Nesta quinta-feira (02), o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou dados preocupantes, e piores do que o esperado pelo mercado. Em suma, a economia do Brasil diminuiu 0,1% no 3º trimestre de 2021 (3T21), e assim, o país vive em recessão técnica. Ou seja, quando o PIB (Produto Interno Bruto), tem queda por dois trimestres seguidos.

No primeiro trimestre de 2021, o PIB, que representa a soma de todas as riquezas do Brasil, aumentou 1,2%. No período seguinte, houve queda de 0,4%, segundo a revisão divulgada pelo IBGE. Anterior a isso, a queda de abril a junho era de 0,1%. O movimento aponta que a recuperação da economia depois do período mais crítico da pandemia, recuou.

Em suma, a principal razão no resultado, veio da queda de 8% na agropecuária, afirma o IBGE. Além disso, houve um recuo de 9,8% nas exportações de bens e serviços. Já a indústria, que corresponde a 20% do PIB, ficou estável. Por outro lado, os serviços tiveram uma alta de 1,1% no período. O setor responde por mais de 70% do PIB nacional. Com relação a igual período de 2020, o PIB aumentou 4%.

Abertura da economia auxiliou serviços

Os serviços prestados para a família foram o destaque do 3T21. Eles foram influenciados, positivamente, pela reabertura da economia, à medida que a vacinação da pandemia, aumentou muito no Brasil. O segmento entra em "outros serviços", cuja alta no período foi de 4,4%

Ademais, o IBGE destaca outras 4 altas em atividades da categoria serviços: informação e comunicação (2,4%), transporte, armazenagem e correio (1,2%), administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade social (0,8%). As atividades imobiliárias ficaram estáveis. Do lado das quedas, ficam as atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (-0,5%) e comércio (-0,4%) registraram variações negativas.

"A queda nos serviços financeiros se deve em parte a um aumento nos sinistros de planos de saúde. Já o comércio, que foi um dos setores mais afetados pela pandemia, teve uma forte alta no segundo trimestre, com a reabertura, portanto, a base de comparação estava alta e as famílias também migraram parte do seu consumo para os serviços", explica Palis.

Recuo do agronegócio, indústria e exportações

Durante o 3T21, o tombo de 8% do agronegócio foi consequência do fim da safra de soja, cita o instituto. E com isso, impactou nas exportações. De acordo com a coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, a colheita da soja impacta no resultado por ser muito mais concentrada nos dois primeiros trimestres.

Em nota, ela explica que:

"Como ela é a principal commodity brasileira, a produção agrícola tende a ser menor a partir do segundo semestre. Além disso, a agropecuária vem de uma base de comparação alta, já que foi a atividade que mais cresceu no período de pandemia e, para este ano, as perspectivas não foram tão positivas, em ano de bienalidade negativa para o café e com a ocorrência de fatores climáticos adversos na época do plantio de alguns grãos".

Ademais, o IBGE aponta que a indústria é impactada de forma negativa, pelo encarecimento dos insumos e outros problemas na cadeia produtiva, além da crise energética. As quedas ficaram para eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (-1,1%), indústrias de transformação (-1,0%) e indústrias extrativas (-0,4%). Por outro lado, a construção teve alta de 3,9%.

Enquanto isso, as exportações de bens e serviços caíram 9,8% de um trimestre para outro, com redução de 8,3% nas importações de bens e serviços. Em nota, Palis afirma que:

"A balança de bens e serviços negativa acabou puxando a variação do PIB para baixo na comparação com o trimestre anterior. Cabe destacar, no entanto, que na comparação interanual, ambas as atividades tiveram alta acentuada, muito por conta da retomada do turismo internacional, mas a contribuição ao crescimento ainda ficou negativa, já que as importações (20,6%) superaram em muito as exportações (4,0%)".

Por fim, na comparação interanual, dentre as exportações, aquelas que tiveram melhores resultados foram produtos de metal, máquinas e equipamentos e, em especial, os serviços. Na pauta de importações, as altas mais importantes aconteceram em veículos automotores, produtos farmoquímicos, máquinas e equipamentos, e produtos químicos, diz o IBGE.