Essa quarta-feira, 15 de junho, chega ao fim com a notícia de mais uma elevação da taxa básica de juros da economia brasileira: agora a Selic está em 13,25%. A decisão foi tomada pelo Comite de Política Monetária (Copom) durante a quarta reunião de 2022 iniciada ontem, dia 14, e encerrada hoje.

Esse foi o 11º aumento consecutivo da taxa que iniciou 2021 em 2%, o menor patamar de sua história. Mas a expectativa era mais ou menos essa mesmo, segundo o mercado financeiro e o próprio Banco Central, que ao fim da última reunião, já havia sinalizado mais essa elevação.

Última elevação?

A expectativa era de que essa fosse a última delas. O mercado financeiro e o próprio Copom também já previam uma desaceleração do ritmo de aumentos e uma estabilização da Selic agora, em 13,25%, até o fim de 2022.

No entanto, tudo isso ainda depende de vários fatores. Nesse momento, há uma série de acontecimentos que mantém economistas de todo mundo alertas, como a guerra no leste europeu e do nervosismo no mercado financeiro internacional, especialmente em relação à elevação da taxa de juros nos Estados Unidos.

Diante disso o Copom anunciou na nota divulgada às 18h36 dessa quarta-feira que:

"Para a próxima reunião, o Comitê antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude. O Comitê nota que a crescente incerteza da atual conjuntura, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação"

Ou seja, novos ajustes podem, sim, vir a acontecer, porém, eles devem seguir em ritmo de desaceleração.

O que é a Taxa Selic?

O termo Selic é uma sigla, e significa Sistema Especial de Liquidação de Custódia. Ele é responsavel por registrar todas as operações relacionadas aos títulos escriturais do Tesouro Nacional. O que acontece é que boa parte destes ativos é comprada pelos grandes bancos. Por lei, eles são obrigados a direcionar uma porcentagem de seus depósitos a uma conta do BC.

O volume de operações bancárias em um único dia é muito grande. Ao somar o montante de todas as instituições, o total é ainda maior. Então, o BC impõe que os bancos devem fechar o dia com o caixa equilibrado. O objetivo é evitar excesso de dinheiro em circulação, e, consequentemente controlar a inflação.

Para isso, as instituições fazem empréstimos entre elas. Há uma taxa de juros e também a emissão de títulos de curtíssimo prazo (1 dia). Assim, é feita uma média ponderada e ajustada que é divulgada diariamente. Ela é a taxa Selic Overnight. No ano, ela é a taxa Selic anual.

Por isso, a Selic é tida como a taxa básica de juros da economia, pois ela é utilizda como base para todas as demais taxa de juros e serviços financeiros. E assim também que ela ajuda, normalmente, a conter a inflação, pois quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança.

Por que a Selic vem sendo elevada?

Quando o Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. O lado ruim é que desse modo as taxas mais altas podem dificultar a recuperação da economia.

Por outro lado, quando o Copom reduz a Selic, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle da inflação e estimulando a atividade econômica. Foi exatamente isso aconteceu ao longo de 2020 quando a Selic chegou a 2% ao ano, patamar mais baixo de sua história desde o início da série histórica, em 1996.

E agora o Brasil vive um momento bem difícil. Com a instabilidade econômica que se instalou, em função da pandemia, situação que vem resultando, inclusive, em uma recessão técnica da economia como um topo, já que o PIB vem caíndo nos últimos dois trimestres, o ideal seria ter uma Selic mais baixa para estimular o consumo. Isso não é possível, porém, por nos últimos 12 meses, a inflação já acumula uma alta de 10,54%.

Dessa forma, o Copom vem elevando a Selic com o objetivo de tentar controlar essa inflação. Nesse cenário, não há como escapar, de uma forma ou de outra ela vai impactar no seu bolso.