Não é de hoje que os golpes estão presentes na vida da maioria dos brasileiros. Provavelmente você já foi vítima de um golpe ou conhece alguém que foi, não é mesmo? Inclusive, um documentário e uma série da Netflix lançados recentemente levantaram aspectos sobre por que as pessoas caem em golpes.

No filme O golpista do Tinder e na série Inventando Anna, são contadas as histórias de dois aproveitadores que, através de planos mirabolantes, abusam da ingenuidade de suas vítimas para obter muito dinheiro.

A história real que inspirou a trama Inventando Anna, é da imigrante russa Anna Sorokin, que utiliza o nome Anna Delvey e finge ser uma herdeira alemã que tem interesse em abrir um clube para artistas. A golpista obteve mais de US$ 275 mil. Ela foi descoberta pois estava com muitos cheques sem fundo e dívidas não pagas.

No caso do Golpista do Tinder, Simon Hayut, um israelense que se apresentava como Simon Leviev, herdeiro de um império de diamantes, e assim enganava mulheres que conhecia no aplicativo de relacionamento Tinder. Com esses golpes, o criminoso levantou uma quantia estimada de US$ 10 milhões.

Abaixo, entenda melhor o que faz com que as pessoas sejam enganadas pelos golpistas.

Como as pessoas caem nos golpes?

Muitos golpes de hoje lembram as pirâmides financeiras. Outros golpes que estão muito em alta são os que envolvem bitcoins ou outras criptomoedas, como o caso do Faraó do Bitcoin, suspeito de montar um esquema fraudulento na Região dos Lagos, no Rio de Janeiro.

Recentemente, também houve o caso do Bernard Madoff, morto no ano passado. Ele causou prejuízos estimados em US$ 65 bilhões entre seus clientes, com promessas de rendimentos irreais.

Infelizmente, muitos internautas acabam culpando as vítimas por terem caído em golpes financeiros. Mas a verdade é que os golpistas exploram as pessoas que acreditam, de forma inofensiva, nesses picaretas de boa lábia.

Afinal de contas, é do ser humano confiar em outras pessoas, como mostra um estudo da psicóloga social Vanessa Bohns, professora associada da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e autora de um livro sobre o poder da persuasão.

Muitos estudos apontam que as pessoas preferem acreditar em histórias alheias, sem duvidar do mentiroso, para não gerar constrangimentos para si e nem para a outra pessoa.

Estudo sobre comportamento e confiança

É claro que todo golpista usa alguns artifícios a seu favor, como conversas que parecem muito ser verdadeiras e seu charme. Nos estudos feitos sobre o comportamento e confiança, as pessoas se mostraram dispostas a dar dinheiro para estranhos. A regra básica era dizer que poderiam emprestar dinheiro para outros participantes e receber de volta com juros acrescidos, mas havia riscos de não serem pagos.

A grande maioria dos participantes eram pessoas cuidadosas com seu dinheiro. Curiosamente, alguns entendiam que, mesmo fazendo o empréstimo, não voltariam a ter o valor de volta. Porém, mesmo assim aceitaram.

E, por incrível que pareça, as pessoas mentem menos do que pensamos. Em 2021, o professor da Universidade do Oregon, David Markowitz, verificou que, dentro de um grupo de 250 pessoas, a maioria mentia pouco ou nada. É normal que as pessoas digam a verdade sobre algum investimento ou sobre sua condição financeira.