A atividade econômica do Brasil caiu 0,1% no 3º trimestre de 2021, em relação ao período anterior. Entretanto, em setembro, teve uma alta de 0,3% se comparado a agosto. Diante do 3º trimestre de 2020, a economia do país aumentou 4,1% e 2,4% em setembro, comparado ao mesmo período de 2020.

Em termos monetários, no acumulado de 2021 até o mês de setembro, o PIB foi estimado, em valores correntes, em R$ 6,338 trilhões. Os dados são do Monitor do Produto Interno Bruto, elaborado pela Fundação Getulio Vargas (Monitor do PIB-FGV), divulgado na última sexta-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação (Ibre/FGV).

Ademais, a FGV destaca a revisão para baixo de 1,4% para 1,2% na taxa de crescimento do PIB de 2019, feita pelo IBGE. Segundo os cálculos do monitor, na próxima divulgação das Contas Nacionais Trimestrais (CNT) o IBGE fará a revisão da taxa de crescimento do PIB em 2020 da queda de 4,1% para 4,2%.

Economia do Brasil recua no 3º trimestre

De acordo com o coordenador do Monitor do PIB-FGV, Cláudio Considera, a economia do Brasil reverteu a trajetória de recuperação que havia sido observada no 3º e 4º trimestre de 2020, e no 1º trimestre de 2021, comparativamente aos trimestres anteriores.

"No segundo e terceiro trimestres deste ano ocorreram duas taxas negativas de 0,1% em comparação aos trimestres imediatamente anteriores. Por sua vez, a taxa acumulada em 12 meses, até setembro, foi de apenas 3,7%. A exceção da extrativa mineral e a administração pública, todas as demais taxas acumuladas em 12 meses, foram positivas", explica Considera.

Na comparação, o economista disse que a taxa do setor de serviços, que havia sofrido quedas mensais contínuas e altas desde abril de 2020 até maio de 2021. Agora, registra taxas acumuladas em 12 meses positivas e crescentes desde junho, com a taxa até setembro sendo de 3%.

Segundo Cláudio, "No setor de serviços tem relevância a atividade de outros serviços, que representa cerca de 15% do PIB, que chegou a ter taxa mensal negativa de 22,7% e que apresentou taxas positivas elevadas a partir de abril deste ano". Em suma, ele diz que o desempenho se deve ao maior número de brasileiros vacinados contra a covid-19.

"Possibilitou a maior interação entre as pessoas com idas a hotéis, bares, restaurantes, viagens etc. Isso é compatível com o consumo de serviços por parte das famílias que neste trimestre cresceu 8,9%, enquanto o de bens, à exceção de semiduráveis (vestuário e calçados), reduziu-se".

Devido à influência da pandemia nos fatores sazonais de 2020, que podem não estar relacionados à sazonalidade, a edição do Monitor do PIB-FGV relativo ao mês de setembro, adicionou um exercício adicional com relação à série com ajuste sazonal.

De acordo com a FGV, os impactos estão sendo analisados por alguns institutos de estatística internacionais. Por isso, além do ajuste sazonal habitual, que compreende o período de janeiro de 2000 a setembro de 2021, foi feito "o ajuste sazonal para 2020 e 2021, considerando os fatores sazonais referentes a 2019 e o fator calendário corrente".

O Monitor do PIB informa que se forem utilizados os fatores sazonais da série do PIB do período de 2000 até 2019, os resultados apontam para a taxa de variação no terceiro trimestre de 2021 de 2,2%, superior à queda de 0,1%, caso seja considerado todo período de 2000 até setembro de 2021.

"A taxa de variação de setembro de 2021 seria de 1,2% superior à de 0,3% observada considerando todo o período de 2000 até setembro de 2021. Esses resultados sugerem que as taxas ajustadas sazonalmente devem ser analisadas com cautela pois a pandemia pode ter influenciado os fatores sazonais por razões econômicas e estatísticas", alertou.