O Pix está se tornando um dos maiores meios de pagamento disponíveis no Brasil. Por conta do seu sucesso, várias funcionalidades vêm sendo criadas, de forma a reforçar a solução de pagamentos criada pelo Banco Central.

Uma dessas funcionalidades é o Pix Parcelado. O mesmo possibilita que os usuários parcelem o valor da transação, e já vem sendo ofertado por alguns bancos como o Santander. Entretanto, o seu uso deve ser feito com cautela.

É dito isso pois a dívida do Pix parcelado pode se tornar uma bola de neve assim como a dívida do cartão de crédito. Sendo assim, abaixo, confira os detalhes.

Por que o pix parcelado pode se tornar um vilão?

De acordo com a planejadora financeira Aline Soaper, e Cláudia Yoshinaga, professora e coordenadora do Centro de Estudos em Finanças da FGV EAESP, os consumidores precisam ficar atentos.

Para exemplificar, Aline citou casos em que o consumidor fazia um pix com valores baixos entre R$ 10 e R$ 20, e no final do mês, a conta estava em mais de R$ 500. Em suma, os grandes vilões das finanças pessoais são os pequenos gastos, que as pessoas fazem quase sem perceber.

"E agora a gente tem outro problema, a nova modalidade de parcelamento do PIX. Já vi casos em que a pessoa pode parcelar o pagamento em até 24 vezes, uma nova espécie de cheque pré-datado, mas com juros altos. Quem recebe, ganha à vista, mas quem parcela arca com o juro", explicou Soaper.

E o problema pode aumentar ainda mais se a parcela do Pix é debitada de forma automática da conta do consumidor. Assim, o pagamento é feito de qualquer forma, mesmo que a pessoa não possua saldo. Ou seja, pode fazer com que o dinheiro saia do cheque especial, e assim, o consumidor entre nos juros da modalidade, que são extremamente altos.

Enquanto isso, Yoshinaga diz que o efeito psicológico causado pelas operações de crédito que usam cartão e cheque especial. Em suma, as pessoas começam a considerar, de forma automática, o limite do cheque especial, e do cartão com renda disponível.

"Existem várias pesquisas que mostram como as pessoas associam limite de crédito como parte da renda e dinheiro disponível, uma associação que não deveria ser feita", explica Yoshinaga.

Ademais, a professora diz que as pessoas tendem a gastar mais quando pagam com celular, relógio ou cartão. Isso acontece, porque elas não veem o dinheiro físico indo embora. "Quando você não vê o dinheiro transitar, o sentimento de perda diminui. Quando você dá uma encostada de celular, relógio ou faz um PIX, não vê o dinheiro. Isso pode explicar um grau maior de impulsividade das compras", explicou Yoshinaga.