As ações da Gol (GOLL4) operaram em forte queda de 17,36% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nesta segunda-feira, 7 de março, fechando o pregão com cotação de R$ 12,28 cada.

Por sua vez, as ações da Azul (AZUL4) acompanharam o movimento de queda em meio aos conflitos que pressionam o setor aéreo, atingindo um recuo ainda maior, de 18% nesta segunda-feira (7), com cotação fechada a R$ 17,90.

Além da própria pandemia de covid-19 que pressionou as companhias nos últimos meses, há agora outra questão relevante neste momento que é o conflito entre Ucrânia e Rússia. A guerra já causou suspensão de voos ao país de Vladimir Putin pelos Estados Unidos, União Europeia e Canadá, bem como tem refletido alta no preço do petróleo.

Por sua vez, o aumento do petróleo ameaça os resultados das companhias, devido à importância do produto. Atualmente, o custo das empresas do setor com combustível chega a 30%, segundo a Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear).

Com isso, as quedas aéreas impactaram o principal indicador do mercado financeiro brasileiro: o Ibovespa (IBOV), que iniciou a semana com queda de 2,52%, aos 111.593 mil pontos.

Petrobras (PETR4) recuou 7,10%

Além das aéreas, vale mencionar, a ação da Petrobras, que também puxou o Ibovespa nesta segunda-feira, 7 de março. A petrolífera teve intensa queda de 7,10% na B3, em meio às falas do presidente Jair Bolsonaro à rádio Folha, de Roraima, quando mencionou reunião, marcada no mesmo dia, cujo tema seria uma medida a ser tomada pela Petrobras para que não haja aumento dos combustíveis ao consumidor final.

O evento ocorre devido à invasão da Rússia (maior produtor de petróleo do mundo) na Ucrânia, que vem aumentando o preço do produto nos últimos dias - o que deve chegar ao Brasil, por causa da atual política da Petrobras, de acompanhar o mercado internacional.

Inclusive, em 2021, a Petrobras registrou um lucro líquido recorde de R$ 106,668 bilhões. A receita da petrolífera cresceu 66,4% entre 2020 e 2021 para R$ 452,668 bilhões, com destaque para o petróleo Brent, principal produto do mercado, que teve um aumento de 69,7% no preço do barril, fechando 2021 a US$ 70,73, ano em que houve, segundo a estatal, aumento da demanda no mercado interno, principalmente devido à retomada econômica na pandemia da covid-19.

Agora o petróleo Brent a preços recordes, bem acima dos US$ 100 por barril, pode animar sobre os resultados da petrolífera, mas causam preocupação quanto ao preço dos combustíveis no país.

"Se você for repassar isso tudo para o preço dos combustíveis, você tem que dar um aumento em torno de 50% nos combustíveis, não é admissível você fazer. ... A população não aguenta uma alta por esse percentual aqui no Brasil", disse Jair Bolsonaro, que concorrerá nas eleições presidenciais de 2022, com seu maior concorrente: ex-presidente Lula, que também concorda em revisar a política de preços da estatal.

"Leis feitas erradamente lá atrás atrelaram o preço do barril produzido aqui ao preço lá de fora, esse é o grande problema, nós vamos buscar uma solução para isso de forma bastante responsável", prometeu o atual chefe de Estado.

Gol e Azul apresentam recuperação nesta terça-feira, 8, em meio a balanços mensais de tráfego

Já nesta terça-feira, 8 de março, as ações das aéreas brasileiras já apresentam recuperação do tombo da véspera. A Gol (GOLL4) registrava forte alta de 9,20% até às 15h15min, aos R$ 13,41 cada.

Enquanto as ações da Azul (AZUL4) apresentavam alta de 9,66% na B3 por volta das 15h16min, com cotação de R$ 19,63.

Na segunda-feira, 7, e hoje (8) as empresas apresentaram seus respectivos relatórios mensais de tráfego, mostrando que a demanda aumentou em fevereiro, em meio ao avanço da vacinação contra covid-19 e o menor isolamento social.

A Gol disse em balanço datado de 7 de março que sua oferta total (ASK) cresceu 35,8% em relação a fevereiro de 2021. Além disso, nesse mesmo intervalo, o total de assentos avançou 37,8% e o número de decolagens evoluiu 37,1%. Por sua vez, a demanda total (RPK) da Gol foi 35% maior em fevereiro de 2022, frente ao mesmo mês de 2021, enquanto a taxa de ocupação foi de 80,3% - veja aqui o relatório completo.

E a Azul reportou na manhã desta terça-feira, 8, um aumento de 20,1% no tráfego de passageiros consolidado (RPKs), em relação a fevereiro de 2021, enquanto a capacidade (ASK) cresceu 20,7% na mesma base de comparação. Assim, em fevereiro a taxa de ocupação foi de 78%, sendo, entretanto, um recuo de 0,4 pontos percentuais frente a fevereiro de 2021.

"Novamente, em fevereiro, vimos a demanda superando os níveis pré pandemia, permitindo a manutenção racional da nossa capacidade e alavancagem das vantagens competitivas e sustentáveis da nossa malha e do nosso modelo de negócios", disse o CEO da Azul, John Rodgerson - veja o balanço mensal na íntegra.