Uma das notícias que mais tem chamado a atenção no fim dessa semana é o bloqueio no Canal de Suez, uma via navegável artificial localizada no Egito e que é uma das principais rotas do comércio e transporte de produtos mundial. O bloqueio foi causado por um gigantesco navio cargueiro que encalhou no canal na última terça-feira, dia 23 de março. Um dos maiores problemas desse acontecimento é que ele já está afetando a economia mundial e pode afetar ainda mais.

O navio tem o nome de Ever Given, ele pertence à empresa japonesa Shoei Kisen Kaisha, tem 400 metros de comprimento - quase a altura do edifício Empire State - e um peso de mais de 200 mil toneladas. Ele saiu da China e estava indo em direção ao porto de Roterdã na Holanda. A embarcação contava com 25 tripulantes, todos indianos, e ninguém se feriu.

A informação divulgada é a de que ele encalhou durante uma tempestade que teve fortes rajadas de vento, que bateram na lateral do navio, fazendo com que o capitão perdesse o controle. Assim ele terminou atravessado no canal que possui 365 metros de largura.

O trabalho de desencalhe do navio pode levar ainda vários dias ou mesmo semanas.
E o problema não é apenas o navio encalhado, mas as centenas de outros navios que já se enfileiram esperando para poder passar pelo local.

Para se ter uma ideia, por dia, US$ 9,5 bilhões em mercadorias costumavam ser transportadas pelo canal. São, em média, 51 navios por dia. Nessa sexta-feira, 26, a fila já havia ultrapassado 200 navios, entre eles, alguns com mercadorias variadas, outros com petróleo.

Remoção difícil

A Shoei Kisen Kaisha disse estar tentando solucionar a situação o mais rápido possível. Engenheiros marítimos e de resgate vêm fazendo tentativas de desprender a embarcação utilizando barcos rebocadores, no entanto, o trabalho tem se mostrado "extremamente difícil" e por isso, ainda não há uma previsão de quando será possível liberar o canal novamente.

Uma das expectativas é em relação a alta da maré na próxima semana, o que deve facilitar um pouco a operação.

"Pedimos sinceras desculpas por causar tanta preocupação aos navios no Canal de Suez e aos que tentam passar por ali", disse a Shoei Kisen Kaisha em comunicado oficial.

Consequências

Uma das consequências mais óbvias causada por esse problema é o aumento na dificuldade de transporte de mercadorias por via marítima. Como dito acima, há diversos navios parados esperando o desencalhe do Ever Given para poder passar pelo canal e há outros tantos que tiveram que aumentar a sua rota para se desviar do problema.

Só que quando falamos em desvio de rota, em muitos casos estamos falando de um aumento de 9 mil quilômetros. Isso porque a alternativa ao Canal de Suez para chegar ao Ocidente é contornando o Cabo da Boa Esperança no Sul do continente africano.

Por isso, o frete de produtos via marítima já sofreu um grande aumento nesses últimos dias. O impacto disso será o aumento do preço de todos os produtos que forem transportados por esses navios.

Com o canal trancado e com o caminho alternativo sendo tão mais longo, outra consequência que deve começar a ser sentida em breve será o desabastecimento. Entre os produtos que passam pelo Canal de Suez estão desde alimentos básicos até animais vivos, além de matérias-primas para a produção de outros diversos produtos. E segundo os especialistas, ainda que a Europa seja a primeira atingida, esse desabastecimento será sentido em todo o mundo.

As commodities também deverão ser muito afetadas pelo encalhe do navio, em especial o petróleo e o gás natural liquefeito que são muito transportados por essa via marítima. Só na última quarta-feira, 24, os preços mundiais do petróleo já subiram mais de 6%. Na quinta-feira, 25, eles chegaram a ter uma leve queda, bem como nessa sexta-feira, 26. A tendência, porém, é de mais aumentos com a demora na resolução do problema.

Além delas, empresas que utilizam como matéria prima a celulose também já declararam que podem vir a ter problemas em breve.

O Canal de Suez

O Canal de Suez possui 193 quilômetros de extensão, 365 metros de largura e 24 metros de profundidade. Ele levou 10 anos para ser construído, entre 19859 e 1869. Sua maior importância está na conexão que faz entre o Oriente e o Ocidente e, por isso, é uma das rotas mais importantes do mundo.