A Vibra Energia, antiga BR Distribuidora (BRDT3), divulgou nesta segunda-feira, 30 de agosto, que na véspera foi firmado acordo para criação de uma Joint Venture (JV) com a Copersucar S.A., gigante brasileira de açúcar e etanol.

Segundo o documento divulgado, o fruto da JV vai operar no mercado como Empresa Comercializadora de Etanol, uma ECE, sendo que ela terá uma gestão independente e uma governança corporativa própria. Apesar de ter sido fechada em 29 de agosto, a joint venture foi aprovada pelo conselho de administração da Vibra Energia um pouco antes, no último dia 27.

Ao comando de Copersucar, a nova empresa receberá aporte de R$ 440 mi

O acordo assinado prevê a Vibra Energia comprando 49,99% do capital social da ECE, via ações em mãos da Copersucar. Assim, a última será dona de 50,01% da nova empresa.

Por regra regulatória, a nova empresa terá um capital social de R$ 10 milhões, sendo que será feito um aporte na ECE pelas controladoras (Vibra e Copersucar) no valor de R$ 440 milhões logo após as aprovações das entidades que regulam esse tipo de operação no país. Entretanto, não vai ser feito aporte de ativos imobilizados dos sócios.

Estando sujeita também a ajustes finais, a criação de JV entre a Vibra Energia e a Cupersucar depende do cartão verde do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e de credenciamento da ECE junto à Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis, a ANP.

O documento divulgado também informa que a JV não passará por assembleia geral de acionistas, conforme prevê o artigo 256 da Lei das Sociedades por Ações.

Qual a estratégia?

A JV virá ao mercado já como uma gigante do etanol. A estimativa é de que a nova empresa seja a "maior comercializadora de etanol do Brasil e uma das maiores do mundo" em volume, consta no documento divulgado pela Vibra.

De um lado, a Vibra com sua produção de 6 a 6,6 bilhões de litros de etanol. De outro lado está a Copersucar dona de uma cooperativa de usinas que movimenta de 4,5 a 5 bilhões de litros do produto. Sendo que ambas serão as principais clientes da nova empresa.

A estratégia será que a nova empresa comercializadora de etanol (ECE) passará a ser responsável pela demanda de etanol da própria Vibra, além de tomar a produção da cooperativa da Copersucar, hoje composta por usinas de cana-de-açúcar, açúcar e álcool em São Pulo.

"A ECE será livre para comprar etanol no mercado e não somente das usinas da Cooperativa, bem como poderá vender etanol para outros clientes além da VIBRA, incluindo outras distribuidoras, de modo a aumentar a sua capilaridade e abrangência no mercado de etanol", também explica o documento divulgado.

Além de produzir e comercializar etanol no Brasil, a nova empresa também terá o dever de realizar importação e exportação de etanol, hoje feitas pelas acionistas.

"A formação da nova comercializadora de etanol deverá gerar ganhos de escala que viabilizarão maior competitividade e diversos tipos de sinergias nas operações, através de melhores controles operacionais, maior capacidade de carregos de estoque, monitoramento constante e visão ampla de todos os processos da cadeia em tempo real, entre outros", disse a Vibra.

Benefício ESG com a JV

Além das vantagens e sinergias comerciais, a criação da Joint Venture fará com que a Vibra Energia explore a tríade ESG, sigla para "Environmental, Social and Governance", ou "Ambiental, Social e Governança em português", bastante visada pelas empresas hoje em dia, inclusive.

Segundo a Vibra, a futura ECE entra na pauta ESG porque, como comercializadora de etanol, ela terá papel importante junto à transição energética e à descarbonização da frota nacional de veículos leves. O etanol é um biocombustível, sendo mais "limpo" do que a gasolina.

Vibra capta R$ 800 milhões com debêntures

Dias antes do anúncio da criação da empresa de etanol com a Copersucar, a Vibra divulgou que foi realizada em 27 de agosto a 3ª emissão de debêntures da companhia. Foram R$ 800 milhões captados na operação, que terão prazo de 10 anos, findando então no dia 11 de setembro de 2031.

Segundo o documento divulgado em 27 de agosto, as debêntures serão vinculadas a certificados de recebíveis do agronegócio, o chamado CRA, a serem emitidos pela Virgo Companhia de Securitização, conforme a legislação vigente.

"A emissão das Debêntures está alinhada ao direcionamento estratégico da Companhia de constante avaliação de alternativas de captação de recursos para otimização da sua estrutura de capital e financeira", disse a Vibra.

- Veja na íntegra o comunicado sobre a JV e/ou o fato relevante sobre a emissão de debêntures da Vibra.