Chamou a atenção nas redes sociais nos últimos dias a criação de alguns grupos no WhatsApp apelidados de "Grupos de Pix" ou ainda "Pix 1 real", entre outros. A finalidade desses grupos é recrutar pessoas, que pagam um valor, normalmente R$ 1,00 para entrar no grupo, e assim ganhar um dinheiro fácil.

O esquema funciona de forma semelhante ao sistema de pirâmide financeira, ou seja, você paga R$ 1,00, entra no grupo, passa a ser administrador dele e em seguida pode recrutar novas pessoas para fazerem parte desse grupo mediante pagamento de uma taxa de R$ 1,00. Quanto mais você recrutar, mais você ganha.

O problema é que essa, além de ser uma prática arriscada, também é ilegal segundo a Lei 1.521/51 e portanto proibida no Brasil. Aqueles que forem flagrados envolvidos em esquemas como esse podem até mesmo ser condenadas à prisão. Endenda um pouco melhor o caso.

O que é uma pirâmide financeira?

Um esquema em pirâmide ou, como também é chamado, uma pirâmide financeira, é um modelo comercial baseado no recrutamento progressivo de outras pessoas para participarem de um mesmo esquema. Algumas vezes esse sistema é mascarado pelo título de "marketing multinível".

Uma de suas principais características é a promessa de um retorno financeiro muito rápido com muito pouco trabalho. Isso porque o foco desse tipo de negócio, não é a venda de um produto ou serviço, mas a adesão de novas pessoas ao esquema e a exigência de que elas paguem um investimento inicial.

Com esse investimento, as pessoas que estão inseridas na pirâmide seguem recebendo, porque o dinheiro simplesmente percorre a cadeia. Enquanto houver pessoas entrando no esquema, o idealizador do golpe segue ganhando.

Porém, esse modelo de negócio é previsivelmente não sustentável, pois chega um ponto em que não é possível recrutar mais ninguém e então muitas pessoas saírão perdendo. Na imagem abaixo, é demonstrado um sistema de pirâmide e é possível ver que em poucos níveis, para que fosse possível continuar lucrando com o esquema, os participantes da pirâmide ultrapassariam a população do planeta.

Esquema de pirâmide demonstrado em imagem. Créditos: Wikipédia
Esquema de pirâmide demonstrado em imagem. Créditos: Wikipédia

Em função dessa realidade em muitos países esse tipo de negócio é ilegal. E esse é o caso do Brasil. Aqui a Lei nº 1.521/1951 determina que a prática é um crime contra a economia popular justamente por lucrar em cima de outras pessoas por meio de especulações e fraudes.

A pena para esquemas de pirâmide é de seis meses a dois anos de detenção e multa.

Os grupos do WhatsApp

No caso dessa onda que surgiu no WhatsApp, os particantes dos grupos convocam pessoas para a pirâmide principalmente pelas redes sociais oferecendo a possibilidade de enviar um link caso elas tenham interesse em fazer parte do negócio.

Não raro, na tentativa de atrair mais pessoas, são compartilhadas imagens de extratos bancários com vários Pix de R$ 1,00. Também são comuns posts chamativos, com letras maiúsculas destacando o quanto alguém ganhou de forma muito fácil, ou seja, tentando destacar a atratividade do esquema.

Assim que alguém entra em contato demonstrando interesse, é enviado um link do grupo para essa pessoa é solicitado que ela faça um Pix e depois envie o comprovante da transferência. Assim, ela têm o acesso ao grupo liberado para arregadar mais participantes

Num primeiro momento, esse negócio pode até parecer lucrativo, afinal paga-se muito pouco para participar dele (nos casos em que é cobrado R$ 1,00). O problema é que depois que a pessoa pagou e entrou no grupo, ela vai ter dificuldades para conseguir mais pessoas que paguem a ela. Assim ela acaba perdendo tempo e dinheiro.

Cuidado com transações online

Outro aspecto importante, que devemos chamar a atenção, é para o cuidado que se deve ter com qualquer tipo de transação online. Entrar em grupos com dezenas ou centenas de pessoas estranhas pode expôr você e seu número de telefone.

Além disso, ao participar desse esquema você pode acabar fornecendo dados seus que podem ser utilizados por pessoas mal intencionadas. Quando você for passar o seu Pix para uma pessoa que não conhece muito bem, por exemplo, nunca passe a chave que contém o seu CPF ou algum documento seu. Nesses casos, se for realmente necessário, passe uma chave aleatória.

Também é preciso estar atento para tentativas variadas de golpes online. Antes de passar qualquer informações, converse um pouco mais com a pessoa, procure saber mais sobre o negócio oferecido, fique atento para erros na escrita pois mesmo através das redes sociais, uma empresa séria vai procurar sempre escrever corretamente e não vai se negar a passar qualquer informação.

Se você tem dúvida em relação a um negócio, antes de tomar a decisão, compartilhe com alguma pessoa de confiança a ideia, a proposta que lhe foi feita. Juntos, às vezes é mais fácil identificar um esquema golpista.

Além disso, sempre suspeite de promessas de dinheiro muito fácil e rápido e de esquemas de recrutamento de pessoas. Lembre-se que essa prática é criminosa e que você pode se complicar.

O que diz o WhatApp

Atendendo a um questionamento feito pelo G1, o WhatsApp respondeu dizendo que:

"não permite o uso do seu serviço para fins ilícitos ou não autorizados, como violar direitos de terceiros, incitar ou encorajar condutas ilícitas e inadequadas, incluindo a coordenação de danos reais. Se um usuário viola os Termos de Serviço ou as Políticas do aplicativo, o WhatsApp pode tomar medidas em relação a esta conta, como desativá-la ou suspendê-la.

O aplicativo também encoraja que os usuários reportem condutas ou contatos inapropriados diretamente nas conversas, por meio da opção "denunciar" disponível no menu do aplicativo (menu > mais > denunciar).

Mais informações sobre os Termos de Serviço do WhatsApp podem ser encontradas aqui: whatsapp.com/legal/updates/terms-of-service".