A Raízen (RAIZ4) registrou um lucro líquido ajustado de R$ 501,4 milhões no primeiro trimestre deste ano-safra (1T), que compreende os meses de abril a junho de 2021, revertendo o prejuízo líquido de R$ 481,5 milhões registrado no mesmo período de 2020.

Essa é a primeira divulgação de resultados da Raízen após a conclusão de oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) e listagem da companhia na bolsa de valores brasileira, a B3, realizadas há alguns dias.

Sem ajustes, a Raízen reporta um lucro líquido de R$ 809,5 milhões no primeiro trimestre do ano-safra 2021/2022, também revertendo um prejuízo anterior, de R$ 412 milhões.

Ano-Safra da Raízen: como funciona?

Diferente da maioria das empresas listadas na B3, o calendário na Raízen é um pouco diferente. Acontece que o ano de exercício dela começa sempre em 1º de abril e fecha no dia 31 de março do ano seguinte. Para isso é dado o nome "ano-safra". Enquanto isso, em grande parte das empresas, o ano de exercício ocorre entre janeiro a dezembro. Veja abaixo a composição de cada trimestre na Raízen, assim como é divulgado pela companhia:

  • 1T: trimestre com início em 1° de abril e término em 30 de junho;
  • 2T: trimestre com início em 1° de julho e término em 30 de setembro;
  • 3T: trimestre com início em 1° de outubro e término em 31 de dezembro;
  • 4T: trimestre com início em 1° de janeiro e término em 31 de março.

Desta forma, em abril de 2021 iniciou-se o ano-safra que se encerrará em março de 2022, o que justifica o uso do termo "ano-safra 2021/2022" (ou 1T22) nessa etapa de divulgação dos resultados.

Destaques financeiros e operacionais da Raízen no 1T22

Receita salta 98% no 1T do ano-safra

Segundo o relatório divulgado pela Raízen, a receita operacional líquida gerada no primeiro trimestre (1T) deste ano-safra foi de R$ 37,544 bilhões, o que representa uma forte alta de 98,4% em relação ao 1T de 2020.

"Iniciamos o nosso ano fiscal 2021/22 com forte expansão do EBITDA Ajustado, apesar dos desafios enfrentados com o aumento do número de casos de Covid-19 no início do trimestre e pelos impactos da seca em nossa produção de cana-de açúcar. Aceleramos as vendas nos segmentos de Renováveis e Açúcar com preços crescentes. No segmento de Marketing & Serviços, vimos uma retomada gradual da demanda por combustíveis ao longo do período no Brasil, enquanto na Argentina a demanda seguiu estável", disse a administração pelo relatório divulgado.

Ebitda salta e totaliza R$ 1,7 bi

Disparando, o ebitda ajustado da Raízen entre abril a junho de 2021 foi de R$ 1,766 bilhão ante R$ 143 milhões no primeiro trimestre do ano-safra passado.

Segundo o relatório da Raízen, o forte resultado no ebitda foi causado por "melhor performance em [produtos] renováveis e açúcar e retomada da demanda por combustíveis" no período.

Dívida líquida cai 9%

Segundo o relatório divulgado, o endividamento da Raízen ficou menor nos últimos doze meses. No primeiro trimestre do ano-safra 2021/2022 a dívida líquida da empresa ficou em R$ 16,238 bilhões, o que representa uma redução de 9,4%.

Com isso a alavancagem da Raízen, dada pela divisão entre dívida líquida/ebitda ajustado, caiu de 3,1 vezes para 2x no 1T, assim como pode ser visto na tabela abaixo, que traz os principais resultados financeiros:

Fonte: Raízen
Fonte: Raízen

Resultados por segmento da Raízen

A Raízen, atualmente controlada pela Cosan e Shell, é uma empresa cujas principais atividades ocorrem em três segmentos, sendo: renováveis, que inlcui produtos como etanol; açúcar; e marketing & serviços que compreende a distribuição de combustíveis e serviço de proximidade (lojas de conveniência, por exemplo) no Brasil e na Argentina. Sabendo disso, veja agora os principais destaques das linhas de negócio da Raízen no primeiro trimestre do ano-safra 2021/22.

Renováveis

Impulsionado por alta nos preços de etanol e bioenergia no período, o ebitda do segmento renováveis foi de R$ 480 milhões no 1T, sendo mais do que o dobro do resultado atingido no mesmo trimestre de 2020.

Além disso, segundo a Raízen, o segmento também contou com aumento de 21% nas vendas de etanol próprio, o que ajudou o ebitda. De outro lado, as vendas totais do produto caíram 20% quando comparado com o ano-safra anterior.

De outro lado, a venda de energia elétrica registrou uma importante alta de 37% no final de junho de 2021, "acelerado pela operação de revenda & trading", explicou a empresa.

Açúcar

Segundo o relatório divulgado, a Raízen teve uma explosão em vendas de açúcar no primeiro trimestre do ano-safra 2021/22. A quantidade foi de 1.641 milhão de toneladas de açúcar, contando com alta de 24% no preço médio do produto.

A receita líquida de açúcar chegou a R$ 2,989 bilhões no 1T ante um bilhão de reais no mesmo trimestre de 2020.

Marketing & Serviços

Dentro do segmento, a linha Proximidade foi expandida no período por meio de abertura de 140 novas lojas de conveniência nos últimos doze meses, segundo a Raízen. Com isso, a rede fechou o mês de junho de 2021 composta por 1.372 unidades ativas espalhadas entre Brasil e Argentina.

"Apesar das medidas de isolamento social ainda bastante rígidas no início do 1T’22, o desempenho nos mercados de combustíveis que atuamos foi marcado pela recuperação gradual da demanda a patamares mais próximos da normalidade pré-pandemia", explica a Raízen pelo relatório divulgado.

A quantidade de combustível vendida pela Raízen entre abril a junho de 2021 chegou a 8 milhões de metros cúbicos, sendo uma alta anual de 36%.

Nas últimas semanas, foi anunciada uma aquisição da operadora paraguaia Barcos y Rodados por US$ 130 milhões, marcando a entrada da Raízen no mercado de marketing & serviços do Paraguai. Com a operação, a rede de 350 postos de revenda de combustíveis da Barcos y Rodados ganhará o selo Shell.