A inflação oficial do Brasil, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), fechou o ano de 2021 em 10,06%, segundo informações divulgadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nessa terça-feira, 11 de janeiro de 2022.

Segundo o relatório, o mês de dezembro de 2021 regitrou uma alta de 0,73% no preço médio de uma série de produtos avaliados pela pesquisa, que é realizada mensalmente. Unindo esse dado aos demais de 2021 chegou-se a uma alta de 10,06%, bem acima do teto da meta que havia sido estipulado anteriormente.

A meta da inflação para 2021 era de 3,75%, com uma margem de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, de forma que o teto da meta era 5,25%. Ao longo do ano, porém, conforme a inflação foi se mostrando cada vez mais elevada, o mercado e os órgão ligados à economia do Brasil já concordavam que a inflação passaria bastante da meta.

Inflação 2021 por grupos de produtos

O resultado de 2021 foi influenciado principalmente pelo grupo Transportes, que apresentou a maior variação (21,03%) e o maior impacto (4,19 p.p.) no acumulado do ano. Em seguida vieram Habitação (13,05%), que contribuiu com 2,05 p.p., e Alimentação e bebidas (7,94%), com impacto de 1,68 p.p. Juntos, os três grupos responderam por cerca de 79% do IPCA de 2021.

"O grupo dos Transportes foi afetado principalmente pelos combustíveis", explica o gerente do IPCA, Pedro Kislanov. "Com os sucessivos reajustes nas bombas, a gasolina acumulou alta de 47,49% em 2021. Já o etanol subiu 62,23% e foi influenciado também pela produção de açúcar", complementa.

Outro destaque nos Transportes foi o preço dos automóveis novos (16,16%) e usados (15,05%). "Esse aumento se explica pelo desarranjo na cadeia produtiva do setor automotivo. Houve uma retomada na demanda global que a oferta não conseguiu suprir, ocorrendo, por exemplo, atrasos nas entregas de peças e, as vezes do próprio automóvel", contextualiza Kislanov.

Já no grupo Habitação, a principal contribuição (0,98 p.p.) veio da energia elétrica (21,21%). "Ao longo do ano, além dos reajustes tarifários, as bandeiras foram aumentando, culminando na criação de uma nova bandeira de Escassez Hídrica. Isso impactou muito o resultado de energia elétrica, que tem bastante peso no índice", explica Kislanov. Ele destaca, ainda, no grupo Habitação, o item gás de botijão (36,99%), que subiu em todos os meses de 2021 e teve o segundo maior impacto no grupo, de 0,41 p.p.

No grupo Alimentação e bebidas, a variação de 7,94% foi menor que a do ano anterior (14,09%), quando contribuiu com o maior impacto entre os grupos pesquisados. Ainda assim, Kislanov destaca alguns itens, como o café moído, que subiu 50,24%, e o açúcar refinado, que teve alta de 47,87%. Além disso, o grupo dos vestuários (10,31%) fechou 2021 com a quarta maior variação entre os grupos.

IPCA de dezembro fica em 0,73%

Em dezembro de 2021, todos os grupos de produtos e serviços pesquisados tiveram alta, mas o destaque ficou com o grupo Vestuário (2,06%), que acelerou em relação a novembro (0,95%). Veja os detalhes na tabela abaixo:

Grupo Variação (%) Impacto (p.p.)
Novembro Dezembro Novembro Dezembro
Índice Geral 0,95 0,73 0,95 0,73
Alimentação e Bebidas -0,04 0,84 -0,01 0,17
Habitação 1,03 0,74 0,17 0,12
Artigos de Residência 1,03 1,37 0,04 0,05
Vestuário 0,95 2,06 0,04 0,09
Transportes 3,35 0,58 0,72 0,13
Saúde e Cuidados Pessoais -0,57 0,75 -0,07 0,09
Despesas Pessoais 0,57 0,56 0,06 0,06
Educação 0,02 0,05 0,00 0,00
Comunicação 0,09 0,34 0,00 0,02
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

O maior impacto (0,17 p.p.), no entanto, veio de Alimentação e bebidas, que subiu 0,84% no mês. Kislanov destaca as altas nos preços do café moído (8,24%), das frutas (8,60%) e das carnes, que subiram 1,38% em dezembro após uma queda de 1,38% em novembro. "No caso das carnes, além do aumento da demanda no fim do ano, houve a questão do embargo chinês, imposto em setembro e retirado em meados de dezembro. Isso pode ter afetado os preços também", ressalta.

Kislanov destaca ainda a desaceleração observada no grupo dos Transportes (de 3,35% para 0,58%), consequência principalmente da queda no preço dos combustíveis (-0,94%), depois de sete meses seguidos de alta. "Mesmo assim, ainda houve alta nos transportes", observa.

Inflação de dezembro por região

No que concerne aos índices regionais, todas as áreas pesquisadas tiveram alta em dezembro. A maior variação ocorreu no município de Rio Branco (1,18%), por conta dos itens de higiene pessoal (3,34%) e dos automóveis novos (3,37%). Já o menor resultado foi observado em Brasília (0,46%), onde pesou a queda nos preços da gasolina (-3,38%).

Região Peso Regional (%) Variação (%) Variação Acumulada (%)
Novembro Dezembro Ano
Rio Branco 0,51 0,82 1,18 11,43
Recife 3,92 1,02 1,05 10,42
Salvador 5,99 1,42 1,04 10,78
Belém 3,94 -0,03 0,95 8,10
São Luís 1,62 0,73 0,94 9,91
Aracaju 1,03 0,92 0,92 10,14
Porto Alegre 8,61 0,96 0,83 10,99
Belo Horizonte 9,69 0,92 0,75 9,58
Vitória 1,86 1,01 0,73 11,50
Rio de Janeiro 9,43 0,88 0,70 8,58
São Paulo 32,28 0,86 0,70 9,59
Goiânia 4,17 1,39 0,58 10,31
Fortaleza 3,23 1,06 0,55 10,63
Curitiba 8,09 1,07 0,51 12,73
Campo Grande 1,57 1,47 0,47 10,92
Brasília 4,06 1,04 0,46 9,34
Brasil 100,00 0,95 0,73 10,06
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Índices de Preços

Histórico da inflação em 2021 - mês a mês

E para relembrar, veja abaixo quais foram os resultados da inflação oficial do Brasil ao longo de 2021:

Mês Inflação registrada
Janeiro 0,25%
Fevereiro 0,86%
Março 0,93%
Abril 0,31%
Maio 0,83%
Junho 0,53%
Julho 0,96%
Agosto 0,87%
Setembro 1,16%
Outubro 1,25%
Novembro 0,95%
Dezembro 0,73%
Total 10,06%
Fonte: IBGE
Fonte: IBGE

Com informações Agência IBGE Notícias