Após o registro de alta de 0,67% em julho, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial do país, teve uma queda de 0,68% em julho. Desta forma, o país registrou uma deflação, o que nada mais é que uma inflação negativa, e a primeira após 25 meses consecutivos de alta nos preços. Já no ano, a inflação acumulada é de 4,77%.

No acumulado dos últimos 12 meses, a taxa teve uma desaceleração para 10,07% contra 11,89% que ocorreram nos 12 meses anteriores. Com isso, os especialistas econômicos estão fazendo de tudo para conter esse "furacão" antes que a situação saia totalmente do controle.

Mas afinal, o que a inflação alta tem a ver com a recessão econômica? Veja a seguir.

Como a inflação alta influencia na recessão?

No momento que a inflação é desencadeada, os Bancos Centrais elevam as taxas de juros, o custo do crédito, fazendo com que a compra de bens e serviços fique desencorajada para o consumidor. A esperança é que os preços caiam com o fato da redução do consumo.

Desta forma, a inflação fica mais controlada, porém, o crescimento econômico desacelera. E, caso a desaceleração fique muito grande, a economia congela e o país tem muita chance de entrar em recessão.

Com isso, as autoridades acabam ficando sem muitos caminhos e tentando descobrir até quando é possível aumentar os juros sem que a economia fique sufocada demais.

Essa falta de equilíbrio entre a inflação e a recessão é o que faz com que os economistas tentem resolver o problema de um lado, sem piorar o outro.

Inflação ou recessão: o que causa mais danos?

Na verdade, a pergunta certa é: "qual deve ser enfrentado primeiro?" Um país que deseja manter a estabilidade macroeconômica não deve arcar com uma inflação alta. Na verdade, a recessão é um problema menor do que a inflação que persiste na economia, já que a inflação é mais complicada de superar na maioria dos casos.

Quando há uma inflação alta crônica, a sociedade acaba tendo muitos custos, e isso não está relacionado apenas à crise econômica, pois acaba criando tensões sociais, onde os trabalhadores exigem aumentos recorrentes de salários, os aluguéis acabam tendo que ter aumentos e os empresários aplicam elevações de preços repetidas vezes.

O que difere uma da outra é que, se por um lado a inflação demora muito tempo para ser controlada, a recessão consegue ser superada mais rapidamente. Nos últimos 50 anos, houve um espiral inflacionário que desencadeou uma recessão. É possível enfrentar uma recessão sem implicar na inflação, mas a inflação acaba levando a uma crise econômica.

Onda inflacionária na América Latina

A América Latina vem sofrendo com uma onda inflacionária, onde países como o Chile, por exemplo, a inflação chegou à sua marca histórica de 13,1% (a maior em quase 30 anos), seguida do Brasil e Colômbia, superando os dois dígitos.

No caso do México e Peru, a espiral inflacionária é um pouco menor e também sofreu com os preços elevados, deixando uma grande ferida nos setores mais vulneráveis da sociedade. Já a Argentina, que também enfrenta um problema crônico de inflação, tem um aumento de 64% no custo de vida anual.

Desta forma, os bancos centrais da região estão aplicando aumentos históricos nos juros, a fim de aliviar a pressão.
Quando a economia está em situação favorável, os governos costumam estabelecer metas de inflação entre 2% e 4%.

No Brasil, no entanto, as taxas de juros estão em 13,7%, enquanto no Chile, o custo de empréstimos aumentou para 9,7% (uma marca histórica).

Quem acaba sendo afetado pela inflação?

Tecnicamente, a inflação acaba tendo efeitos de um imposto sobre a parte mais pobre da população, que tem pouco dinheiro guardado e, geralmente trabalham no setor informal, com a mínima capacidade de proteger o poder de compra.