Como está a sua saúde financeira? Você gostaria de melhorá-la? Aposto que muitas pessoas não têm certeza da resposta para a primeira pergunta e outras tantas responderiam "sim" para a segunda. Pois saiba que a Federação Nacional dos Bancos (Febraban) acaba de lançar uma ferramenta que promete ajudar com essas duas questões.

Trata-se do Índice de Saúde Financeira do Brasileiro (I-SFB/FEBRABAN) que foi desenvolvido em cooperação técnica com o Banco Central e compartilhado com o público nessa segunda-feira, dia 19 de julho. Também participaram de sua elaboração, membros do Sistema Financeiro Nacional e acadêmicos que estudaram protocolos internacionais sobre o tema.

De acordo com a Febraban, o novo indicador nasceu a partir da mais abrangente pesquisa já realizada no país sobre o tema e "se destina aos que têm vida financeira ativa, especialmente àqueles que querem melhorar sua saúde financeira, incluindo todos os cidadãos, empresas e entidades que apoiam e investem em educação financeira".

Como funciona

O indicador permite um diagnóstico individual para identificar vulnerabilidades e personalizar estratégias de educação financeira. Além disso, proporciona uma análise agregada da vida dos brasileiros, contribuindo, assim, para o aperfeiçoamento de políticas públicas e de ações privadas.

Com esse diagnóstico, o indivíduo pode avaliar o que é capaz de fazer para melhorar suas finanças pessoais e aumentar sua saúde financeira. Pode também mensurar sua saúde financeira ao longo do tempo e compará-la com a média brasileira.

Mas o que é saúde financeira?

Em linhas gerais, de acordo com a explicação oferecida pela própria Febraban, ter saúde financeira compreende:

  • Ser capaz de cumprir as obrigações financeiras correntes;
  • Ser capaz de tomar boas decisões financeiras;
  • Ter disciplina e autocontrole para cumprir objetivos;
  • Sentir-se seguro quanto ao futuro financeiro;
  • Ter liberdade de fazer escolhas que permitam aproveitar a vida.

Como saber meu índice?

Para saber seu índice, basta entrar no site indice.febraban.org.br e responder a um questionário. São, ao total 18 perguntas, 15 delas obrigatórias e três questões opcionais.

Em seguida, o usuário pode salvar suas informações. Tudo o processo pode ser feito de forma anônima e gratuita por qualquer pessoa.

A partir desse questionário, O I-SFB é medido. Ele permite calcular uma pontuação que vai de 0 a 100. Com esse número em mãos, a pessoa verifica em que nível de saúde financeira está, em uma classificação que vai de ruim a ótima.

Modelo Brasileiro

"A educação financeira é um instrumento fundamental para as pessoas, para a sociedade, para o setor bancário e, principalmente, para a economia brasileira do século 21. Já há consenso de que ter cidadãos com maior consciência, orientação, informação e engajamento em torno de sua vida financeira tem efeitos positivos para todos os setores econômicos", diz Isaac Sidney, presidente da FEBRABAN.

Tendência mundial, o índice já foi implantado em países como Estados Unidos, Escócia e Cingapura. Fundamentados em protocolos internacionais, a FEBRABAN e o Banco Central analisavam o tema desde 2017.

O meticuloso processo reuniu, no último ano, um grupo de mais de 70 especialistas - das áreas bancária, acadêmica, integrantes do Sistema Financeiro Nacional como o setor cartão de crédito, birôs de crédito, empresas de leasing, especialistas em educação financeira e planejadores financeiros - que estudaram os mais respeitados conceitos sobre o assunto.

Assim foi criado um indicador totalmente ajustado à realidade brasileira, que aponta um retrato da saúde financeira alcançando as dimensões de habilidade, comportamento, segurança e liberdade financeira.

A maior diferença do modelo brasileiro para os internacionais está na importância da base socioeconômica da população, o que tem influência tanto no sentimento de segurança financeira, como também na habilidade para se informar e na capacidade de se engajar em bons comportamentos.

Por exemplo: uma pessoa organizada, que controla suas contas e tem conhecimento e disposição para poupar, pode não ter dinheiro sobrando no fim do mês devido à realidade de seu dia a dia. O I-SFB leva tudo isso em conta.

Pesquisas

Para implementação do I-SFB/FEBRABAN foi feita a pesquisa mais abrangente sobre a vida financeira do brasileiro de todas as classes socioeconômicas, nas cinco regiões do país.

Resultado: o índice médio de saúde financeira do brasileiro adulto é de 57 pontos, numa escala que vai de 0 a 100. Assim, todos os brasileiros poderão medir sua saúde financeira, compará-la com as de pessoas em situação parecida e saber o que fazer para melhorá-la.

Uma sequência de pesquisas foi realizada para elaborar o I-SFB/FEBRABAN. Em fevereiro e março de 2020 começaram os testes cognitivos, ou seja, entrevistas em profundidade com jovens e idosos, inadimplentes e investidores, classes econômicas alta a baixa para avaliar a compreensão do questionário do índice.

Depois, em julho e agosto, foi a vez do pré-teste nacional com mais de 500 pessoas com representatividade nacional, para entender como cada protocolo, cada questão e a combinação desses itens funciona no contexto brasileiro.

Por último, de setembro a novembro, foi feita a pesquisa, por telefone, com 5.220 entrevistados, a partir da qual foi possível obter uma amostra do brasileiro maior de 18 anos.

Estresse X Bem-estar

Dessa média de 57 pontos para baixo, há uma área de maior estresse financeiro. Quando o I-SFB sobe, o estresse dá lugar à sensação progressiva de bem-estar financeiro. A pesquisa identificou a quantidade de brasileiros em cada faixa de classificação do I-SFB:

Créditos: Reprodução/Febraban
Créditos: Reprodução/Febraban

O padrão das respostas revela pessoas que lutam por uma vida financeira estruturada para fechar as contas do mês e a difícil missão que é ter reservas para as emergências. Os entrevistados apontam a necessidade de mais informações sobre finanças, incertezas quanto à maneira como lidam com o dinheiro e insegurança quanto ao futuro.

Em resumo, a situação dos brasileiros pesquisados:

  • A grande maioria paga suas contas, mas vive um limite justo entre renda e gastos;
  • Raramente sobra dinheiro no fim do mês;
  • Convivem com estresse por causa dos compromissos;
  • Poucos se sentem capazes de reconhecer um bom investimento;
  • Poucos conseguem perceber quando precisam de orientação sobre como lidar com seu dinheiro;
  • Sentem que não estão garantindo o futuro financeiro;
  • Admitem que outro jeito de lidar com o dinheiro permitiria aproveitar melhor a vida.

O retrato dessa pesquisa é indicativo de que ferramentas de diagnóstico como o I-SFB, junto com educação financeira, podem ser aliados desse brasileiro no alcance de uma vida com menos estresse e melhor bem-estar financeiro.