A Associação Brasileira de Combate a Falsificação (ABCF) pediu à Polícia Federal e ao MPF uma investigação sobre um suposto desvio de material de dentro da Casa da Moeda. Esse material seriam as tintas utilizadas na impressão das novas notas de R$ 200. O material é importado da Suiça e foi desviado para uma empresa de São Paulo, que pode acabar parando nas mãos de criminosos.

A empresa suiça venceu a licitação para oferecer a tinta para que a Casa da Moeda imprima as novas notas de 200 reais. No fim de agosto, a representante da empresa aqui no país, Ceptis, informou que recebeu uma denúncia de que o material estava sendo desviado de dentro da Casa da Moeda, o que configuraria crime contra a propriedade material e intelectual da empresa que tem um rígido controle no desenvolvimento e fornecimento deste tipo de material, principalmente por ser usado em dinheiro físico.

A reportagem foi apresentada pelo Jornal Hoje da Rede Globo e a denúncia é grave. A receptora dessas tintas seria a Sellerink, empresa que fica em São Paulo e também participou da licitação para o fornecimento do material. Assim, com as amostras poderia ter acesso ao conteúdo e fórmulas deste e produzir as tintas das novas notas de R$ 200, colocando a segurança nacional em xeque.

Casa da Moeda confirma saída de tintas

A Casa da Moeda confirmou que forneceu o material a SellerInk e que isso já havia acontecido em outras ocasiões e nega qualquer irregularidade. O Superintendente do Departamento de Matrizes da Casa da Moesa, Alexandra Grilo, negou que isso fosse irregular:

"É uma prática comum entre as empresas e a própria Ceptis já recebeu tintas da Sellerink. A gente já tem inclusive, devoluções para a Ceptis, que ainda está tentando "acertar" essa tinta, sendo que nós tivemos problemas com esse fornecedor e assim tivemos que ter uma contingência local para não parar a produção", disse Grilo.

Já o Sindicato Nacional dos Moedeiros diz que não é comum insumos de produção saírem da Casa da Moeda. Roni Oliveira, presidente do órgão, disse ainda que: "Quando há problemas na produção é feita uma comunicação com a empresa responsável por esse insumo [essa tinta], um técnico é chamado para averiguar a situação. Nunca houve uma situação assim de haver saída de um insumo para outras empresas", frisou.

A ABCF já reuniu os documentos e enviou à PF e ao MPF para investigação da possível fraude. Sendo a tinta o principal insumo da produção, com esse material, outras gráficas clandestinas poderiam imprimir tranquilamente as novas notas de R$ 200, um grave crime contra a segurança e o Tesouro Nacional.