A Vibra Energia (VBBR3) resolveu encerrar uma parceria com a Americanas (AMER3), que entrou em recuperação judicial em janeiro deste ano após identificar um rombo de R$ 20 bilhões em sua contabilidade.

Por sua vez, a Americanas anunciou ter recebido a decisão da ex-parceira "com surpresa" e que "está avaliando os termos da notificação junto a seus assessores legais para resguardar o interesse da Americanas".

Firmada em fevereiro de 2022, a parceria entre Americanas e Vibra permite a manutenção da sociedade Vem Conveniência, com exploração do negócio de lojas de pequeno varejo, dentro e fora de postos de combustíveis, através das marcas Local e BR Mania. Atualmente, cada sócia possui participação de 50% no empreendimento.

O que disse a Vibra sobre fim da parceria

A Vibra anunciou o fim da parceira com a Americanas, no projeto "Vem Conveniência", também por documento (fato relevante) nesta terça-feira, 24. A operação das lojas BR Mania seguirá seu curso normal, ou seja, as portas seguirão abertas.

Em meio ao anúncio do rombo de R$ 20 bilhões e o início da recuperação judicial da Americanas, a Vibra explica que os últimos acontecimentos podem trazer alterações em premissas basilares que conduziram à celebração da Parceria, com potenciais impactos à Vem Conveniência.

A decisão de encerramento foi tomada após reunião do Conselho de Administração da Vibra Energia, que, após isso, notificou a Americanas para imediato encerramento da parceria, tendo iniciado os trâmites e procedimentos necessários para seu desfazimento.

Segundo a Vibra, o procedimento de desfazimento já estava estabelecido nos instrumentos da Parceria, e busca, em resumo, o retorno dos negócios (Local e BR Mania) para os respectivos sócios originais, com a previsão de que a empresa Vem Conveniência seguirá com a Companhia [Vibra Energia]".

"A Companhia entende que esse procedimento é o que melhor atende aos objetivos do negócio nesse momento, bem como buscará manter a reserva de todos os seus direitos e prerrogativas assegurados em lei ou nos documentos da Parceria, que possam advir de atos praticados pelo sócio Americanas inclusive no curso da constituição da Parceria", disse a Vibra.

Blackrock aliena ações AMER3

Um dos principais acionistas da Americanas - depois dos sócios de referência, os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto Sicupira e Marcel Herrmann Telles -, a BlackRok alienou ações AMER3 nos últimos dias.

Nesta quarta-feira, 25, a Americanas anunciou que foi informada, pela própria acionista, que as participações societárias detidas pela BlackRock alcançaram em 20 de janeiro de 2023, de forma agregada, 1.038.566 ações ordinárias, representando aproximadamente 0,115% do total de ações ordinárias de emissão da varejista.

Além disso, o investimento hoje corresponde a 3.254.095 instrumentos financeiros derivativos referenciados em ações ordinárias com liquidação financeira, representando aproximadamente 0,360% do total de ações ordinárias de emissão da Companhia, o que corresponde a menos de 5,00% do total de ações ordinárias da Companhia nesta data.

Porém, não foi dada a informação sobre quando a venda ocorreu, se antes ou depois de 11 de janeiro de 2023, por exemplo.

Pelo documento, a BlackRock afirma que o objetivo das participações societárias na Americanas é estritamente de investimento, não objetivando alteração do controle acionário ou da estrutura administrativa da empresa.

Além disso, a empresa de investimentos explica que não foram celebrados, pela BlackRock, quaisquer contratos ou acordos que regulem o exercício de direito de voto ou a compra e venda de valores mobiliários emitidos pela Americanas.

Justiça determina bloqueio de R$ 295 milhões da Americanas retidos em bancos

O juiz Luiz Alberto Carvalho Alves, da 4ª Vara Empresarial da Capital do Rio de Janeiro, atendeu ao pedido do Grupo Americanas e determinou o arresto e bloqueio dos valores do Grupo Americanas retidos pelo Banco Votorantim, no valor de R$ 200 milhões e pelo Banco Safra, de R$ 95 milhões.

Os dois bancos descumpriram a determinação 4ª Vara Empresarial que, no dia 19 de janeiro, suspendeu todas as execuções financeiras contra o Grupo Americanas, quando foi deferido o processamento de recuperação judicial do grupo.

O juiz entendeu que os valores retidos pelos dois bancos poderiam colocar em risco o processo de recuperação do Grupo Americanas.

"Há de se destacar que o comportamento das referidas instituições financeiras prejudica a formação e manutenção do capital de giro do grupo econômico em processo de recuperação", escreveu o magistrado.

Também nesta segunda-feira, o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro liberou R$ 1,2 bilhão das Lojas Americanas que haviam sido bloqueados a pedido do BTG Pactual. O bloqueio havia sido determinado pela Justiça, que concedeu liminar ao BTG antes do deferimento pela 4ª Vara Empresarial do processamento da recuperação judicial do Grupo Americanas e da nomeação do administrador judicial.

Com informações, Agência Brasil.