A empresa Cerradinho Bioenergia protocolou em 20 de agosto um pedido de registro de Oferta Pública Inicial de ações, ou Initial Public Offering (IPO), junto à Comissão de Valores Mobiliários, CVM, que é a responsável por analisar e autorizar esse tipo de operação no país, dentre outras.

Ainda em fase inicial, apenas uma minuta do prospecto preliminar do IPO está à disposição do mercado, sendo que as informações mais detalhadas, como o potencial financeiro da oferta, deve ser divulgada em breve, caso a operação saia conforme o planejamento inicial.

Mas já é possível saber, por exemplo, que o IPO da Cerradinho Bionergia contará com ofertas primária e secundária de ações, e que a empresa solicitou à B3 uma listagem no segmento Novo Mercado, que exige altos padrões de governança corporativa.

Foram contratados como coordenadores do IPO o Itaú BBA, que é o coordenador-líder, a XP Investimentos como agente estabilizador e o BTG Pactual.

Cerradinho Bio planeja ir à B3 e lançar nova planta

Para ir à Bolsa de Valores, a B3 no caso do Brasil, a empresa precisa realizar o IPO. Como regra, em uma distribuição primária os recursos captados são destinados aos cofres da empresa, pois ela é a vendedora de ações. Por sua vez, na distribuição secundária sempre algum acionista da empresa coloca à venda ações de sua titularidade, recebendo o dinheiro com isso.

Assim como foi dito acima, o IPO da Cerradinho Bio contará com vendas primária e secundária, desta forma conclui-se que parte do dinheiro levantado irá para a empresa e outra quantia chegará nas mãos do acionista vendedor, que é a Cerradinho Participações, segundo o documento divulgado.

Pela minuta do prospecto preliminar, a Cerradinho Bioenergia disse que pretende usar todos os recursos líquidos captados no IPO para construção da nova planta de etanol e milho na cidade de Maracaju, no Mato Grosso do Sul (MS).

Segundo a Cerradinho Bio, a nova planta será feita no chamado "modelo greenfield" e precisará de um investimento de R$ 1,4 bilhão, segundo as projeções da empresa.

"O projeto prevê capacidade de moagem de milho de 1.100 mil toneladas de milho por ano (6 milhões equivalente em toneladas de cana), com produção de 510 mil m³ de etanol hidratado", disse a Cerradinho Bio.

Tendo como base as etapas de licença e engenharia, as obras da nova planta de etanol e milho devem começar no primeiro semestre de 2022, sendo que o início das atividades na indústria está prevista para setembro de 2023.

Vale mencionar que uma outra empresa do setor de bioenergia já fez IPO em 2021 e estreou na B3, sendo a gigante Raízen (RAIZ4), empresa do Grupo Cosan que também atua em outras linhas, como distribuição de combustível.

Um pouco sobre a Cerradinho Bio

Com operações iniciadas em 2010, a Cerradinho Bioenergia é uma das principais produtoras de bioenergia da América Latina. Segundo dados da ANP, a empresa é a maior termelétrica de biomassa do Brasil, com uma capacidade de exportação de energia de 850 GWh por ano.

Controlada pela holding Cerradinho Participações, que é dona de mais três empresas, a Cerradinho Bio possui uma subsidiária; a Neomille produtora de produtos feitos do milho, como etanol e componentes para ração animal.

Atualmente, a Cerradinho Bio fica na cidade de Chapadão do Céu, no estado de Goiás, onde opera duas plantas produtivas de etanol e derivados; uma usa a cana-de-açúcar como suprimento, e a outra, milho.

Também segundo o documento protocolado na CVM, a empresa tem hoje capacidade para moer quase 9 milhões de toneladas de cana, tendo foco na produção do biocombustível etanol e de energia sustentável por cana-de-açúcar e milho.

A Cerradinho Bioenergia, que diz estar "bem-posicionada e ser referência no mercado brasileiro sucroenergético e de biocombustíveis", segundo o documento na CVM, produziu 647 mil metros cúbicos de etanol na safra de 2021/22, com destaque para a cana, e exportou 472 GWh de energia.

Fonte: Cerradinho Bioenergia/CVM.
Fonte: Cerradinho Bioenergia/CVM.

A Cerradinho Bio registrou uma receita líquida de R$ 1,6 bilhão na safra de 2020/21, considerando as últimas três safras é o do dobro. Por sua vez, a dívida líquida da empresa na safra 20/21 era de R$ 536 milhões, uma redução de 13% quando comparado com a safra anterior, dando à empresa uma alavancagem de 0,8 vez o ebitda ajustado.