Pirâmide Financeira: a Polícia Federal (PF) cumpriu na manhã de quinta-feira, 3 de outubro, um mandado de prisão preventiva e dois de busca e apreensão em uma nova etapa da Operação Poyais, em Curitiba.

Com isso, está preso Francisley Valdevino da Silva, de 37 anos, mais conhecido por outros nomes: Francis da Silva, "Sheik dos Bitcoins" e Sheik das criptomoedas". Os apelidos são devidos aos meios luxuosos de vida do acusado nas redes sociais.

Francis levantou várias empresas pelo país e o destaque é a Rental Coins, que se apresentava como uma plataforma de aluguel de criptomoedas. Foi decretada a falência da sociedade pela justiça do Paraná em outubro desse ano.

Um levantamento feito pelo InfoMoney nos tribunais de Justiça mostra que os valores somados das ações chegam a R$ 100 milhões. Como alguns casos estão em segredo de Justiça, e há processos em outros estados, o montante pode ser ainda maior. Francis da Silva é investigado desde 2016.

O mandado de prisão foi expedido contra o homem, acusado de crimes financeiros no mês passado e que, segundo a PF, descumpriu medidas cautelares.

A Operação Poyais estourou em outubro e apurou crimes contra a economia popular e o sistema financeiro nacional, fraudes com criptoativos no Brasil e no exterior, estelionato, lavagem de capitais e organização criminosa.

Além de criar e manter um esquema de pirâmide com criptomoedas, que prometia por contrato pagamentos recorrentes, os envolvidos também são acusados de comercializar as plataformas e sistemas virtuais que usavam nos golpes para terceiros interessados na prática de crimes semelhantes.

Sobre a prisão do Sheik das criptomoedas

Após a intervenção em outubro, o Sheik dos Bitcoins passou a ficar na mira da PF - e de investigação no exterior -, sendo proibido de administrar suas empresas.

Entretanto, segundo apurou a PF, Francis da Silva desobedeceu e seguiu tendo vínculos com seu grupo econômico.

"A partir de diligências policiais, foi possível identificar que o investigado, dias após a deflagração da operação policial [em outubro de 2022], passou a realizar encontros frequentes, em sua residência nesta capital, com funcionários de suas empresas. Uma das empregadas é a gerente financeira de seu grupo, ao passo que outro empregado identificado é o responsável pelo designer gráfico das plataformas virtuais criadas pelo investigado para prática das fraudes", detalhou a PF em nota.

"Por conta disso, considerando a atualidade e periculosidade das ações do investigado, o qual, mesmo solto, continuou a criar e gerir plataformas virtuais usadas para promoção de esquemas de pirâmides financeiras, a prisão preventiva foi decretada pela Justiça Federal também para garantia da ordem pública e econômica, buscando-se, assim, o fim da atividade delitiva", disse a Polícia Federal.

Golpe de R$ 4 bilhões

A investigação afirmou que Francisley conseguiu movimentar um valor de R$ 4 bilhões das vítimas, apenas no Brasil. Assim como já foi visto em outros casos de pirâmides, famosos também perderam dinheiro com o esquema.

Entre as vítimas do Sheik dos Bitcoins está a filha da apresentadora brasileira Xuxa, Sasha Meneghel e seu marido, o cantor gospel João Figueiredo. Recentemente, o casal iniciou um processo na justiça acusando Francisley a agir de má-fé. A perda chegou a R$ 1,2 milhão.

"Sheik dos Bitcoins" já foi sócio de Silas Malafaia

O jornal O Globo apurou e anunciou em junho desse ano que o "Sheik dos Bitcoins", Francis da Silva, era sócio do pastor gospel Silas Malafaia em uma empresa chamada AlvoX.

Segundo disse o pastor ao jornal, a sociedade era para um negócio de venda de livros gospel e não tinha relação com criptomoedas.

Enquanto ele [Francis] investiu nessa editora, não teve uma reclamação de que ele deixou de pagar alguém. Quando ele deixou de pagar, eu cai fora da sociedade", disse Silas Malafaia em vídeo publicado no YouTube.

Silas afirmou também que nunca fez qualquer indicação para que seus fiéis investissem em criptomoedas. "No ano passado, alertei o povo da minha igreja para ter cuidado com ganho fácil", disse.

"[Francis] sempre se mostrou bondoso, prestativo e muito religioso", disse ao jornal O Globo um ex-amigo do "Sheik" que levou um golpe de R$ 600 mil.

Rental Coins no Reclame Aqui

No Reclame Aqui, famoso portal de denúncia e relacionamento com empresas, a Rental Coins do Sheik dos Bitcoins conta com 1459 reclamações ativas atualmente.

Destaque para usuários que relatam vencimento de contrato e um dinheiro que nunca é pago.

"Fiz um investimento na rental em 01/12/2021, com promessa de 6% de rentabilidade; somente o primeiro teste de retirada de aluguel funcionou, de 150,00. Todos os meses tentamos tirar os aluguéis, mas todo mês é algo diferente que dá errado, ou não era o dia certo (porque eles não informavam o dia para solicitação do saque) ou alguma outra coisa", relatou um cliente da empresa em setembro de 2022.

Fontes: Agência Brasil e Polícia Federal.