O Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) anunciou que o valor do conjunto dos alimentos básicos em março aumentou em todas as capitais estudadas. As maiores altas foram registradas no Rio de Janeiro (7,65%), em Curitiba (7,46%), São Paulo (6,36%) e em Campo Grande (5,51%).

Quem lidera o ranking é a cidade de São Paulo cujo valor da cesta básica atingiu R$ 761,19 em março, representando 67,90% do atual salário mínimo. Seguida da capital paulista, a cesta básica (com os alimentos mais básicos para sobrevivência) também permaneceu em março acima dos R$ 700 em outras sete capitais em março:

  • Rio de Janeiro: R$ 750,71;
  • Florianópolis (Santa Catarina): R$ 745,47;
  • Porto Alegre (Rio Grande do Sul): R$ 734,28;
  • Campo Grande (Mato Grosso do Sul): 715,81;
  • Vitória (Espírito Santo): 704,93;
  • Brasília (Distrito Federal): 704,65;
  • Curitiba (Paraná): 701,59.

Já nas cidades do Norte e Nordeste, onde a composição da cesta básica é diferente das demais capitais, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 524,99), Salvador (R$ 560,39) e Recife (R$ 561,57) - veja mais abaixo o ranking completo.

Preço da Cesta Básica sobe em todas as capitais do Brasil - ranking

A comparação do valor da cesta nas capitais nos últimos 12 meses, ou seja, entre março de 2022 e março de 2021, mostrou que todas as capitais tiveram alta de preços no conjunto de alimentos, com variações entre 11,99%, em Aracaju, a 29,44%, em Campo Grande. Veja abaixo:

Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos
Custo e variação da cesta básica em 17 capitais do Brasil (março de 2022)
Capital Valor da cesta básica (R$) Variação em 12 meses (frente a março de 2021)
São Paulo 761,19 21,60
Rio de Janeiro 750,71 22,55
Florianópolis (Santa Catarina) 745,47 17,81
Porto Alegre (Rio Grande do Sul) 734,28 17,79
Campo Grande (Mato Grosso do Sul) 715,81 29,44
Vitória (Espírito Santo) 704,93 18,10
Brasília (Distrito Federal) 704,65 21,33
Curitiba (Paraná) 701,59 21,56
Belo Horizonte (Minas Gerais) 669,47 20,48
Goiânia (Goiás) 663,48 20,18
Fortaleza (Ceará) 635,02 22,82
Belém (Pará) 585,91 13,60
Natal (Rio Grande do Norte) 575,33 20,47
João Pessoa (Paraíba) 567,84 18,67
Recife (Pernambuco) 561,57 21,73
Salvador (Bahia) 560,39 21,49
Aracaju (Sergipe) 524,99 11,99
Fonte: DIEESE (veja o levantamento na íntega).

Salário mínimo necessário para março de 2022 foi de R$ 6,3 mil

Quem recebe um salário mínimo, de R$ 1.212, pode ficar surpreso, mas ainda ver sentido no levantamento. Segundo o DIEESE, com a alta nos alimentos básicos, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.394,76 em março, ou o equivalente a 5,28 vezes o atual pagamento.

Já em março de 2021, o valor do mínimo necessário deveria ter sido de R$ 5.315,74, ou 4,83 vezes o mínimo vigente na época, de R$ 1.100,00.

"Com base na cesta mais cara, que, em março [de 2022], foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o DIEESE estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário", explica o Departamento.

Brasileiro levou mais de 119 horas para comprar cesta básica

Segundo a pesquisa, em março de 2022 o tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica foi de 119 horas e 11 minutos, maior do que o registrado em fevereiro, de 114 horas e 11 minutos. Em março de 2021, a jornada necessária foi calculada em 109 horas e 18 minutos.

O DIEESE ainda realizou mais cálculos. Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5% referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional usou em média, em março de 2022, 58,57% do rendimento para adquirir os produtos da cesta. Em fevereiro desse ano, o percentual foi de 56,11%.

Em março de 2021, quando o salário mínimo era de R$ 1.100,00, a fatia do pagamento necessária para comprar a cesta básica ficou em 53,71%.

Os produtos da cesta básica

Os destaques para os alimentos da cesta básica vão para o feijão e o pão francês, cujos preços aumentaram em todas as capitais analisadas em março de 2022. Confira abaixo as principais informações do estudo levantado pelo DIEESE:

O preço do feijão aumentou em todas as capitais. Para o tipo carioquinha, pesquisado no Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e São Paulo, as altas oscilaram entre 1,43%, em Recife, e 14,78%, em Belo Horizonte. Mesmo com a fraca demanda interna, houve elevação dos preços devido à baixa oferta do grão carioca e à redução da área plantada.

Entre fevereiro e março de 2022, o óleo de soja também registrou aumento em todas as capitais. As variações positivas oscilaram entre 2,81%, em Belém, e 15,89%, em Salvador. Os aumentos no mercado externo e no varejo podem ser explicados pelo alto preço do petróleo, que torna vantajosa a produção de biocombustíveis. Além disso, houve aumento da demanda externa por óleo de soja, devido à redução da produção de óleo de girassol na Ucrânia e de óleo de palma na Indonésia.

Puxado pela farinha de trigo, o preço do quilo do pão francês aumentou em todas as cidades, em consequência da redução da oferta de trigo no mercado externo, uma vez que Rússia e Ucrânia estão entre os maiores produtores mundiais do grão. As altas mais expressivas foram observadas em Aracaju (6,63%), Goiânia (6,36%), Porto Alegre (6,13%) e Natal (5,87%).

Por sua vez, o valor médio da farinha de mandioca, pesquisada no Norte e Nordeste - muito usada nessas regiões - teve elevação em todas as cidades.

Já o preço do quilo do tomate apresentou alta em 16 capitais, exceto em Aracaju onde caiu 2,52%. O maior aumento foi visto em Curitiba (57,73%). O leite integral registrou elevação de preços também em 16 cidades, em março

O DIEESE explica que o aumento nos custos da produção de leite, a diminuição nos estoques de derivados lácteos e a competição por matéria-prima entre as indústrias sustentaram a elevação nas cotações do leite UHT nesse mês.

Em março de 2022, o preço do quilo do açúcar subiu em 15 capitais, não variou em Brasília e caiu 0,77% em Vitória. As altas mais importantes aconteceram em Salvador (3,13%), Natal (2,31%) e Belo Horizonte (1,71%). A entressafra de cana reduziu a oferta e elevou os valores no varejo.

Por fim, o preço do quilo da manteiga aumentou em 15 capitais. As altas mais expressivas ocorreram em Belo Horizonte (5,19%), Goiânia (4,41%), Curitiba (3,83%) e Natal (3,13%). A menor oferta de leite fez crescer a importação de manteiga em março, o que explica as altas de preços no varejo, disse o DIEESE.