Quem investe na bolsa de valores há pelo menos 4 meses já deve ter vivenciado um ''Circuit Breaker''. Mas os novos investidores da B3 - de abril pra cá - talvez ainda não saibam o que isso significa. Em poucas palavras, pode-se dizer que se trata de um mecanismo responsável por garantir a proteção de investidores e do próprio mercado de ações. Neste artigo você vai saber mais sobre o que acontece num circuit breaker e como/porque essa ferramenta funciona.

O que é Circuit Breaker da Bolsa de valores e para que serve?

Como já mencionado, o circuit breaker é um mecanismo que interrompe todas as operações da Bolsa de Valores. Quando as ações sofrem quedas estranhas em seus preços, este mecanismo acaba sendo acionado. Desta forma, o circuit breaker acaba protegendo e acalmando a volatilidade em excesso do mercado financeiro.

Assim, após a ativação do circuit breaker, espera-se que o mercado fique equilibrado, seja no número de ordens de venda, seja no número de ordens de compra. Com a ativação do mecanismo, o mercado tenta voltar ao movimento natural.

Simplificando ainda mais, o circuit breaker é uma espécie de segunda camada de segurança para quem investe na Bolsa, pois, ao ser acionado, as negociações são imediatamente suspensas e os investidores terão tempo para se planejar em um momento de estresse extremo nas cotações dos papeis. Isso porque, evita que negociações sejam realizadas desesperadamente, o que faria com que o preço dos ativos despencasse ainda mais. Sem dúvidas, esta é uma das mais interessantes ferramentas utilizadas no mundo todo.

Quais são as regras do circuit breaker?

As regras para que o circuit breaker seja utilizado aqui no Brasil são simples e atreladas à queda do Ibovespa, que é o principal indicador da Bolsa de Valores do nosso país. Abaixo, você vai conferir quais são as regras do circuit breaker:

Quando ocorre queda de 10% do Ibovespa

Quando acontece uma primeira queda forte no índice acima de 10% sobre o valor do fechamento do dia anterior, o primeiro circuit breaker é acionado. Assim, todas as negociações da Bolsa são paralisadas por 30 minutos. Como são muitas ordens de venda dos papeis (que desencadeiam uma queda abrupta das cotações), o mercado usa esse mecanismo para "frear" esse movimento .

Quando ocorre queda 15% do Ibovespa

Após os 30 minutos do 1º CB, as negociações são retomadas, entretanto, se a queda inicial continuar e o preço dos ativos atingir 15% de desvalorização no mesmo pregão, o segundo circuit breaker é ativado. Desta vez, as negociações ficam interrompidas por 1h.

Quando ocorre queda de 20% do Ibovespa

No pior dos casos *uma catástrofe na verdade), após a 1h de interrupção do 2º CB, a Bolsa reabre mais uma vez para ver como o mercado vai reagir. Se a queda permanecer e atingir a desvalorização de 20%, a B3 suspende todas as atividades sem limite de tempo e fica responsável por definir um novo prazo para reabertura do mercado, podendo até encerrar todas as sessões e reabrir somente no outro dia.

Entretanto essas regras possuem duas observações que devem ser seguidas:

  • 1. As regras do circuit breaker não são aplicadas nos últimos 30 minutos de funcionamento do pregão da B3.
  • 2. Se acontecer um circuit breaker na última hora do pregão, no outro dia, no momento da reabertura do mercado, será possível realizar apenas uma nova paralisação de 30 minutos.

Histórico de circuits breakeres na Bolsa

  • 1997 - Crise asiática
  • 1998 - Crise russa
  • 1999 - Câmbio flutuante
  • 2008 - Crise do subprime nos EUA
  • 2017 - Delação da JBS
  • 2020 - Coronavírus e queda no preço do Petróleo.

Quando o circuit breaker foi acionado pela última vez?

A última vez que a Bolsa de Valores brasileira precisou acionar o circuit Breaker foi em março de 2020. Além da epidemia do novo coronavírus, que já vinha preocupando os investidores, outros fatores como a queda no preço do petróleo devido a um desacordo entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a Rússia para tentar cortar a produção da commodity, fizeram com que as negociações na Bolsa fossem paralisadas no dia 09 de março.

Já no dia 10 de março, a Organização Mundial da Saúde anunciava que a epidemia do coronavírus havia se tornado uma pandemia. Isso fez com que a Bolsa brasileira despencasse 10%, resultando em uma interrupção de 30 minutos nas negociações.

No dia 11 de março, nova paralisação de 30 minutos e algumas horas depois de sua abertura, uma nova paralisação, desta vez, de 1 hora (mais de 15%). Novamente por conta da pandemia do novo coronavírus, que acirrou o cenário externo. Além disso, acirramento do desacordo entre governo e Congresso brasileiros, com a derrubada do veto de Jair Bolsonaro sobre o projeto que amplia o acesso ao Benefício de Prestação Continuada (BPC), também colaborou com a queda da Bolsa brasileira.

Outro circuit breaker ocorreu ainda no dia 16 de março, desta vez, por 30 minutos. O motivo foram os dados divulgados da economia da China em queda e pelo corte na taxa de juros dos EUA saindo de 1,25% para 0,25%.

Pode ocorrer de novo o circuit breaker?

Sim, pode ocorrer um novo circuit breaker em 2020, entretanto, isso só ocorre em situações extremas, fatos realmente relevantes que puxam todo o índice (e não apenas algumas empresas) para baixo. Simplificando, ocorre quando acontece algo de repente e o mercado não sabe como reagir a essa situação. Porém, atualmente o mercado se encontra com um preparo muito melhor e consegue balancear essas quedas.

Muitos investidores principiantes podem ficar desesperados com isso e investidores mais experientes também ficam apreensivos, mas lidam melhor com a situação pois já viveram outros momentos destes. Por esta razão, é sempre recomendado que os investidores iniciantes estudem o mercado e suas regras antes de investir, para saber como agir em momentos como esses.