Uma das formas de avaliar como está a economia de um país é observando a inflação, ou seja, como está a elevação dos preços dos produtos dentro daquele país e se há perda do poder de compra das pessoas que vivem nele. E para calcular a inflação são utilizados alguns métodos.

Existem vários deles, mas oficialmente, no Brasil, dois deles são os mais importantes: o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Eles são bastante citados por especialistas, mas afinal, como funcionam esses índices? Pensando em esclarecer tudo isso a gente traz esse artigo.

Saiba tudo sobre o INPC e o IPCA abaixo.

Qual a diferença entre IPCA e INPC?

O propósito de ambos é o mesmo: medir a variação de preços de uma cesta de produtos e serviços consumida pela população. O resultado mostra se os preços aumentaram ou diminuíram de um mês para o outro.

A principal diferença entre ambos os índices está na população que cada um deles engloba. Enquanto o INPC verifica a variação do custo de vida médio apenas de famílias com renda mensal de 1 a 5 salários mínimos o IPCA engloba uma parcela maior da população. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda mensal de 1 e 40 salários mínimos.

Dessa forma, o IPCA acaba sendo utilizado para a apontar a inflação de uma forma mais geral, a inflação oficial, porém, o INPC é muito importante também porque ele vai mostrar como está a inflação para aqueles que possum uma renda menor, que são das classes mais baixas. É justamente por isso que o INPC é utilizado para apontar os reajustes do INSS, por exemplo, já que os aposentados pelo INSS recebem no máximo até 5 salários mínimos.

Como são calculados?

O IBGE faz levantamentos mensais, em cerca de 13 áreas urbanas do país, avaliando aproximadamente 430 mil preços em 30 mil locais. Todos esses preços são comparados com os preços do mês anterior, resultando num único valor que reflete a variação geral de preços ao consumidor no período.

É interessante saber que a cesta básica avaliada, ou seja, os produots que terão seus preços analisados, é definida pela Pesquisa de Orçamentos Familiares - POF, do IBGE, que, entre outras questões, verifica o que a população consome e quanto do rendimento familiar é gasto em cada produto: arroz, feijão, passagem de ônibus, material escolar, médico, cinema, entre outros.

Os índices, portanto, levam em conta não apenas a variação de preço de cada item, mas também o peso que ele tem no orçamento das famílias.

E qual a relação dos índices com a inflação e com o poder de compra?

Basicamente, se a variação do seu salário, de um ano para o outro, for menor do que o IPCA ou o INPC, você perde seu poder de compra, pois isso significa que os preços subiram mais do que a sua renda.

Se a inflação e o seu salário têm a mesma variação, seu poder de compra se mantém. Se você, porém, receber um aumento acima do IPCA, seu poder de compra aumentará.

Vale ressaltar que inflação é o nome dado ao aumento dos preços de produtos e serviços. Ela é calculada pelos índices de preços, comumente chamados de índices de inflação.

Como eles se saíram em 2022

Abaixo veja como foram seus resultados em 2022.

IPCA fecha 2022 em 5,79%

O IPCA encerrou o ano com variação de 5,79%, abaixo dos 10,06% registrados em 2021, mas ainda assim acima da meta que era de 3,5% podendo chegar a 5%. Na tabela abaixo, pode-se observar as variações mensais do índice em 2021.

Mês Variação (%)
Janeiro 0,54%
Fevereiro 1,01%
Março 1,62%
Abril 1,06%
Maio 0,47%
Junho 0,67%
Julho -0,68%
Agosto -0,36%
Setembro -0,29%
Outubro 0,59%
Novembro 0,41%
Dezembro 0,62%
Total 5,79%
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

O resultado de 2022 foi influenciado principalmente pelo grupo Alimentação e bebidas (11,64%), que teve o maior impacto (2,41 p.p.) no acumulado do ano. Em seguida, Saúde e cuidados pessoais, com 11,43% de variação e 1,42 p.p. de impacto.

A maior variação veio do grupo Vestuário (18,02%), que teve altas acima de 1% em 10 dos 12 meses do ano. O grupo Habitação ficou próximo da estabilidade, com 0,07% de variação, e os Transportes (-1,29%) tiveram a maior queda e o impacto negativo mais intenso (-0,28 p.p.) entre os nove grupos pesquisados.

INPC fechou o ano com alta de 5,93%

O INPC fechou o ano de 2022 com alta de 5,93%, abaixo dos 10,16% registrados em 2021.

Os destaques foram os alimentícios, que tiveram alta de 11,91%, enquanto os não alimentícios variaram 4,08%. Em 2021, o grupo Alimentação e bebidas havia apresentado variação de 7,71% e, os não alimentícios, de 10,93%.

Em relação aos índices regionais, a maior taxa ficou com a região metropolitana de São Paulo (7,22%), especialmente por conta das altas do emplacamento e licença (23,66%), e do aluguel residencial (10,48%).

A menor variação ocorreu na região metropolitana de Porto Alegre (3,05%), cujo resultado foi influenciado pelo recuo nos preços da gasolina (-30,90%) e da energia elétrica residencial (-32,79%).

IPCA e INPC hoje, em 2023

O IBGE ainda não divulgou os dados completos referentes a janeiro de 2023 - isso deve acontecer nessa quinta-feira, 9 de fevereiro, segundo o calendário do IBGE - mas já foi divulgada a prévia do IPCA, o IPCA-15. E em janeiro ele ficou em 0,55%, 0,03 ponto percentual acima do resultado de dezembro.

Assim, nos últimos 12 meses, o IPCA-15 tem um acumulado de 5,87%, abaixo dos 5,90% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Em janeiro de 2022, o IPCA-15 foi de 0,58%.

Nesse levantamento observou-se que todos os nove grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta em janeiro.

Os maiores impactos vieram de Saúde e cuidados pessoais (1,10%) e Alimentação e bebidas (0,55%), com 0,14 p.p. e 0,12 p.p. respectivamente. A maior variação, por sua vez, ficou com Comunicação (2,36% e 0,11 p.p.). Os demais grupos ficaram entre o 0,17% de Transportes e de Habitação e o 0,57% de Despesas pessoais.

Outros índices de inflação do IBGE

Além do IPCA e do INPC, o IBGE produz outros quatro índices de inflação:

  • IPCA-15: difere do IPCA apenas no período de coleta, que abrange, em geral, do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês de referência. Funciona como uma prévia do IPCA;
  • IPCA-E: é o acumulado trimestral do IPCA-15;
  • IPP: é voltado para a indústria e mede a variação de preços de venda recebidos pelos produtores de bens e serviços. Sua sigla corresponde ao Índice de Preços ao Produtor; e
  • SINAPI: é produzido em conjunto com a Caixa Econômica Federal - Caixa e mede a variação de preços para o setor habitacional e de construção. Sua sigla corresponde ao Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil.

Índices de inflação de outras instituições

Outras instituições também produzem índices de inflação. Esses são alguns dos mais importantes:

  • IGP-M: o Índice Geral de Preços do Mercado, calculado pela Fundação Getulio Vargas - FGV, é formado por três índices diversos que medem os preços por atacado (IPA-M), ao consumidor (IPC-M), e de construção (INCC). O IGP-M é comumente usado para contratos de aluguel, seguros de saúde e reajustes de tarifas públicas; e
  • IPC-Fipe: o Índice de Preços ao Consumidor, calculado pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas - FIPE, mede a variação de preços no Município de São Paulo. Ele aponta a variação do custo de vida médio de famílias com renda de 1 a 10 salários mínimos.

Então, agora deve ter ficado mais claro como funcionam esses cálculos de índices e inflação e porque esse nome (INFLAÇÃO) preocupa tanto, né?

Com informações Agência IBGE Notícias.