Dados divulgados pela B3 nessa segunda-feira, 12 de julho, mostram que as vendas financiadas de veículos no primeiro semestre de 2021 somaram 2,9 milhões, cerca de 597 mil unidades a mais em relação ao primeiro semestre de 2020, o que representa uma alta de 26%.

Apenas no mês de junho, as compras a prazo somaram 516 mil unidades, o que representa 33,8% de acréscimo em relação ao mesmo mês de 2020. No segmento de motos, o crescimento foi ainda maior. Foram registrados 87 mil financiamentos durante o mês, aumento de 64,5% comparado a junho de 2020, quando foram realizados 53 mil financiamentos.

Esse dado mostra que os brasileiros estão recorrendo bastante a essa alternativa na hora de comprar um veículo novo. Mas tem uma pergunta que não quer calar: será que vale a pena? Para respondê-la, o Poupar Dinheiro reune nesse artigo tudo o que você precisa saber sobre financiamentos, como prós e contras, tipos e características. Veja só:

Será que vale a pena?

Que muitas pessoas recorrem ao financiamento nós já sabemos, mas diante dessas informações a gente pode se perguntar: será que vale a pena financiar um veículo?

Sabemos que os financiamentos costumam ter taxas de juros altas, o que pode aumentar siginificativamente o valor do veículos. Pensando nisso, o Poupar Dinheiro foi atrás de algumas informações que podem te ajudar a tomar essa decisão.

Prós e contras

Entre as principais vantagens de fazer um financiamento para comprar um veículo está a possibilidade de realizar o sonho do carro novo sem ter que esperar tanto pelo momento da compra em comparação com a opção de juntar o dinheiro.

Além disso, depois de estar com o carro, você terá várias facilidades. É bom ter um carro para se locomover na hora que precisar para onde precisar sem depender de transporte coletivo urbano ou de terceiros, não é mesmo?

Por outro lado, como já dissemos, existem as taxas de juros, muitas vezes altas. Também é preciso considerar que, enquanto você junta dinheiro você tem mais liberdade para destinar mais ou menos valor para esse seu "fundo do carro novo". Por outro lado, se você tem um financiamento, parte do seu salário estará necessariamente comprometido e não há o que fazer.

Todo o carro também exige manutenção. Os novos precisarão passar por revisões periódicas para que não percam sua garantia e os semi-novos ou usados precisam também de menutenções periódicas por causa do desgaste natural das peças do veículo.

Também é preciso colocar na balança o preço dos combustíveis atualmente. Só em 2021 eles já acumula uma alta de mais de 24% o que torna esse conforto e essa facilidade um pouco caros. E há ainda os impostos, como o IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores).

Você conseguirá pagar as parcelas do financiamento, mais as revisões e manutenções, mais o combustível e ainda os impostos? Isso tudo precisa ser pensado.

Tipos de financiamento

Outra informação que você precisa ter em mãos é que existem vários tipos de financiamento. Antes de optar por um deles é preciso entendê-los para ver qual faz mais sentido pra você e qual tem as melhores vantagens. Tudo depende da sua situação, dos valores que você pode disponibilizar, entre outros fatores.

Os principais são tipos são o Crédito Direto ao Consumidor, o leasing e os consórcios. Veja um pouco mais sobre cada um deles:

CDC

O Crédito Direto ao Consumidor é uma das modalidades mais comuns. É aquele em que a instituição financeira empresta o valor em dinheiro necessário para comprar o veículo. Para isso, porém, é estabelecida uma taxa de juros e um número X de parcelas. Depois de assinado o contrato os valores se mantêm até o final.

O lado bom é que você sabe que a sua parcela não aumentará ao longo do tempo. Por outro lado, você também não poderá negociar o valor delas. Outro ponto negativo é que, caso você fique inadimplente, a instituição financeira poderá entrar com uma ação judicial para tomar o carro e leiloá-lo para quitar a dívida e as despesas judiciais. Nessa caso, se sobrar algum dinheiro, ele é devolvido ao contratante.

Leasing

Essa é uma forma de financiamento de carro no qual a instituição financeira vai "alugar" o veículo para você, ou seja, o veículo só passa para o seu nome quando você terminar de pagar todas as parcelas dele. Nesse caso, as taxas também são definidas na assinatura do contrato e se mantêm as mesmas.

A instituição financeira também poderá entrar com uma ação judicial para retomar o veículo nos casos de atraso significativo do pagamento. Contudo, nesse caso o contratante não receberá qualquer valor de volta.

Consórcio

O consórcio de veículos é bastante comum, porém, muitas pessoas têm dificuldade de entender como é seu processo por ele ser um pouquinho mais complexo. Ele nada mais é do que uma modalidade de crédito na qual pessoas se juntam para cada uma pagar uma parte do bem, como se fosse uma poupança coletiva.

Seu funcionamento é exatamente ao contrário do financiamento normal em que você pega o dinheiro emprestado e, depois, paga com juros, ou seja, você paga o banco antes de comprar o bem e tem o dinheiro para comprar à vista. Mas também tem a opção de ser contemplado em um sorteio e receber o bem antes. Nesse caso, você continua pagando após a contemplação.

Veja só como funciona:

  • você escolhe o valor do credito que deseja obter e indica o período de tempo que deseja para quitar esse crédito (sim, você escolhe, e isso podde ser uma boa vantagem;
  • a partir disso, você passa a fazer o pagamento regular do seu consórcio, mesmo ainda não estando com seu veículo em mãos;
  • você também pode dar lances. Eles aumentam as suas chances de ser contemplado e por meio deles você pode adiantar algumas parcelas;
  • no decorrer do período escolhido para pagamento, você pode ser sorteado e receber a chave do seu veículo;

Nesse caso não se cobram juros, contudo é necessário pagar uma taxa de administração que é reajustada todos os anos. Se o contratante não pagar as parcelas, ele ficará impedido de participar dos sorteios mensais.

Outro ponto negativo é que pode levar mais ou menos tempo para ser contemplado pelo consórcio, porque isso é feito através de um sorteio (você precisa contar com um pouquinho de sorte). Também pode ser contemplado aquele que der o maior lance. Sim, como num leilão: quem der o maior valor, leva a carta de crédito.

Caso você desista no meio do processo, é possível resgatar seu dinheiro já pago ao consórcio.

Como funcionam os financiamentos de carro?

Cada insituição financeira tem diferentes ofertas de juros de financiamento de carro e isso geralmente é determinado na assinatura do contrato. Na maioria dos casos eles se mantém da primeira até a última parcela, mas, em geral, são bem altos.

Além disso, financiamento de carros novos costumam ter taxas de juros mais baixas do que as de carros semi-novos, sabia? Vale sempre dar aquela boa pesquisada antes de tomar uma decisão ou escolher com qual insituição você vai fazer o financiamento.

Vale lembrar ainda que o recomendado é nunca comprometer mais do que 30% da sua renda em um financiamento. Inclusive, a maior parte das instituições financeiras vai pedir documentos seus, como comprovantes de renda e outros gastos que você tenha (outros financiamentos, por exemplo), para avaliar se o financiamento pode ser liberado ou não.

Também é importante ter um score de crédito bom. No caso do financiamento de carro, um bom score é acima de 700. Isso facilita na hora de liberar o financiamento, mas se você não o tem, saiba que é possível aumentá-lo.

Outras alternativas

Mas saiba que o financiamento não é sua única alternativa, ou que, pelo menos, você não precisa financiar todo o valor. Existem algumas coisas que você pode fazer para ajudar o seu bolso na conquista desse sonho. Veja só:

Dar uma boa entrada

Um boa opção sempre é dar uma boa entrada. Se você não pode esperar para comprar o veículo à vista, tente, ao menos juntar uma quantia razoável para dar de entrada. Assim você diminui o valor a ser financiado, diminui a quantidade de parcelas e diminui a quantidade de juros que você terá que pagar no fim das contas.

E se você investisse o valor que juntou?

Outra alternativa é pegar esse valor que você está juntando e, ao invés de deixar em uma conta poupança, investir em renda fixa ou variável. Essa é uma alternativa que exigirá bastante estudo, mas que pode render bons frutos.

Se bem aplicado, você poderá aumentar sua rentabilidade, o que vai facilitar o acúmulo de dinheiro, seja para dar uma boa entrada ou para comprar o carro à vista dependo da pressa que você tem ou não.

Existem várias formas de investir, opções para perfís desde os mais arriscados até os mais conservadores e todos eles costumam ser mais vantajosos do que a poupança ou do que as contas digitais que rendem 100% do CDI apenas.

Há, inclusive, alguns investidores que sugerem que é melhor investir todo o dinheiro que você puder, durante vários anos, viver com a renda proveniente deles, e nem comprar o carro pois sairá mais em conta utilizar um aplicativo de transportes quando necessário. Você já pensou nisso? Pra algumas pessoas isso soa um pouco radical, mas talvez, colocando na balança as suas necessidades a longo prazo, essa seja uma alternativa pra você também.

Agora você já sabe quais são os prós e contras do financiamento de veículos e pode tomar uma decisão com mais segurança, sabendo se eles são uma boa opção ou não para você.