A Saraiva Livreiros (SLED3) anunciou que seus credores aprovaram em assembleia na segunda-feira, 7 de março, o Segundo Aditivo ao Plano de Recuperação Judicial, que será submetido agora à homologação da 2ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais do Foro Central da Comarca de São Paulo (Juízo da RJ). Em 2018, a Saraiva e sua controlada, a Saraiva e Siciliano, anunciaram balanços comprometidos e entraram em recuperação judicial.

"O presente Segundo Plano Aditivo prevê a realização de medidas que objetivam a reestruturação das dívidas das Recuperandas, a geração de fluxo de caixa operacional necessário ao pagamento da dívida e a geração de recursos necessários para a continuidade das atividades das Recuperandas, devidamente dimensionadas para a nova realidade do Grupo Saraiva, após os impactos da pandemia global da COVID-19", consta no documento a ser analisado pelo Juízo da RJ.

A primeira etapa da recuperação judicial, isto é, o Primeiro Plano Aditivo, que foi aprovado em 2021, não chegou ao fim, pois dependia de alienação de unidades da Saraiva, sendo: UPI Mista, UPI Lojas ou UPI Site, operação que não houve a habilitação de interessados para a aquisição das UPI's.

A crise da Saraiva em meio à pandemia da covid-19

Segundo o documento, a Saraiva - que já estava com dificuldades econômicas, mercadológicas e financeiras - encontrou ainda mais barreiras durante a pandemia da covid-19, com o fechamento dos comércios em meio ao isolamento social.

Pelo documento assinado pelos advogados da companhia, é explicado que os principais fatores causadores da crise do Grupo Saraiva foram os seguintes:

  • Grave crise econômico-financeira no Brasil desde meados de 2014, que afetou o varejo ao diminuir o poder aquisitivo dos consumidores;
  • Greve dos caminhoneiros ocorrida em 2018, ano em que o Grupo caiu;
  • Desabastecimentos de fornecedores de telefonia e tecnologia;
  • Desabastecimento junto aos principais fornecedores de livros;
  • Problemas com a implantação do sistema SAP;
  • Escassez de crédito bancário.

" Além desses fatores que levaram o Grupo Saraiva
a apresentar seu pedido de Recuperação Judicial, as suas atividades foram diretamente
impactadas pela recente e continuada pandemia da COVID-19, ensejando, diante dessas
circunstâncias extraordinárias, a necessidade de aditivos ao Plano Original", consta no documento.

A estratégia de recuperação da Saraiva

Com os últimos conflitos, a Saraiva agora entra em seu segundo plano de recuperação judicial, que prevê o seguinte:

  • Reestruturação do passivo do Grupo Saraiva;
  • Preservação de investimentos essenciais para a continuação da Saraiva e sua controlada, como meio de geração de fluxo de caixa para a manutenção das atividades e o pagamento dos credores;
  • Alienação de UPIs para fins de levantamento de recursos para
    pagamento de credores.

Assim, destaca-se no plano da Saraiva a busca por venda de ativos para trazer recursos e assim pagar as dívidas. "As Recuperandas poderão, a qualquer momento após a Homologação do Segundo Plano Aditivo, alienar quaisquer ativos de sua propriedade organizados sob a forma de unidade produtiva isolada [UPI]", consta no documento.

Saraiva tenta vender loja do Shopping Ibirapuera

Após a aprovação do Segundo Aditivo, a Saraiva e sua controlada vão preparar a Loja Shopping Ibirapuera para ser alienada.

Segundo o documento, haverá um processo competitivo para a venda da UPI Loja Shopping Ibirapuera, dividido em até três etapas que ocorrerão sequencialmente já no ato de abertura dos envelopes com as propostas enviadas por interessados na unidade, sendo elas:

  1. Durante a primeira etapa serão admitidas apenas propostas fechadas em dinheiro e à vista, no valor mínimo de R$ 41,926 milhões;
  2. Caso os recebidos não cheguem ao valor mínimo acima, a segunda etapa será acionada e exigirá apenas propostas fechadas em dinheiro e à vista, no valor mínimo de R$ 29,348 milhões;
  3. Da mesma forma, caso a segunda etapa não seja possível, haverá ainda uma terceira etapa, mas validando apenas pagamento em dinheiro ou em Créditos Não Sujeitos (créditos detidos por credores e financiadores da Saraiva), no valor mínimo de R$ 29,348 milhões, sendo que cada R$ 1,00 em Créditos Não Sujeitos equivalerá a R$ 1,00 em dinheiro.

Ações da Saraiva na B3 após aprovação do novo plano

Entre 11h e 12h de 7 de março, as ações da Saraiva (SLED3) chegaram a ter alta de 27,8% em meio à reunião com credores para deliberação do novo plano de recuperação judicial, indo de R$ 13,75 a R$ 17,58 - e as ações fecharam o pregão com alta de 30%.

Entretanto, os papéis acabaram fechando o pregão de terça-feira, 8 de março, já com queda de 6,48%, aos R$ 15,00.

Em 2021, as ações do tipo ordinária da Saraiva (SLED3) caíram 65,76% na Bolsa de Valores de São Paulo (B3), segundo os registros. Mas, neste momento, a SLED3 apresenta alta acumulada de 9,81% em 2022.

- Veja na íntegra o segundo aditivo ao plano de recuperação judicial da Saraiva.