Neste ano, a inflação era projetada em 5,5%, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Porém, neste mês de agosto, o índice já está em 6,20%, podendo atingir 7% até o fim do ano. Tendo como base essa informação, o salário mínimo de 2022 deveria ter o maior reajuste dos últimos seis anos, chegando a R$ 1.177 a partir do dia 15 de janeiro de 2022.

Vamo entender?

Maior aumento desde o ano do impeachment

A última vez que o salário mínimo brasileiro teve um aumento tão grande foi em 2016. Em meio ao ano do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a crise econômica deixou a inflação próxima de 5,5%, Naquele ano, o mínimo teve um reajuste de 11,6%. Veja abaixo:

Últimos reajustes do salário mínimo brasileiro

  • 2016: 11,6% (R$ 880)
  • 2017: 6,48% (R$ 937)
  • 2018: 1,81% (R$ 954)
  • 2019: 4,61% (R$ 998)
  • 2020: 4,7% (R$ 1.045)
  • 2021: 5,22% (R$ 1.100)

Sem aumento real

De lá para cá, porém, o salário mínimo, não teve um aumemento real. Isso porque seus reajustes estão sendo apenas para manter o poder de compra da população equilibrado. Lembrando que a inflação ocorre quando os produtos aumentam de valor. Com isso, a população acaba perdendo o poder de compra. E quando há o reajuste, ele visa recuperar esse poder aquisitivo.

De acordo com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), o brasileiro deveria receber R$ 5.421,84 por mês para sustentar uma família com o básico, cobrindo a inflação atual.

O que diz a LDO?

O problema é que na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) publicada recentemente, a previsão é de que o salário fiquem em R$ 1.147. Isso representa um aumento de 4,3%, que poderia ser bom, não fosse justamente o INPC que já está bem acima disso.

Isso significa que, se os R$ 1.147 forem confirmados, não haverá ganho nenhum. Na verdade, considerando a inflação de quase 7%, os brasileiros, mesmo com o reajuste, continuarão com um poder de compra menor.

Reajuste do salário mínimo 2022 aumentará despesas dos cofres públicos

Além do salário mínimo, a inflação impacta também nos programas sociais, como aposentadorias e pensões do INSS, seguro-desemprego e abono salarial. E como consequência, o aumento no reajuste do salário mínimo causa um gasto ainda maior aos cofres públicos.

De acordo com o Ministério da Economia, cada real a mais no salário mínimo gera um aumento nos gastos governamentais de R$ 315,4 milhões. Com um aumento de R$ 77 a mais, o valor que o governo gastará a mais pode ser maior do que R$ 24 bilhões.