O Pix acabou de completar 2 anos de existência e é um queridinho dos brasileiros. Instantâneo e gratuito, em pouco tempo ele passou a ser um dos meios de transações mais utilizados no país e por isso vem impactanto mais do que se imagina.

A informação é do Banco Central, que publicou nessa terça-feira, 22 de novembro, as Estatísticas de Pagamentos de Varejo e de Cartões no Brasil, referentes ao ano de 2021. Na oportunidade, alguns dados referentes ao primeiro semestre de 2022 também foram divulgados.

Essas estatísticas compilam informações enviadas pelos diversos participantes do mercado sobre o uso dos instrumentos de pagamento no país, o mercado de cartões de pagamento e os canais de serviços providos para acesso às transações bancárias. Além disso, a pesquisa também contém informações coletadas das infraestruturas operadas pelo Banco Central.

Quer saber mais sobre os resultados apresentados por ela? Veja abaixo.

58,8 bilhões de transações

Em 2021, as transações de pagamento - excluídas aquelas feitas em dinheiro - totalizaram 58,8 bilhões e um montante financeiro de R$ 76,9 trilhões. Isso equivale a 9 vezes o PIB e um crescimento de 40% na quantidade de transações e de 27% no volume transacionado, em relação a 2020.

Segundo o BC, o Pix tem relação direta com esse crescimento que o órgão chamou de "forte evolução". A adoção dessa modalidade de transferência instantânea como uma nova alternativa facilitou na realização dessas transações.

Além disso, houve uma expansão do mercado de cartões, que manteve crescimento nas modalidades de crédito (34%), débito (18%), e pré-pago (213%).

Foi observado, ainda, um discreto crescimento no uso do débito direto (9%) e do boleto (9%), e redução no uso do cheque, transferências interbancárias e intrabancárias.

Quantidade de transações feitas por meio de pagamento. Créditos: Reprodução/BC
Quantidade de transações feitas por meio de pagamento. Créditos: Reprodução/BC
Valores das transações por meio de pagamento. Créditos: Reprodução/BC
Valores das transações por meio de pagamento. Créditos: Reprodução/BC

Pix se destaca

Em relação ao tipo de instrumento de pagamento e à participação de cada um deles na quantidade de transações, o Pix teve grande destaque, é claro. Ele atingiu o patamar de 16% nas transações em 2021.

Como consequência direta, segundo o BC, outros instrumentos tiveram queda em seus usos como meio de pagamento. É o caso do boleto, por exemplo, que caiu de 13% em 2020 para 10% em 2021. Também aconteceu isso com o débito direto que caiu de 15% para 11% de um ano para o outro.

Inclusive, a participação das transações com cartões, também caiu. Ela respondeu por 51% dos pagamentos em 2021. Em 2020 havia sido de 53%.

Participação Percentual Por Instrumento. Créditos: Reprodução/BC
Participação Percentual Por Instrumento. Créditos: Reprodução/BC

Telefones são o principal canal

Já em relação ao canal de serviços utilizados para as transações financeiras - que podem ser internet, telefone celular, agências e postos de atendimento, correspondentes no país, ATM e centrais de atendimento - o uso de telefones celulares chamou a atenção.

Esse canal representou 68% do número total de transações em 2021, alcançando o posto de principal canal.

Especificamente em relação a transações de pagamento - exceto aquelas feitas em dinheiro, é claro - o celular foi responsável por 60% da quantidade de transações e as realizadas em agências e postos de atendimento e ATM correspondem a cerca de 8% do total.

No entanto, na hora de fazer transferência de valor mais altos, em 2021 a população ainda preferiu a TED. Esse foi o instrumento que apresentou o maior valor médio por transação em 2021, R$ 27.855, seguido da transferência intrabancária, com R$ 14.767.

Em segundo lugar ficaram as transações com boleto, cuja média atingiu R$ 1.322, ao passo que a transação média com Pix foi de R$ 548 e com cartão de R$ 86.

Transações por canal de acesso. Créditos: Reprodução/BC
Transações por canal de acesso. Créditos: Reprodução/BC

Pré-pago também cresceu

No mercado de cartões especificamente, destaca-se o crescimento significativo do pré-pago no ano de 2021, correspondendo a 13% da quantidade de transações com cartões. Apenas a título de comparação, em 2020, eles representavam 6% apenas.

O ticket médio dos cartões pré-pagos foi de R$ 31, bem inferior aos do cartão de crédito e do cartão de débito, em torno de R$ 123 e R$ 67, respectivamente.

O Banco Central ressaltou que:

"o cartão pré-pago é um relevante indutor de inclusão financeira que, junto com outros instrumentos de pagamento, vem promovendo acesso à digitalização de pagamentos e a transações de comércio eletrônico"

Eles são ofertados, principalmente, por instituições de pagamento (fintechs).

Compras pela internet

O percentual de transações não presenciais - ou seja, feitas de forma online - com cartões de crédito continuou subindo como já vem acontecendo nos úlimos anos, correspondendo a 29,2% no último trimestre de 2021, ante 27,2% atingido ao final de 2020.

Já as compras desse tipo feitas na função débito, diminuiram, representando somente 3,2% das transações realizadas nessa modalidade, ante 3,9% ao fim do ano anterior.

Tarifas de Intercâmbio estáveis

Quanto às Tarifas de Intercâmbio (TIC) praticadas no mercado de cartões, todas têm apresentado relativa estabilidade nos últimos anos. Ao fim de 2021, a TIC do pré-pago (1,25%) encontrava-se em nível significativamente maior que a observada no débito (0,54%) e mais próxima da TIC praticada no crédito (1,61%).

Mas é preciso lembrar que a Resolução BCB nº 246, de 26 de novembro de 2022, estabeleceu um limite para a TIC nas transações com cartão pré-pago e reduziu o limite máximo para a TIC do cartão de débito.

Em relação às taxas praticadas para aceitação dos instrumentos no comércio (conhecido no mercado como taxa de desconto ou MDR), observou-se, para o cartão de crédito, uma leve alta nas taxas de descontos, de 2,15% no quarto trimestre de 2020 para 2,26% no quarto trimestre de 2021, enquanto para o cartão de débito e pré-pago, a taxa de desconto média apresentou pequena redução, de 1,17% para 1,10% e de 1,92% para 1,74%, respectivamente.

- O relatório completo do Banco Central pode ser conferido clicando aqui.