Com bastante frequência trazemos aqui no Poupar Dinheiro notícias informando que a classificação de risco para uma ação foi ajustada ou que as debêntures de uma determinada empresa listada na bolsa tiveram seu nível de risco classificados. Mas afinal, o que isso quer dizer? Como é feita essa classificação? Quem classifica?

Uma classificação de risco, como o próprio nome já diz, é uma espécie de nota atribuída a determinada atividade. Elas podem ser aplicadas às mais diversas situações e no mundo dos investimentos, desde a ações e debêntures, como já dissemos, e até mesmo a países, sabia?

No caso dos países, por exemplo, podem ser avaliados os juros reais dele e o risco de crédito da dívida do país e com base nisso, ele pode ser classificado com um bom ou um mau país para se investir. Muitos são os investidores que utilizam essas notas como uma base de apoio para tomar suas decisões.

Porque de uma forma geral essas classificações servem para isso mesmo, ou seja, como especie de norteador. Mas abaixo vamos falar sobre tudo isso pra vocês. É só continuar a leitura.

Quem faz as classificações?

Não é qualquer um que pode sair classificando uma ação, uma empresa ou um país, afinal, essa é uma tarefa que exige uma responsabilidade altíssima. Por isso, as classificações de risco sempre são atribuídas por instituições especializadas em análise de crédito conhecidas como "agências classificadoras de risco".

Existem várias delas espalhadas pelo mundo, porém, há três delas que são consideradas as mais importantes: a Moody's Investors Service, a Fitch Ratings e a Standard & Poor's - também conhecida como S&P, numa abreviação de seu nome.

A Moody's Investors Service é uma empresa norte americana, sediada no 7º World Trade Center em Nova York, Estados Unidos. Fundada em 1909, ela é propriedade da Moody's Corporation, ou seja, é um braço dessa empresa. Sua especialidade são as classificações de títulos de dívidas - como os debêntures - mas também títulos públicos e comerciais, etc.

Outra delas é a Fitch Ratings. Fundada em 1914, por John Knowles Fitch, ela também é uma companhia norte americana e também tem sua sede em Nova York nos EUA.

E a Standard & Poor's, por sua vez, é uma divisão do grupo McGraw-Hill, cuja sede é em Nova York também. Sua fundação foi em 1860 e ela publica regularmente diversas análises e pesquisas sobre bolsas de valores e títulos, além de divulgar classificações de risco. Desde 1992 ela possui um escritório no Brasil e, por meio dele, a empresa também está sempre acompanhando o mercado financeiro brasileiro.

Todas elas tem em comum o fato de que fornecem uma opinião, que se espera ser independente, sobre questões relacionadas a investimentos.

Porém, vale lembrar, essas empresas não são infalíveis. Elas trabalham com dados e informações econômicas que são constantemente analisadas de uma forma muito séria, porém, o mercado financeiro depende de uma série de variáveis e eventualmente fatos inesperados se dão, o que pode resultar em previsões erradas.

Em 2008, quando ocorreu a grande crise econômica nos EUA, por exemplo, as agências de rating não previram a falência do banco Lehman Brothers e poucas semanas antes que este pedisse concordata, algumas delas, como a própria Fitch Ratings ainda recomendava a compra de suas ações.

Apesar disso, de uma forma geral, as informações e classificações divulgadas por eles costumam ser muito seguras. Além disso, antes de investir, uma série de critérios precisa ser analisado pelo investidor e não apenas um relatório de uma empresa. A decisão sobre investir ou não em uma ação, debênture, país, etc, é sempre individual.

Como são feitas as classificações?

O que essas classificadoras fazem é avaliar a capacidade de empresas e governos pagarem suas dívidas e prover lucros para os investidores. Em geral, isso é feito a partir de um contrato que a própria empresa ou governo assina com a agência de classificação.

Porque eles fazem isso? Porque essas análises também são positivas, na maior parte dos casos para os envolvidos, já que uma classificação positiva pode atrair mais investidores. Já uma classificação negativa (que normalmente acaba sendo mais abafada, pode ser utilizada para apontar um caminho de melhorias).

Mas como as notas são atribuídas? Para dar essa nota, as agências consideram a habilidade e experiência dos executivos das empresas ou líderes políticos, o nível de endividamento dessa instituição pública ou privada, a capacidade de gerar receita, além da qualidade dos ativos negociados, entre outros fatores. A partir disso, é dada uma nota.

Essas notas são divulgadas junto com relatórios econômico/financeiros e são compostas por letras que vão de A a D, passando por diversas combinações possíveis, contendo ou não os sinais de + (mais) ou de - (menos) ou, em alguns casos, números.

Veja abaixo como funciona a escala de notas de todas elas.

Tabela de classificação de risco

Existem algumas pequenas diferenças entre as tabelas de classificação das três empresas, mas de uma forma geral elas são bem parecidas, especialmente no que significa cada nota atribuída. Veja abaixo a tabela contendo todas as classificações possíveis e o que representa cada nota:

S&P Fitch Moody's Risco Probabilidade de falência em até 30 anos
AAA AAA Aaa Mínimo Rismo 0,07%
AA+ AA+ Aa1 Muito Baixo Risco 0,29%
AA AA Aa2 Muito Baixo Risco 0,51%
AA- AA- Aa3 Muito Baixo Risco 0,55%
A+ A+ A1 Baixo Risco 0,60%
A A A2 Baixo Risco 0,66%
A- A- A3 Baixo Risco 2,50%
BBB+ BBB+ Baa1 Risco Moderado 5%
BBB BBB Baa2 Risco Moderado 7,50%
BBB- BBB- Baa3 Risco Moderado 11%
BB+ BB+ Ba1 Risco Substancial 14%
BB BB Ba2 Risco Substancial 17%
BB- BB- Ba3 Risco Substancial 21%
B+ B+ B1 Alto Risco 25%
B B B2 Alto Risco 37%
B- B- B3 Alto Risco 45%
CCC+ CCC+ Caa1 Risco muito alto 52%
CCC CCC Caa2 Risco muito alto 59%
CCC- CCC- Caa3 Risco muito alto 65%
CC CC Ca Risco muito alto 70%
C C Risco muito alto 80%
DDD C Em inadimplência 100%
D DD Em inadimplência 100%
D Em inadimplência 100%

Os as empresas, governos ou países classificados até a faixa BBB- e Baa3 são considerados como pertencentes à categoria dos investimentos seguros, com qualidade alta e baixo risco.

A partir da faixa BB+ e Ba1 os países, governo e empresas, são considerados como pertencentes à categoria de especulação.

Apenas a título de curiosidade, atualmente o Brasil se encontra nesse segundo grupo, classificado como BB- ou Ba3, dependendo da empresa. É um país cujos investimentos representam um risco substancial.

É por isso, que sempre muitos investidores estrangeiros muitas vezes preferem investir em países como os Estados Unidos, cuja classificação é AA+ ou Aa1, mesmo que os investimentos (como as rendas fixas, por exemplo) não sejam tão rentáveis quanto aqui (a taxa básica de juros americada atualmente está mais baixa que a do Brasil). E é por isso que preocupa tanto a possibilidade de que os EUA elevem sua taxa de juros, porque assim, o país será ainda mais atrativo. O que ainda segura alguns investidores mais ousados é a possibilidade de ganho.

Então, entendeu como funciona a classificação de risco? Eesperamos ter te ajudado e que as classificações ajudem nos seus investimentos!