No dia 17 de novembro teve início uma importante fase da oferta pública inicial (IPO) do Nubank: o período de reservas de BDRs. Aqueles investidores que estiverem interessados em adquirir "pedacinhos" do banco, poderão fazer suas ofertas. O prazo seguirá até o dia 7 de dezembro.

Ainda de acordo com o prospecto divulgado para investir no IPO, também é necessário seguir os valores mínimo e máximo pré-estabelecidos, de R$ 30,00 e R$ 300 mil respectivamente, na oferta de varejo.

Outra data importante será o 8 de dezembro, dia em que os BDR's deverão ser precificados pelo Conselho de Administração do Nubank. Já a estreia na bolsa de valores, a B3, ocorre no dia seguinte, 9 de dezembro. O Nubank será negociado com o ticker NUBR33.

- Confira aqui mais detalhes sobre o IPO do Nubank e o calendário completo da oferta inicial.

Mas uma pergunta que sempre surge é: vale a pena entrar nesse IPO? Pensando em te ajudar a tomar essa decisão vamos trazer aqui as análises já divulgadas pelos principais especialistas e os prós e contras apontados por eles. Quer conferir? Siga a leitura.

Alguns dados sobre o Nubank

O Nubank é uma startup brasileira fundada em 6 de maio de 2013 por David Vélez Vagner S.Teves Jr., Edward Wible e Cristina Junqueira. Seu segmento de atuação é conhecido como fintech e seu foco sempre foi o segmento financeiro.

Seu primeiro produto, lançado em 2014 foi um cartão de crédito com a bandeira da Mastercard sem anuidade totalmente controlado pelo smartphone. Hoje já há vários desses cartões e eles são, na verdade, quase que o padrão, mas para a época, caso você não se lembre, isso foi muito inovador. As pessoas pagavam taxas bem altas todos os meses para ter cartões dos bancos tradicionais, o que dificultava muito a vida de boa parte da população.

E na verdade, o oferecimento de cartão é até hoje o seu carro chefe. No entanto, ao longo dos anos o Nubank foi recebendo aportes (inclusive internacionais, por parte de grandes investidores) e foi desenvolvendo uma série de ferramentas. Foram lançadas opções de investimento com rendimento maior do que o da poupança, cartão da linha "black" como é o caso do Ultravioleta, serviços de seguros, empréstimos, entre outros.

Mais recentemente, a fintech comprou a Easynvest, uma das mais antigas e tradicionais corretoras de investimentos do Brasil, e a transformou na Nu invest. Também fechou parcerias com outras empresas no desenvolvimento dos mais variados produtos e serviços, incluindo nisso, brinquedos para pets, como o NuDog, um cartão mastigável.

O Nubank também atendeu ao apelo das redes sociais, chamando para o seu time, por exemplo, a cantora Anita. Aliás, a estratégia digital do banco é realmente muito boa. Ele é visto com muito bons olhos, especialmente pelos mais jovens, por seguir com um conteúdo divertido, interagindo com internautas de forma leve e como resultado, seu custo médio de aquisição de clientes (CAC) é um dos mais baixos do mundo com apenas R$ 26,75 nos primeiro 9 meses de 2021.

Seu LTV/CAC, ou seja, seu retorno em relação ao custo para adquirir cada cliente, consequentemente, também tem resultados bem impressionantes, de 30x. Vale dizer que atualmente a companhia possui cerca de 9,6 milhões de seguidores e 44 milhões de impressões.

Hoje ela também conta com 48,1 milhões de clientes sendo 35,3 milhões de clientes ativos mensais, além de atividades no Brasil, Colômbia, México, Argentina, Alemanha, Uruguai e Estados Unidos. Sua receita total é de R$ 2,534 milhões e um crescimento anual de receita de 198%. Estima-se que 5,1 milhões de pessoas tiveram acesso a uma cota bancária ou a um cartão de créditos pela primeira vez com o Nubank.

Detalhes da oferta pública inicial

  • Número de ações ofertadas em oferta primária: pouco mais de 289,2 milhões de ações ordinárias classe A, sem considerar ações adicionais e suplementares;
  • Faixa de preço indicativa para a ação: US$ 8,00 a US$ 9,00 por ação;
  • Proporção estimada para os BDRs: 6 BDRs para cada ação (6:1);
  • Faixa de preço indicativa para o BDR: R$ 8,00 a R$ 9,00 por BDR;
  • Valor da oferta: US$ 2,6 bilhões, considerando o meio da faixa indicativa de preços e sem considerar ações adicionais e suplementares;
  • Período de reserva: De 17/11/2021 a 29/11/2021 para pessoas vinculadas; e de 17/11/2021 a 07/12/2021 para pessoas não vinculadas, apenas através da NuInvest;
  • Encerramento do procedimento de Bookbuilding: 08/12/2021;
  • Liquidação financeira: 10/12/2021;
  • Início da negociação na B3: 09/12/2021.

Dados atualizados após as mudanças no prospecto do IPO, no dia 30 de novmebro de 2021.

Destinação dos recursos do IPO

Com os recursos a serem captados na oferta, o banco afirma que pretende utilizá-los de acordo com o apresentado abaixo. Tal estimativa foi baseada na captação de um montante líquido de US$ 2,95 bilhões.

  • 25% para capital de giro;
  • 25% para despesas operacionais;
  • 25% para despesas de capital;
  • 25% para investimentos e aquisições potenciais.

O que dizem os analistas?

O Nubank é um queridinho dos brasileiros e isso lhe dá muita força, ainda que a maior parte dos seus clientes não seja ainda investidora. Porém, até nisso o banco pensou já que está oferecendo BDRs gratuitos para uma boa parcela deles, além de um conteúdo de educação financeira voltado para investimentos, com o objetivo de iniciar muitas pessoas nesse universo.

Mas isso por si só não faz um IPO, não é mesmo?

Para a Capitalizo, uma das primeiras a divulgar análise do prospecto do IPO do Nubank, essa atitude do banco, de distribuir BDRs mostra um caráter inovador e o forte crescimento apresentado nos últimos anos, especialmente no último trimestre, quando a empresa reportou lucro pela primeira vez em sua história, é bastante positivo.

Inclusive, a Capitalizo acredita que o alto potencial de crescimento, aliado a fidelidade dos clientes e à diversificação de produtos são algumas das vantagens competitivas do roxinho. Os fatores de risco, por outro lado, são a dificuldade na expansão de mergens e os riscos relacionados ao crédito.

Ele é considerado um dos maiores entre os bancos digitais e a perspectiva é de que continue trazendo inovações o que atrai as atenções para ele com muita frequência, ampliando sua gama de clientes em muitos serviços. E por isso, a recomendação da Capitalizo é para participar do IPO, com ressalvas.

"Recomendamos a participação no IPO do Nubank, até o preço máximo da faixa indicativa (US$ 11,00 para cada ação ordinária classe A e o equivalente para cada BDR, hoje estimado em cerca de R$ 10,29)", destacou.

Vale lembrar, pórém, que com as mudanças no prospecto, anunciadas no dia 30 de novembro, a faixa indicativa caiu para entre R$ 8 e R$ 9.

Outro analista que vê o IPO do Nubank com bons olhos é o CEO da Planner, Alan Gandelman. Para ele, o fato de o Nubank ser um precursor do mercado e contar com uma boa reputação, além de bons números do balanço, são pontos muito favoráveis. Ele lembra também que o aporte feito por grandes investidores como o próprio Warren Buffet é outro indicador importante.

Alguns analistas, porém, veem o IPO do Nubank com mais ressalva. Seu principal argumento é o de que ele vem bastante "salgado", mesmo com a diminuição do valuation de US$ 50 bilhões para US$ 41,5 bilhões. Essa avaliação era tida como alta demais especialmente na comparação com outros grandes bancos, como por exemplo o Itaú, que é a maior instituição financeira do país, que entrega lucros e dividendos consistentes há décadas, mas que vale "apenas" US$ 40 bilhões, na cotação atual.

Com os ajustes feitos nesse fim de novembro, e o valuation ajustado para US$ 41,5 bilhões, apesar de ser bem mais próximo do valor do Itaú - para seguir utilizando esse exemplo -, o Nubank conseguiu se aproximar um pouco mais do que seria o ideal para esses analistas. Entretanto, ainda assim eles seguem achando que o Nubank está relativamente caro, considerando o baixo lucro que ele ainda tem.

Foi o que disse a equipe da Suno. Em atualização de sua análise, divulgada nessa terça-feira, 30 de novembro, o grupo afirmou que "a alteração não foi significativa o suficiente para alterar nosso racional. Desse modo mantemos nossa orientação ao investidor para que fique fora do IPO".

Em seu relatório, porém, a Suno assume que "se compararmos o Nubank com bancos tradicionais brasileiros, ele está estratosfericamente caro. Em relação aos bancos digitais brasileiros, parece um tanto caro. Mas, se o compararmos com outros bancos digitais ao redor do mundo, o preço está bastante em linha". Por outro lado, a Suno diz que "não é porque o mercado [internacional] está pagando que nós iremos pagar".

O fato é que, na análise da Suno, ainda que o Nubank tenha um grande potencial de crescimento no setor de corretagem, com a aquisição da Nu invest, com a dristribuição dos BDRs e com a possível conversão de muitos clientes do banco em clientes da corretora, "os cenários competitivos do Nubank se tornam cada vez mais difíceis. Principalmente na parte de banking, com a expansão de outros bancos digitais, a reação de bancos tradicionais e a entrada de bancos digitais estrangeiros".

Além da Suno, a analista Danielle Lopes da Nord Research também não recomenda a entrada nesse IPO. Ela acredita que há uma falta de crescimento de lucro para o Nubank e avalia que nesse mesmo segmento, empresas como BTG Pactual e XP Investimentos talvez possam ser alternativas melhores, com resultados históricos mais positivos.

Os analistas Rodolfo Amstalden, Richard Camargo e Ruy Hungria, da Empiricus pensam de forma muito semelhante. Em documento divulgado recentemente, eles ressaltaram que "emprestar dinheiro é fácil. O difícil é receber de volta, dentro do prazo e com os devidos juros", referindo-se aos serviços que vêm sendo prestados pelo Nubank.

A lógica trazida pelos analistas é a de que instituições financeiras mais tradicionais possuem uma aprimorada expertise em relação à gestão de riscos e concessão de crédito, o que potencializa seus resultados. Porém, para eles, a solução também não é voltar para os bancos tradicionais. Eles acreditam que, a longo prazo, devem se sair melhor aqueles bancos que conseguirem aliar a tecnologia e a inovação com a robustez financeira dos "bancões".

Voltando ainda para o grupo dos que acreditam que o IPO do Nubank possa ser um bom negócio, vale destacar ainda o argumento de Vitor Miziara, sócio da Criteria Investimentos. Para ele a comparação do Nubank com grandes bancos não faz tanto sentido. "O Nubank não está sendo precificado como um banco, mas sim como empresa de tecnologia, o que explica o múltiplo maior", apontou.

Heloïse Sanchez, da Terra Investimentos, também acredita no banco a longo prazo dizendo que embora o valor pareça bastante alto, a empresa ainda tem muito para crescer. "O Nubank ainda aposta na proposta do educacional, sendo a favorita no público mais jovem, principalmente por ter sido efetivamente o primeiro banco digital." A aquisição da Easynvest, segundo ela, traz novas possibilidades, novas receitas e, consequentemente, novos lucros.

Conclusão

Então, a decisão sobre investir ou não só cabe a você. De fato, muitos analistas apontam para o preço da oferta inicial, considerando-o muito alto em comparação com o pouco lucro que ela deu até hoje. Por outro lado, se você investe olhando mais a longo prazo e acredita na empresa e em seu potencial, talvez seja uma boa alternativa pra você.

Pense bem e, qualquer que seja a sua decisão: bons investimentos!

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