registra uma baixa de 8,89% em sua cotação.

Entre elas está a PetroRio (PRIO3), empresa petrolífera. Ela está a frente de uma queda significativa que ocorre também com outras empresas desse setor, como Petrobras, PetroRecôncavo, 3R e Enauta.

Essa queda se dá em função, em parte, por causa dessa nova onda de covid-19, em parte em função da elevações do preço do petróleo e, em parte ainda, devido a uma tendência de baixa do índice mesmo, que vem sendo registrada nas últimas semanas.

O que dizem os analistas?

Para a maioria dos especialistas que se manifestaram sobre essa situação, ainda é cedo para medir os impactos que essa nova variante pode (ou não) causar na economia, no mercado financeiro. Robert Attuch, da Ohmresearch disse que é preciso esperar os infectologistas trazerem mais informações sobre ela para que se possa dizer ou fazer qualquer coisa.

Já o Banco Itaú acredita que a reação do mercado está sendo exagerada e que muitos estão assumindo desde já que a novidade vai impactar muito fortemente na economia global, mas que não é possível saber isso ainda.

A orientação dos especialistas, portanto, é de que os investidores tenham calma, não se desesperem e procurem proteger seus investimentos, mas sem reações drásticas e impulsivas.

União Europeia autoriza entrada de turistas vacinados com CoronaVac

E no meio desse cenário caótico, também houve uma notícia boa para os brasileiros. A União Europeia decidiu permitir a entrada de viajantes vacinados contra a covid-19 com a CoronaVac, vacina do Butantan e da farmacêutica chinesa Sinovac.

A decisão, foi divulgada nesta quinta-feira, dia 25, em comunicado da Comissão Europeia que inclui 27 países, passa a valer em 10 de janeiro de 2022. Assim, os países europeus passam a focar no status de saúde do viajante e não mais no seu país de origem.

A recomendação é de que os turistas tenham concluído a série de vacinação (primeira e segunda doses) há menos de nove meses da data da viagem ou recebido uma dose adicional. Será necessária a apresentação de teste de PCR negativo antes da viagem.

Crianças e adolescentes entre os seis e 17 anos ainda não vacinados poderão viajar para a União Europeia com um teste PCR negativo feito antes da partida. Os países do bloco podem ainda exigir testes adicionais após a chegada, quarentena ou autoisolamento. Crianças menores de 6 anos estão liberadas dessas exigências.