A Raízen e a Shell firmaram um acordo com a Ferrari, para disponibilizar etanol de segunda geração, e de alta performance para a equipe de Fórmula 1 em 2022. Nesse ano, a principal categoria do automobilismo começa o uso de mistura de 10% do biocombustível na gasolina (E10).

A Shell é parceira da Ferrari há 70 anos, e estima que a exposição do produto nas pistas de corrida deve atrair mais consumidores para o combustível renovável. Isso deve acontecer, no momento em que ganham ainda mais força, as iniciativas globais para descarbonizar a matriz energética, como medidas da Índia para antecipar o uso de maiores misturas de etanol na gasolina.

Ademais, a Raízen, joint venture da Shell com o conglomerado brasileiro Cosan, é uma das poucas companhias no mundo já com a oferta em escala comercial do etanol de segunda geração (2G). Ela apresenta até 86% menos emissões de gases do efeito estufa que o combustível fóssil.

Raízen e Shell vão fornecer etanol para Fórmula 1

O etanol de 2G, que tem a mesma composição química do combustível comum, além da tecnologia V-Power da Shell, é fabricado através da palha e do bagaço da cana, resíduos que antes sobravam na lavoura e no processo produtiv. E agora, eles passam por um tratamento de hidrólise e dupla fermentação.

O processo, já usado em unidade da Raízen no interior de São Paulo, ainda disponibiliza uma elevação da produção de etanol de até 50% sem o aumento de área plantada, visto que usa resíduos como matéria-prima. A companhia já iniciou os trabalhos para uma segunda fábrica do etanol celulósico, o que aumentará a capacidade anual da empresa de etanol 2G de 40 milhões para em torno de 120 milhões de litros, em 2023.

De acordo com o presidente-executivo da Raízen, Ricardo Mussa:

"É apenas o começo, lembre-se que temos 4 bilhões de litros de produção de etanol de primeira geração e podemos chegar a até 2 bilhões de litros de combustível avançado de segunda geração, sem plantar um acre adicional, tudo pode ser feito na mesma área, é incrível em termos ambientais".

Segundo ele, cada nova unidade de produção de etanol de 2G, com a capacidade para 85 milhões de litros, precisaria de investimentos entre 800 milhões a 1 bilhão de reais. Mussa explica que "Temos potencial de ir até 20 a 25 unidades (de etanol de segunda geração), dependendo da quantidade de biomassa".

A partir do acordo, as companhias afirmam que a parceira Ferrari vai poder largar na frente de outras equipes. E isso, eventualmente levou a usar o etanol de primeira geração, uma vez que a mistura E10 é um passo inicial da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), que deseja que a Fórmula 1, tenha combustíveis sustentáveis até 2025.