A greve dos servidores do Banco Central (BC) já dura mais de dois meses entre os impactos sentidos está o atraso na divulgação de alguns dados e documentos. Esse é o caso, por exemplo, do Boletim Focus, que durante quase todo o mês de maio não foi publicado e também é o caso do Relatório Trimestral de Inflação de junho.

Inicialmente ele estava previsto para ser publicado em 23 de junho, porém, segundo informações divulgadas pela órgão na noite dessa quinta-feira, dia 9, a divulgação será adiada, a princípio para o dia 30 de junho.

Breve apresentação vai acontecer dia 23

Apesar disso, o BC informou que o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, darão uma entrevista coletiva às 11 horas do dia 23. Eles farão uma apresentação breve e, segundo a assessoria de imprensa do BC, conversarão sobre política monetária.

Greve não tem previsão de terminar

Em greve desde 1º de abril, os funcionários do BC reivindicam a reposição das perdas inflacionárias nos últimos anos, que chega a 27%. Eles também pedem a mudança da nomenclatura de analista para auditor e a exigência de nível superior para ingresso dos técnicos do BC.

Em 19 de abril, a categoria suspendeu a greve, mas retomaram o movimento por tempo indeterminado desde 3 de maio. Desde então, só serviços considerados essenciais estão sendo executados, como as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) e a divulgação do déficit primário no primeiro quadrimestre.

Nessa semana, porém, houve uma mudança após novas conversas com a presidência do Banco Central. O sindicato dos servidores disse que a greve deve seguir, mas que agora, uma reposição de 13,5% será aceita caso o governo concorde com esse aumento. Não há, porém, nenhuma perspectiva de que isso aconteça.

Vários serviços paralisados

Entre as atividades que estão suspensas ou que registram bastante atraso estão a divulgação de estatísticas, como o boletim Focus (pesquisa semanal com instituições financeiras), o fluxo cambial, o Relatório de Poupança e a taxa Ptax diária (taxa média de câmbio que serve de referência para algumas negociações).

Além disso, projetos especiais, como a expansão do open banking e a segunda fase de consultas de saques de valores esquecidos, estão suspensos.

Desde o início do ano, diversas categorias do funcionalismo federal trabalham em esquema de operação-padrão ou fazem greve porque o Orçamento de 2022 destinou R$ 1,7 bilhão para reajuste a forças federais de segurança.

No fim de abril, o governo confirmou que estudava um aumento linear de 5% para todo o funcionalismo, mas hoje o ministro da Economia, Paulo Guedes, descartou a concessão de reajustes em 2022.

Com informações: Agência Brasil